2016
Independente
Nacional
Nota: 10,0/10,0
Músicas:
1. Intro/Disperse
2. Resist
3. Volatile
4. Stay With Me a Little Longer
5. Breakthrough
6. The Prey
7. Leave the Coin, Get the Dice
8. Warhead
9. Liar
Banda:
Erico Groman - Vocais
André Cabral - Guitarras
Adriano Santana - Guitarras
Marcel Freitas - Baixo
Afonso Ramalho - Bateria
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Contatos:
Metal Media (Assessoria de Imprensa)
Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia
E depois de
um sumiço de alguns anos desde "Conscience", o EP que
apresentou o [MAUA], quinteto de
Technical Death Metal de Aracaju (SE), eis que eles retornam com tudo em seu
primeiro álbum, chamado devidamente de "Unconscience". E isso só
prova uma tese que este autor tem: o Nordeste do Brasil tem MUITO a dar ao
cenário brasileiro.
O trabalho do
quinteto foge ao convencional: antes de tudo, é bruto, agressivo e explosivo,
mas ao mesmo tempo, é muito bem trabalhado, com um ótimo nível técnico. Mas o
que os diferencia é que o balanço entre os dois lados se equilibra muito bem, e
sem mencionar que o grupo ainda é capaz de adicionar pontualmente algumas
melodias que acabam fazendo com que suas músicas fiquem marcadas em nossas
mentes, algo raro em termos de Metal extremo. Ou seja, parece que o grupo soube
se renovar em sua proposta, sem perder suas raízes. É excelente, marcante,
cheio de energia e o melhor de tudo: diferente e com muita personalidade.
A produção é
de Alex
Prado Souza e do próprio quinteto, que souberam dar aquele toque a mais
de classe ao som do quinteto, fugindo das gravações convencionais do gênero. A
sonoridade é cheia, brutal e opressiva, mas com ótima definição em termos
instrumentais (pois assim, se entende o que eles estão tocando), além de
buscarem timbres mais agressivos e voltados ao Death Metal, sem contar que
houve uma busca por timbres instrumentais mais atuais. E meus caros, é um murro
dos tímpanos, mas com muito bom gosto.
A arte gráfica
é de Said
Wajid Shaikh, com direção de Marcelinho Hora. A apresentação (usando
um formato Digipak ótimo e bem pensando) é muito boa, usando a simplicidade de
tons de preto, branco e cinza para mostrar algo mais opressivo. Já a capa é uma
arte que se emparelha bem com o título e letras do grupo.
Com a
temática versando sobre o inconsciente do ser humano e suas loucuras e atos,
ela se encaixa no trabalho técnico e de bom gosto do grupo, que também é muito
bem arranjado. Mas cuidado: não pense que isso deixou as músicas menos
agressivas. Garanto que muitas bandas tradicionais não chegam a ter a mesma
agressividade explícita do [MAUA].
Não sei se
caberia destacar esta ou aquela faixa, pois o quinteto caprichou. O disco está
excelente, de primeira, e cada uma tem seus méritos próprios.
"Disperse" - Após uma introdução calma (sempre o
prenúncio de uma tempestade), as guitarras da banda já começam uma saraivada de
riffs e solos de primeira. Se notarem, existem melodias de primeira nos solos.
"Resist"- Agora, é à vera! A banda já entra
com um trabalho de baixo e bateria poderoso, com tempos quebrados muito bem
conduzidos, e belas mudanças de ritmo. É bem diversificada em termos de
arranjos, verdade seja dita!
"Volatile" - mais uma vez, baixo e bateria
esbanjam nível técnico, enquanto os vocais capricham em mudanças de timbres,
indo do gutural ao rasgado sem pudores, fora alguns momentos declamados no
início. E como o ritmo fica se alternando entre momentos mais brutais e outros
mais bem trabalhados (e até mesmo melodiosos).
"Stay With Me a
Little Longer" - É direta no queixo, com direito a muitas alternâncias
de harmonias bem ricas em detalhes. O grupo esbanja categoria, com guitarras
ferozes em riffs de primeira. Mas reparem como baixo e bateria criam momentos
muito técnicos ótimos.
"Breakthrough" - Uma introdução opressiva dá a
partida, com guitarras em arranjos bem sinistros. Mas elas mesmas começam uma
avalanche de peso e tempos quebrados, para logo ficar rápida e brutal. E que
solos (mais uma vez, reparem que algumas melodias aparecem de forma bem sutil
neles).
"The Prey" - Algo mais tribal e orgânico permeia
esta canção que tem na cadência sua força. É azeda de doer, mas é justamente em
meio a tanta agressividade que eles mostram um trabalho diferente, cheio de
mudanças rítmicas que nos deixam boquiabertos.
"Leave the Coin,
Get the Dice"
- Outra repleta de variações de tempo, mas sempre mantendo a coesão e o peso. Há
algo de melancólico em certo alinhavo melódico de fundo. Mas os tempos são, na
maioria, mais cadenciados, onde os vocais se mostram perfeitos nessa versatilidade
de tons agressivos.
"Warhead" - Mesmo bem trabalhada, é uma das mais
simples do CD. Mas mesmo assim, o que baixo e bateria fazem na base rítmica é
algo memorável, digno de louvor. E que riffs (esses caras são muito criativos,
verdade seja dita).
"Liar" - O fechamento com chave de ouro. Mais
uma vez, o andamento é muito bem trabalhado, com um festival de bumbos duplos,
baixo técnico e guitarras insanas. Mas uma vez mais, os vocais mostram sua
versatilidade, usando alguns tons limpos em meio a urros guturais e rasgados de
primeira.
O [MAUA] é uma banda corajosa, e caprichou
no disco. E quem ganhou com "Unconscience" fomos nós,
fãs de boa música.
Um dos
melhores discos nacionais do ano, sem sombra de dúvidas!