2015 – MS Metal Records – Nacional
Nota 9,0/10,0
Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia
Certos gêneros dentro do Heavy Metal possuem seus baluartes, ou seja, aquelas bandas que ou fundaram os ditos gêneros, ou os levaram a uma exposição maior. Mas existem aquelas bandas que, mesmo sem chegar a ter o mesmo nome dos gigantes, fazem um trabalho de tanta qualidade que chega a nos surpreender. E esse, mais uma vez, é o caso do excelente sexteto THE BRAINWASH MACHINE, de Bogotá (Colômbia), que voltam com seu segundo disco, “A Moment of Clarity”, com versão nacional pela MS Metal Records.
Óbvio que todo aquele trabalho técnico que conhecemos de Prog Metal apresentando em “Modern Day Sisyphus” (de 2011) está presente, apenas com a elegância instrumental mais apurada, além da sonoridade mais clara e polida. Mas ao contrário de muitas bandas do gênero, o sexteto sabe pegar pesado e com canções mais coesas, evitando o abismo das canções gigantescas (existem algumas no disco, mas nada que transcenda os 10 minutos de duração. A maioria fica mesmo na média dos 4 a 5 minutos), ou seja, não vai encontrar aquele virtuosismo que tende a cansar os fãs mais comuns. Não, aqui, o que fala mais alto é a unidade da música em si, não a técnica individual (embora todos sejam excelentes músicos), seja nos momentos mais amenos, nos mais pesados e mesmo nos mais técnicos.
The Brainwash Machine |
Tendo na produção as mãos de Jorge Arango e Álvaro Cote (que também mixou o disco), mais Felipe López na masterização, ouvimos uma sonoridade clara, limpa e translúcida, mas com peso nos momentos certos. Ou seja, podemos ouvir cada instrumento claramente, mas mantendo a dose de peso necessária. E o lado gráfico ficou muito bom, com uma capa que remonta o lado mais Progressivo de sua música, e com o layout do encarte mais simples, mas ótimo.
Falar em arranjos com o trabalho do TBM (me permitam usar uma sigla para o nome do grupo, por favor) é covardia. A banda consegue ter um trabalho lindo e de classe, mantendo o interesse do ouvinte em todos os momentos. E isso sem falar que ainda ousaram em pôr sax na instrumental “Dennis” (uma colaboração de Pablo Muñoz).
The Brainwash Machine (The Pessimist Anthem) – O grupo mostra ótima técnica e requinte aqui, com um andamento não muito veloz e uso bem pensado de teclados e pianos, fora as vocalizações bem cuidadas e encaixadas com maestria. E mesmo sob tanta elegância, surgem riffs mais pesados que lembram de longe o IRON MAIDEN.
I Live in Fear – Aqui, uma canção mais clássica e com dose de peso, mas cheia de ritmos quebrados e o baixo mostra seu valor, fora o festival de belos tons de voz.
Spellbound – Quase uma balada, leve e refinada, com jeitão de Jazz em alguns momentos, apresentando teclados excelentes, mais arranjos bem sacados nas guitarras.
Animal Obsession – Uma das mais pesadas, com riffs intensos, mas com alguns momentos mais etéreos fortes e intensos.
Ex-1 – Esta exibe solos elegantes de guitarra, em uma instrumental curta que flui forte e com peso, já que os riffs (apesar dos tempos quebrados) são bem abrasivos.
Manic – Quase uma canção de Rock Progressivo, se não fosse pelas guitarras com distorção, tamanha a força etérea imposta pelos teclados. Mas se repararem, a dicção dos vocais está perfeita.
Dennis – Esta é uma instrumental um pouco mais longa que a anterior, e mais requintada, lembrando em alguns momentos os artifícios progressivos do JETHRO TULL nos tempos áureos de “Aqualung”. E é muito boa a técnica apresentada por baixo e bateria aqui.
A Moment of Clarity – A faixa mais longa do CD (passa de 8 minutos), cheia de nuances de Jazz e Progressivo, mudanças de ritmo súbitas (mas sem soar desconexas) com forte presença de pianos e teclados, e outra exibição de gala dos vocais.
Hellbound – Mesmo elegante, é bem pesada e agressiva em muitos momentos. É a típica canção forte e pesada que as bandas de Prog Metal podem fazer. Só que o TBM sabe usar muito bem do artifício, incluindo vocais mais ríspidos aqui e ali, como fundo para os vocais principais.
Heal – Uma linda e introspectiva canção, cheia de belas passagens de teclados, mas sempre mantendo o clima mais ameno. E no final, chegamos a ter a incursão de um trecho que lembra bastante a Bossa Nova brasileira.
Se você é fã daquela fase do DREAM THEATER entre o “Images and Words” e o “Awake”, vai se apaixonar. Aliás, se tiver bom gosto, vai se apaixonar do mesmo jeito.
Músicas:
01. The Brainwash Machine (The Pessimist Anthem)
02. I Live in Fear
03. Spellbound
04. Animal Obsession
05. Ex-1
06. Manic
07. Dennis
08. A Moment of Clarity
09. Hellbound
10. Heal
Banda:
Andrés Ramírez – Vocais
Diego Ante – Guitarras
Álvaro Cote – Guitarras
Manuel Henao – Baixo
Jorge Arango – Teclados, piano
Christian Gaitan – Bateria, percussão
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