Inportado
Nota 10,0/10,0
Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia
Destaques: "You Gotta Believe", "Monster at the End", "Breathing Lightning", "Suzerain", "This Battle Chose Us", "Zero Tolerance".
Bem, falar de discos de bandas lendárias e já consagradas sempre dá um enorme trabalho. Sim, pois temos que lidar com o encargo histórico dela, de suas contribuições, de tudo que a cerca. E se a banda for bem antiga, temos mesmo que observar como ela evolui, e até que ponto a idade vai pesando contra a banda. Óbvio que todos envelhecem, e é uma questão de adaptar o próprio estilo às condições da idade. Mas existem aquelas bandas que parecem se negar a envelhecer e continuam mostrando um enorme pique, e no caso de algumas, uma ferocidade acima do normal. E é assim que podemos encarar "For All Kings", 12o e mais recente disco do ANTHRAX, um dos mais importantes e influentes grupos de Thrash Metal mundial, membro com honra do Big Four do Thrash Metal. Mas o que podemos esperar de uma banda com tantos altos e baixos, verdade seja dita (não esqueçamos os momentos ruins deles nos anos 90)?
A verdade é simples: o ANTHRAX volta a ser o grande mestre do Thrash Metal que sempre foi. E em "For All Kings", eles estão usando de uma pegada um pouco mais atualizada e de seu tradicional estilo, ou seja, é agressivo e pesado, mas sempre mantendo clara a forte dose de melodia que carregam há tantos anos. A voz de Joe Belladonna está um pouco mais agressiva e usando timbres mais baixos, mas continua cantando muito bem. A dupla de guitarras formada pelo veterano Scott "NOT" Ian e do novato Jonathan Donais (ex-SHADOWS FALL) é forte, apresentando aquela já tradicional muralha de riffs técnicos entremeados com solos caprichados. Frank Bello continua sendo um baixista excelente, dando peso às composições. Mas como o baterista é Charlie Benante, já sabemos que o trabalho da cozinha rítmica como um todo é bem técnico, mas pesado como um mamute. Ou seja, a banda está mostrando fôlego de sobra!
Anthrax |
O que se pode falar de um dos fundadores do Thrash Metal Norte-Americano, e como dito lá no princípio, uma das bandas mais influentes do estilo?
Simples: massacre!
O grupo continua criando um trabalho bem deles, essa mistura de Thrash Metal com aspectos mais melodiosos está ótima como sempre, mas se percebe que o lado melodioso ganhou certa evidência. Nada que atrapalhe a banda, mas percebemos que a técnica nos solos deu uma melhorada. E é bom prepararem os pescoços, pois eles vieram com tudo!
Não há momentos ruins em "For All Kings", pois o grupo mostra espontaneidade e que sabe muito bem do que é capaz. É um assalto brutal de uma banda cheia de vontade, e sem dó dos pescoços alheios!
You Gotta Believe - Agressiva, bruta e com mudanças de ritmo bem inteligentes, é uma canção que mostra o velho estilo do quinteto, mas com algumas doses fortes de melodia, além do forte ranço moderno aqui e ali (reparem a técnica nos solos e mesmo alguns momentos mais sortunos).
Monster at the End - Um dos grandes momentos do disco! É uma canção mais cadenciada, permeada por um feeling azedo intenso, mas mostrando mais uma vez uma muralha de riffs raçudos e brutos. E uma das especialidades do quinteto fica evidenciada: excelente refrão!
For All Kings - Poderosa, é uma música com uma cozinha rítmica diferenciada, mostrando ótimo trabalho de baixo e bateria. Andamento mediano, mais um refrão onde os vocais exibem boa técnica, é uma faixa bem marcante.
Breathing Lightning - Eles exageraram nessa aqui, de tão boa que ficou... Andamento também com velocidade mediana, mas que guitarras e refrão excelentes, mostrando um lado melodioso que esbarra no Hard, com belíssimos backing vocals. E o solo é uma debulhada melódica de primeira, com um jeitão bem Hardão.
Suzerain - Um murro no fígado de tanta agressividade nas guitarras! Baixo e bateria, mais uma vez, mostram um trabalho de peso e técnica. Charlie e Frank estão excelentes!
Evil Twin - Primeiro Single liberado para a audição do público. Nela, o quinteto destila o lado mais tradicional de seu estilo, mostrando uma força impactante imensa nos riffs, mas apresentando vocais encaixados com perfeição, sem perder a melodia.
Blood Eagle Wins - Outra bem arrastada, com jeitão que lembra o BLACK SABBATH, apenas com sonoridade mais moderna e ríspida. Mas novamente, um feeling intenso se faz presente, novamente com Joey indo muito bem nos vocais.
Defend/Avenge - De onde saem tantos riffs grudentos assim??? Caramba, a criatividade deles não se esgota, e o andamento em velocidade mediana ajuda a música a grudar nos ouvidos
All of Them Thieves - Uma bateria um pouco mais trabalhada, usando ritmos um pouco mais modernos, mas a canção é abrasiva, moderna e recheada com belo trabalho dos vocais. Podemos dizer que seria a música mais experimental de todo o CD.
This Battle Chose Us - Outra vez, o quinteto resolve usar de belas melodias nos vocais e, no meio do assalto feroz das guitarras, fazer um trabalho um pouco mais acessível e bem grudento. Mas sem abrir mão do peso e agressividade da banda.
Zero Tolerance - Uma faixa mais rápida e cheia de energia, típica para moshpits insanos e stagedives sem fim. A dupla de guitarras resolve usar de maior velocidade, mas sem perder a mão de melodias.
Para aqueles que gostam de versões deluxe, a que tem dois CDs ainda tem versões ao vivo para "Fight 'Em 'til You Can't", "A.I.R.", "Caught in a Mosh" e "Madhouse".
Se existia alguma suspeita pairando sobre "For All Kings", podem ficar tranqüilos. O quinteto soube se atualizar para os tempos vindouros, mas sem deixar o estilo que os fãs adoram de lado. Mas ao mesmo tempo, não tente comparar discos, pois estará perdendo a oportunidade de curtir um disco feito para vocês mesmos.
Já entra em 2016 como um forte candidato a um dos melhores discos do ano.
Músicas:
1. You Gotta Believe
2. Monster at the End
3. For All Kings
4. Breathing Lightning
5. Suzerain
6. Evil Twin
7. Blood Eagle Wins
8. Defend/Avenge
9. All of Them Thieves
10. This Battle Chose Us
11. Zero Tolerance
12. Fight 'Em 'til You Can't (live)
13. A.I.R. (live)
14. Caught in a Mosh (live)
15. Madhouse (live)
Banda:
Joey Belladonna - Vocais
Scott Ian - Guitarras, backing vocals
Jonathan Donais - Guitarra solo
Frank Bello - Baixo
Charlie Benante - Bateria, percussão
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