2016
Nacional
Nota: 9,0/10,0
Texto:
Marcos "Big Daddy" Garcia
Cada vez mais, as bandas jovens buscam se diferenciar das
que vieram antes, e mesmo das que já existem. Estas são herdeiras da
mentalidade que guiou os criadores do Heavy Metal e todas as bandas grandes que
conhecemos: a necessidade de ter um trabalho próprio, diferente do que já
existe.
Este fator gera, vez por outra, bons nomes. E um que tem se
destacado bastante é o do VAN CANTO, grupo alemão que trabalha usando várias
linhas vocais diferentes em meio ao seu Power Metal, gerando um efeito
conhecido como Acappella (que nada mais é que o canto com várias vozes
diferentes, mas sem nenhuma intervenção instrumental, em geral visto nas
igrejas antigas, e originado a partir do canto gregoriano). Ou seja, temos o
que pode ser definido como Power Metal Acappella. E é justamente isso que
encontramos em "Voices of Fire", novo disco do grupo, e que a
Shinigami Records colocou no mercado nacional.
Van Canto |
A produção do disco foi feita de forma que ele soa limpo e
com cada detalhe claro aos nossos ouvidos, mas ao mesmo tempo, há uma dose de
peso bem evidente, sensível, e que nos leva a balançar a cabeça durante as
canções. Ao mesmo, o trabalho artístico da capa é algo belo, fora o layout e design
usados, mais um encarte com ótima apresentação, embora não seja algo muito
carregado ou complicado. É justo, apenas isso, e assim, ótimo.
O trabalho do VAN CANTO exige dos não acostumados certa paciência,
já que sua musicalidade cheia e pomposa não é tão fácil para ser digerida, e a
compreensão toma um tempo considerável. Mas grandes discos são assim, pois a
cada ouvida, um universo de diversidade musical nos aguarda em "Voices of
Fire", novos detalhes e arranjos são percebidos. E digamos de passagem: o
sexteto realmente caprichou em termos de composição.
Há algumas narrativas que precedem ou encerram cada uma das
faixas, fazendo com que o clima pomposo e medieval fique ainda mais denso.
Não existem "melhores faixas", já que "Voices
of Fire" é um disco ótimo como um todo, distante de qualquer crítica
negativa. Mas para certo preciosismo, podem começar em suas primeiras audições
pela excelente e pegajosa "Clashings on Armour Plates" (que bela
exibição de vocais, com cantos e contracantos perfeitos, em meio a boas
mudanças de ritmo), a mais introspectiva "Dragonwake" (recheada de
belas vocalizações femininas, adornadas por corais maravilhosamente intensos e
marcantes, tudo isso em um andamento mais cadenciado e pesado), a acessível
"Time and Time Again" (guiada principalmente por vocais masculinos, e
mais uma vez, cheia de mudanças de tempos muito boas, além de um providencial
solo de guitarra), a linda e bem trabalhada "Firevows (Join the Journey)"
(que já apresenta a estrutura vocal que o grupo chama de "rakkatakka",
ou seja, certas repetições onomatopéicas de sons de instrumentos musicais), a
muito bem trabalhada "The Betrayal", e a medieval "The Bardcall"
e suas lindas vocalizações assentadas sobre um trabalho ótimo de baixo e
bateria.
No mais, "Voices of Fire" merece palmas por ser um
disco ótimo, e o VAN CANTO se mostra uma banda diferenciada e de primeira
linha.
Músicas:
1. Prologue
2.
Clashings on Armour Plates
3.
Dragonwake
4. Time and
Time Again
5. All My
Life
6.
Battleday's Dawn
7. Firevows
(Join the Journey)
8. The
Oracle
9. The
Betrayal
10. We Are
One
11. The
Bardcall
12. To
Catharsis
13.
Epilogue
Banda:
Ross
Thompson - Vocais
Sly -
Vocais
Inga Scharf
- Vocais
Stefan
Schmidt - Vocais
Jan Moritz - Vocais
Bastian
Emig - Bateria
Contatos: