2016
Independente
Nacional
Nota: 8,5/10,0
Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia
Se um país no mundo é capaz de alterar a personalidade sonora de alguns gêneros, adicionando elementos diferenciados, e assim ampliando fronteiras, é o Brasil. Sem ufanismos ou viralatismos, raramente se vê um estilo de Metal aportar aqui e não ganhar uma diversidade sonora. E é isso que o quarteto TIMOR TRAILS, de Sorocaba, consegue em seu EP "Timor Trail", seu primeiro testemunho musical.
O quarteto faz um Doom/Stoner Metal pesado e bem influenciado por mestres como BLACK SABBATH, WITCHFINDER GENERAL, TROUBLE, CANDLEMASS e CATHEDRAL, não o algo a mais é simples: como os membros do grupo possuem um background de trabalhos musicais com bandas como BYWAR, PASTORE, LAUDANY e PERPETUAL PRISON, essas influências individuais foram se aglutinando de forma harmônica à sonoridade deles. Ou seja, temos uma forma híbrida, que une o peso e aura soturna do Doom/Stoner a toques agressivos e trabalhados, e isso tudo alinhavado por melodias muito boas. E é ótimo ouvir uma banda assim.
A produção da banda é bem simples, focando em timbres instrumentais mais próximos ao som natural e direto de cada instrumento, permitindo que aquele som mais sujo e gorduroso do Stoner fique evidente, mas mesmo assim, há uma diferença básica: a gravação do EP é mais clara e nada embolada, como muitas bandas de fora adoram. Aqui, tudo soa distorcido e sujo, mas em seu devido lugar e com uma clareza muito boa. Apenas os timbres da bateria poderiam ser um pouco melhores.
Timor Trail |
O TIMOR TRAIL tem outra característica interessante: fugir do ponto comum do gênero. Isso denota personalidade musical acentuada, além de espontaneidade quando se está compondo. Sim, o grupo não se prende à regras de como se faz Doom/Stoner, e isso se reflete em uma música dinâmica, que flui muito bem, e com arranjos bem feitos.
Em sete músicas, a banda evolui muito bem.
Citizen Kane - O peso é intenso, com riffs de guitarra intensos e gordurosos, e o ritmo é mediano, levando as nossas cabeças a balançar espontaneamente. Sem grandes exibições técnicas, vemos algumas mudanças de tempo muito boas.
Sweet and Cruel - Outra bem forte, com uma agressividade intensa no meio das melodias. E vemos um andamento um pouquinho mais rápido, mas mesmo assim, é uma música envolvente e que gruda em nossos ouvidos. E que belo trabalho de baixo e bateria.
Timor Trail - O lado mais soturno do grupo aparece, tornando esta uma canção soturna, embora existam toques mais melodiosos vindo nas guitarras. E é interessante ver o dueto de duas guitarras no gênero, algo pouco usual.
Finding the Goblin - Mais uma vez, o grupo lança mão de uma canção com uma atmosfera mais densa e pesada, com um trabalho muito agressivo nas guitarras e vocais azedos que encaixam perfeitamente na proposta do grupo.
Insane Fragments - Outra vez, a banda explora um lado um pouco mais melodioso e com um andamento dinâmico e empolgante. E é interessante observar a técnica da banda em arranjos simples, mas muito bem encaixados. E que solos!
When the Eyes Never Close - O andamento varia em termos de velocidade, mas justamente nos momentos mais lentos que vemos o brilho pessoal do quarteto, com riffs brutos e vocais azedos.
My Inner Evil - Aqui, temos uma faixa um pouco mais direta e seca, mais simples, e assim, as melodias se tornam mais evidentes e ganchudas. E vemos mais uma vez baixo e bateria muito bem, ao lado de riffs simples e cativantes.
Podemos dizer que o TIMOR TRAIL é uma excelente revelação de nosso underground.
Ansioso por um álbum inteiro do grupo!
Músicas:
1. Citizen Kane
2. Sweet and Cruel
3. Timor Trail
4. Finding the Goblin
5. Insane Fragments
6. When the Eyes Never Close
7. My Inner Evil
Banda:
Adriano Perfetto - Guitarra, vocais, sintetizadores
Ricardo Baptista - Guitarras
Cesar Lopes - Baixo
Edill Alexandrino - Bateria
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