24 de jan. de 2016

Wake The Dead Festival (Mageense Futebol Clube - Magé - RJ - 23/01/2016)

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


Apesar da semana chuvosa, no dia do Wake The Dead Festival, a noite estava agradável, embora em intervalos uma garoa caísse dos céus.

E mais uma vez, tivemos um cast extremamente eclético, preço bem acessível, e a presença de um bom público. Torcemos para que a arrecadação de alimentos não perecíveis para instituições que cuidam de idosos e crianças abandonadas tenha sido satisfatória.

Realizado na sede do tradicional Mageense Futebol Clube, o festival tem como proposta uma fusão de estilos bem saudável. E como a cidade de Magé vive um pouco afastada, a polícia do "pode-não pode" não tem poder algum, logo, foi uma noite muito boa para beber, curtir  evento e aproveitar boa música com respeito. E mais: não foi registrada uma briga ou confusão.

Talvez isso mostre a potencialidade das cenas fora dos grandes centros do RJ.

A primeira banda a subir no palco foi o NEW DAY RISING.

New Day Rising

Destilando um Hardcore furioso e bem feito, Renato Rasta (vocal), Licco (guitarra), Maycon (guitarra), Caíque Xavier (baixo) e Felipe (bateria) mostraram uma presença de palco muito boa, e não se intimidaram com a tarefa de abrir o evento. Bem à vontade do palco, o quinteto mandou ver. Ponto para Renato, que se comunica muito bem e atiça o público. Músicas como "Killer" deixaram o público bem animado.

New Day Rising

Logo depois, veio o PUMPKINHEAD.

Pumpkinhead

Banda local (sim, eles são de Magé), eles retornam à ativa depois de quase 20 anos parados, destilando uma sonoridade que transita entre o Grunge pesado e denso à lá ALICE IN CHAINS com elementos mais azedos do BLACK SABBATH original, da época de seus primeiros discos. A banda precisa de um pouco mais de estrada para ficar um pouco mais justa, devido ao longo tempo fora da ativa. Mas nada que tenha comprometido a apresentação deles.

Muito, muito bom, apesar da reação do público não ser das melhores por conta do trabalho deles ser bem mais introspectivo e denso.

Outro que está voltando depois de um longo tempo parado é o quarteto SECOND COME, do Rio de Janeiro, que fez um show bem legal.

Second Come

F. Kraus (baixo, vocais), Fernando Kamache (guitarras), Kadu (bateria), e Maurício Mauk Garcia (guitarras) fazem um som realmente mais simples, voltado ao Noise e ao Grunge, mas cheio de energia e empolgante. E é bom ver que, apesar de alguns problemas com o som, a banda não se abateu e fez um show bem legal.

Um bom show, realmente.

Mas a surpresa da noite foi mesmo o quarteto BEEF, do Rio de Janeiro.

Beef
Com boa postura de palco, bem soltos, o quarteto mostrou a força de uma música mais intimista, pois o trabalho deles é um Folk Rock delicioso de ouvir, e que muitos dos presentes realmente gostaram.

Beef
É bem legal ver que o trabalho de Alexandre Marchi e Ricardo Nogueira embala o público, e que se adaptou ao contexto eclético do evento. E como é bom ouvir música assim, e vinda do disco "Live True".

Espero poder vê-los de novo!

Voltando a algo mais cheio de energia, veio a brutalidade do Hardcore do quinteto CONTRA TODOS, de Macaé (RJ).

Usando um "approach" um pouco mais moderno, próximo ao chamado Hardcore Beatdown, a violência sonora do grupo chega a doer os ouvidos dos mais incautos. Mas como é bom ouvir músicas assim, diretas e brutas, vindas do disco "Mãos que Constroem". Liu Heringer (vocais), André Camelier (guitarras), Júlio Cruz (guitarras), Matheus Cruz (baixo) e Adriano Marciano (bateria) ganharam mais fãs após este show, com certeza.

Mais um intervalo para todos poderem respirar um pouco, e o MAIEUTTICA sobe ao palco.

Maieuttica
Cuspindo seu Metalcore moderno e agressivo sobre a platéia, Allan Sampaio (vocais), Frank Lima (vocais), Rubens Junior (guitarras), Lucas Rodrigues (guitarras), Bruno Pinho (baixo) e Rômulo "Grilo" (bateria) fizeram um show com boa movimentação de palco, ótima comunicação por parte de Allan e Frank, que demorou duas músicas para aquecer e levantar o público. A desenvoltura da banda é ótima, e o sexteto se impõe muito bem com músicas como "Transição" (de seu vídeo mais recente). E como se já não fosse muito, Rodrigo Bizoro (baterista/vocalista do SAINT SPIRIT) subiu ao palco e detonaram uma versão bem azeda para "Roots Bloody Roots" do SEPULTURA.

Maieuttica

Ganharam o público e muitos fãs, tenham certeza. E que podem baixar material da banda de graça na página deles no Facebook.

Fechando o evento, veio o SAINT SPIRIT, que vomitou uma agressividade ímpar.

Saint Spirit

O Kraken de Belford Roxo (RJ) não deixou pedra sobre pedra, se impondo com músicas pesadas e bem feitas, uma mistura moderna do tradicional Thrash Metal que a banda sempre fez com um alinhavo DJent, graças ao uso de guitarra com oito cordas.

Rodrigo Bizoro (bateria, vocais), Clamer Lúcio (guitarras, backing vocals), e Daniel Lúcio (do FOLHAS DE OUTONO) fizeram um set bem barulhento, apostando nas músicas do último disco da banda, "Mea Culpa", de 2015, como a ótima "Release the Kraken", "Volt" e "City of Roses" (onde Frank do MAIEUTTICA participou, pois gravou a música com o trio), mas tocaram algumas mais antigas (como "Stupid Holy Nation").

Saint Spirit
Um ótimo evento, que realmente mostra uma nova realidade: a promoção de eventos fora dos grandes centros, que uma vez que estão tão comprometidos com a desunião e vícios antigos, pode ser que estes points e eventos mais afastados, com uma juventude muito boa, a coisa melhore e engrene de vez. Talvez o radicalismo infantil que persiste em atormentar o cenário possa, enfim, acabar.

No mais, parabéns à Allan Aguiar e toda a produção do evento, às bandas, ao público. E sim, Magé deu um show de educação e hospitalidade.

Ah, sim: fotos e vídeos do evento estarão em breve disponíveis no Facebook.
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