2016
Independente
Nacional
Nota: 8,0/10,0
Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia
Destaques: "Cradle of Heroes", "Injustice Revenge", "The Last Breath of a Brave", "Tales from a Forgotten Land/Blood, Lust and Damnation"
Em um país como o Brasil, onde o radicalismo serve como desculpa para acobertar a falta de uma visão mais ampla, ou mesmo alguma falta de personalidade, bandas das vertentes mais melodiosas nascidas em nosso próprio país sofrem muitos problemas. Mas isso parece ser combustível para muitas delas, que fazem trabalhos ótimos, nem que seja na marra. E podemos dizer que o HEVORA, de Teresina (PI) é um peso-pesado no assunto, pois lançaram o ótimo "Tales from a Forgotten Land" na base da raça.
Aqui vemos um Heavy/Power Metal feito com muito peso, e óbvia influência de BLIND GUARDIAN e IRON MAIDEN (sem ser uma cópia). Excelentes vocais (inclusive os backing vocals são ótimos), guitarras muito boas tanto nos riffs pesados e nos solos melodiosos, baixo e bateria vibrantes em uma base rítmica coesa e bem diversificada, e teclados encaixados perfeitamente. E a música deles possui um equilíbrio balanceado entre peso, melodia e agressividade, mas tendo seus momentos grandiosos. É um deleite.
Hevora |
Produzido por Mike Soares em conjunto com a banda, a sonoridade realmente poderia ser bem melhor em termos de timbragem. As guitarras ficaram um pouco encobertas, e o som está abafado. Mas tendo em vista que é um trabalho independente, está de ótimo tamanho, ainda mais no Brasil, combalido pela atual crise econômica. A arte, trabalhada em preto e tons de marrom, ficou muito boa, em um trabalho de bom gosto de Luís Felipe Rocha.
A verdade seja dita: se faltaram condições e investimento no estúdio, a banda compensa na criação de sete músicas excelentes. Os andamentos são bem diversificados, a dinâmica entre a parte instrumental e os vocais está em ótima forma, e tudo bem pensado, mas soando espontâneo e cheio de energia.
São elas:
Cradle of Heroes - Uma canção pesada, forte e bem trabalhada. O início tem alguns toques épicos (usando violões e tudo mais), até que as partes pesadas se iniciam, quase em uma marcha de guerra, cheia de bons corais e uso bem pensado dos riffs de guitarras. Mas se preparem, pois ela é recheada de mudanças rítmicas.
Memories of a Bloodshed - Os mesmos elementos da anterior estão presentes aqui. Mas o trabalho de baixo e bateria está perfeito, mostrando peso e intensidade, e diversificando a canção.
Injustice Revenge - Aqui, o clima é mais denso e pesado, quase como se transpondo para a música o conteúdo lírico. E é bom ver como a banda inteira se mostra bem, em especial as guitarras.
The Damned from the River - Outra canção focada em peso e andamento bem diversificado. Os vocais estão ótimos, preenchendo bem todos os espaços e usando uma boa diversidade de tons.
The Last Breath of a Brave - Que guitarras! A banda evolui bem durante a canção, devido às mudanças de ritmo coerentes e ao peso existentes. Mas verdade seja dita: as guitarras e os teclados estão em excelente forma aqui.
Rage of the Old Monk - Um pouco mais seca e direta, é uma faixa com maior agressividade, com o ritmo sendo um pouco mais cadenciado. Ponto para baixo e bateria, que estão muito bem.
Tales from a Forgotten Land/Blood, Lust and Damnation - Uma canção longa, dividida em duas partes. A primeira é mais arrastada, climática e pesada, com maior enfoque nas mudanças de vocais e mesmo presença de vozes femininas; a segunda é pesada, mas um pouco mais elegante, com belas incursões de teclados.
O HEVORA mostra em "Tales from a Forgotten Land" que tem potencial para ser um dos grandes nomes do gênero no nosso país. Uma produção melhor os ajudará, mas como esclarecido acima, música eles têm, e muito.
Recomendado sem medo.
Músicas:
1. Cradle of Heroes
2. Memories of a Bloodshed
3. Injustice Revenge
4. The Damned from the River
5. The Last Breath of a Brave
6. Rage of the Old Monk
7. Tales from a Forgotten Land/Blood, Lust and Damnation
Banda:
Allan Cleypton - Vocais
Carlos Del Prestes - Guitarras
Júnior Vieira - Guitarras
Leandro Sales - Teclados
Cláudio Luz - Baixo
Ivan Martins - Bateria
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