23 de jul. de 2015

Scorner – Majesty MMXV (Digital EP)

2015 – Independente – Nacional 

Nota 8,5/10,0

Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


O Brasil sempre foi e sempre será um país com inclinação para as vertentes do Metal extremo. É uma tradição desde o início do cenário brasileiro. Mas há um problema nisso: o nível de clonagem (ou seja, de bandas que nada criam para si e apenas copiam o trabalho alheio, quase que plágio) acaba excedendo demais o número de bandas criativas. E isso é uma pena, pois muitos ótimos trabalhos acabam ficando ocultos dos olhos de muitos. E uma banda que merece extremo respeito é o SCORNER, vindo de Curitiba (PR), que está a 22 anos na estrada, e que após o lançamento do álbum “Bloodshedding”, de 2011, agora retorna com o EP “Majesty MMXV”.

Em que pese ser um projeto no formato “one man band” desde o retorno da banda à ativa (a banda parou por volta de 2002, e retornou a ativa dessa forma alguns anos depois. Fazer Metal é incurável, ainda bem), temos aqui um Death Metal bruto e transpirando agressividade, mas sem ficar o tempo todo em uma velocidade alucinante. Pelo contrário, aqui se vê mudanças de andamento, e um trabalho musical de primeira, feito de coração por quem entende e gosta do gênero. Pode não soar inovador aos ouvidos de muito, mas está extremamente longe de ser ruim ou não ter valor. E “Majesty MMXV” é uma regravação da primeira Demo Tape da banda, de 1993, mas as músicas ganharam uma roupagem nova e mais cheia de energia.

A produção como um todo (gravação, mixagem, masterização) é do próprio A. Maurício Laube, que priorizou a clareza de cada instrumento, embora mantenha uma forma mais pesada e bruta. Está claro e opressivo, e com bom nível de qualidade. Pode melhorar? Sim, óbvio, mas já é muito bom.

O SCORNER, por ser uma banda veterana, sabe o que quer de sua música. E o bom é que não é apenas extremo por ser extremo, como muitos gostam. É Death Metal extremo e com bom gosto, bastando observar o uso de ótimos arranjos, inclusive alguns que fogem um pouco ao padrão Death Metal que muitos adoram. E como é um remake da primeira Demo do grupo, nada melhor que o vocalista original estar aqui, mostrando que, mesmo depois de tantos anos, continua sendo uma voz forte e marcante.

Black Warrior – Introduzida por uma voz demoníaca, logo temos um assalto brutal de puro Death Metal, com guitarras ótimas encaixadas sobre um andamento em tempo mediano, belos arranjos, mudanças de ritmo muito empolgantes e uma cozinha muito pesada e intensa.

Succubus – Rápida, extremamente agressiva, é uma faixa típica para se bater cabeça, mas mesmo assim, existem arranjos nas guitarras, mesmo com o andamento mais constante.

Scorner – Outra canção mais rápida e brutal, com uma apresentação vocal ótima, fora uma série de backing vocals rasgados e solos de guitarra doentios que abrilhantam a música.

Deadly Reality – Esta é a canção inédita. Cheia de mudanças de andamento (alguns momentos mais velozes, outros cadenciados), vocais insanos e uma rifferama pesada e abrasiva sempre. E ela nos permite ver como o grupo evoluiu em relação ao passado, mas mantendo a fidelidade às suas raízes opressivas.

Ainda bem que este veterano não pára, e pelo visto, não vai parar tão cedo.

Ah, sim: “Majesty MMXV” está disponível para download gratuito na página do Bandcamp da banda.






Músicas:

01. Black Warrior 
02. Succubus 
03. Scorner
04. Deadly Reality


Banda:

A. Mauricio Laube – Guitarras, baixo, bateria programada 
Giovanni Schneider – Vocais (convidado)
Moloch – Backing vocals em “Scorner” (convidado)


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