7 de mar. de 2016

OPALA DE PRATA - Filho Feio (Demo EP)


2015
Independente
Nacional

Nota 7,5/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


O Rock é mesmo uma linguagem universal.

É diversificado, mutante, sempre se atualizando (para animar os pesadelos dos mais conservadores e puritanos), e assim, ele segue desde seu surgimento lá nos anos 50. E é interessante ver que, mesmo em cidades improváveis, ele surge do nada. E é este o caso do quinteto OPALA DE PRATA, vindos de Magé (interior do RJ), e que estréiam com o EP "Filho Feio".

Podemos perceber que o grupo aposta suas fichas em um Rock cru, sujo e visceral, que possui certa dose de peso, muita melodia e espontaneidade. É quase que um AC/DC um pouco mais metalizado, com uma música feita na garra e na coragem. E soa bem pegajoso, um deleite para os ouvidos cansados das músicas pasteurizadas dos dias de hoje. Aqui, tudo está soando cheio de vida e energia.

Opala de Prata
O único ponto fraco do EP é justamente sua gravação. Está suja e crua demais, e um pouco oca, lembrando os primórdios das gravações independentes no Brasil na primeira metade dos anos 80. Mas verdade seja dita: da cidade de onde o quinteto vem, fazer um trabalho desses é um verdadeiro triunfo, ainda mais de maneira independente, pois as dificuldades não possuem fim. Se por um lado ela poderia ser melhor (especialmente no quesito timbres, pois as guitarras mereciam um som mais gorduroso), ela não carece em clareza, pois se pode compreender tudo que o grupo está fazendo. E o trabalho gráfico é, propositadamente, desleixado, mostrando a personalidade crua e despojada desses sujeitos. Pelo visto, bom mocismo não é com eles.

Em termos musicais, o OPALA DE PRATA é uma banda que tende a evoluir, mas essa mistura de influências que a banda mostra em sua música que foge de complexidades desnecessárias, e aposta em algo mais direto e sem muitas firulas. Mas os arranjos são muito bons, a dinâmica instrumental é muito boa. 

Nada que Valha a Pena - Há uma dose de energia que mixa muito de Hard clássico com boas doses de peso. E se não fosse a gravação, se perceberia o poder de fogo das duas guitarras (os riffs são muito bons).

Ego Divino - Uma baladinha bem acessível e preenchida por uma atmosfera completamente "bluesy", onde os vocais se encaixam muito bem.

Meretriz - Curta e direta, é uma faixa divertida, onde o baixo se mostra bem no início. E uma ouvida na canção mostra que a base rítmica é boa, mesmo no meio desta simplicidade.

Vulgar Picture - Aqui, a banda pega um pouco mais pesado, mostrando riffs que lembram um pouco o Hard'n'Heavy da NWOBHM. E o uso do idioma bretão deixou a música um pouco mais solta que as anteriores.

Pai das Ilusões - A fórmula de peso cadenciado dá as caras no início, mas logo o andamento ganha um pouco mais de velocidade. Apesar da espontaneidade, ouvimos claramente um bom trabalho nos riffs e nos vocais (que podem dar uma melhorada dos timbres no futuro).

Oficina do Caos - Por ser uma canção bônus, a gravação aparenta ter vindo de um ensaio, abafada e ainda mais crua. Mas se percebe que o quinteto, como um todo, está muito bem, e sabendo o que quer de sua música. É uma canção grudenta e azeda nas mesmas medidas, e a base rítmica os vocais se mostram muito bem.

O OPALA DE PRATA tende a crescer e evoluir, pois o potencial deles é muito bom. E eu os saúdo com palmas, pela coragem de fazer um trabalho desse nível.




Músicas:

01. Nada que Valha a Pena
02. Ego Divino
03. Meretriz
04. Vulgar Picture
05. Pai das Ilusões
06. Oficina do Caos


Banda

Thiago Millôres - Vocais
Vitor - Guitarras
João Victor - Guitarras, backing vocals
Rodrigo "Kobé" - Baixo
Rique - Bateria, backing vocals


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