2016
Independente
Importado
Nota 8,5/10,0
Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia
Destaques: Seasons of the Dead, Cry All Night, Take Me Home, Isolated Man.
E os pais do Heavy Metal se preparam para sua despedida...
Sim, depois de mais 50 anos de atividade, o BLACK SABBATH anuncia sua última tournée mundial. Mas existia, na época do anúncio final da excursão em si, certo sentimento de amargura, pois a banda iria parar sem deixar um último disco, aquela despedida essencial. Mas para sanar isso, eis que o quarteto promove o lançamento de "The End", que será vendido durante os shows.
O que temos aqui é uma sobra das gravações de "13", ou seja, continuamos com a bateria de Brad Wilk (conhecido por seus trabalhos com AUDIOSLAVE e RAGE AGAINST THE MACHINE) como músico convidado. O estilo não mudou: é apenas o mesmo BLACK SABBATH de seus tempos iniciais, mais azedo e pesado. O que diferente um pouco dos resultados de "13", que causou polêmicas na época, é que a banda está com músicas bem mais inspiradas, realmente honrando seu passado. Nada exagerado no lado técnico, apenas sombrio, direto, soturno e pesado.
Black Sabbath (esquerda para direita: Bill, Tony, Ozzy, Geezer) |
Como dito acima, podemos dizer que "The End" se encaixa bem no estilo mais direto e pesado dos primeiros discos do grupo, a fase entre "Black Sabbath" e "Master of Reality", onde grupo ainda não se encontrava fazendo os experimentalismos técnico-musicais como visto entre "Vol. 4" até a saída de Ozzy. Direto e azedo, com ótimos refrões, se "13" tivesse sido assim, talvez o resultado pudesse ter sido bem melhor. Ou seja, estas quatro músicas mais uma vez provam que Rick Rubin, em termos de produção, precisa reaprender o ofício. Deixá-las fora de "13" foi um verdadeiro tiro no pé.
Season of the Dead - Extremamente lenta e fúnebre, com o canto de Ozzy preenchendo bem a canção e sem tentar alcançar os timbres agudos de outrora. Os riffs de Tony são clássicos, mostrando um lado um pouco mais simples, mas funcional.
Cry All Night - Aqui, temos uma canção com um pouco mais de groove e swing, graças ao trabalho de Tony e Geezer. O andamento não é tão lento, mas é uma canção sinistra e excelente. E o solo mais melodioso casou muito bem.
Take Me Home - Azeda até a alma, Geezer brilha nas quatro cordas em intervenções magistrais. Mas basta ouvirmos alguns toque de guitarra espanhola feitos por Tony que ficaram excelentes, lembrando um pouquinho o experimentalismo do "Vol. 4".
Isolated Man - Uma música tradicionalmente "Sabbáthica", com Ozzy cantando muito bem mais uma vez, e Tony caprichando nos solos. Nem muito lenta e nem muito rápida, com algumas mudanças rítmicas mais simples, mas isso sempre foi uma marca do SABBATH.
Em "God is Dead?", "Under the Sun", "End of the Beginning" e "Age of Reason" são versões ao vivo. Sinceramente, "God is "Dead?" está com uma qualidade sofrível, mas as outras estão muito boas, e as duas últimas estão soando bem melhores que as versões de estúdio (mais pesadas e espontâneas). Uma prova para que todos percebam que o que estragou "13" realmente foi uma produção bem ruim.
Enfim: o BLACK SABBATH se vai, mas sua despedida não é melancólica. É gloriosa, e resta a todos que os conheceram nesses anos agradecer a oportunidade de ouvir sua música, ver seus shows e poder conhecer suas criações.
Uma queixa bem pessoal desse autor é simplesmente a ausência de Bill Ward nas baquetas nesse último trabalho. Pode ser saudosismo ou mesmo coisa de fã, mas seria um encerramento perfeito.
No mais, ouçam e abusem de "The End".
E muito obrigado por tudo, Ozzy, Tony, Geezer e Bill (e que a Sharon não leia essas palavras).
Músicas:
1. Season of the Dead
2. Cry All Night
3. Take Me Home
4. Isolated Man
5. God is Dead? (Live Sydney, Australia, 4/27/13)
6. Under the Sun (Live Auckland, New Zealand, 4/20/13)
7. End of the Beginning (Live Hamilton, ON, Canada, 4/11/14)
8. Age of Reason (Live Hamilton, ON, Canada, 4/11/14)
Banda:
Ozzy Osbourne - Vocais
Tony Iommi - Guitarras
Geezer Butler - Baixo
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