13 de jul. de 2015

CURARE – Revive Esperanza (CD)


2014 – Independente – Importado 
Nota 10,0/10,0


Músicas:

01. Fuerza del Alma
02. Ayllu Poder
03. Revive Esperanza
04. Corazón de Jaguar
05. Todo Imerio Cayó
06. Tinku
07. Asi Se Goza
08. Yaku
09. Raiz


Banda:

Juan Pablo Rosales – Guitarras, vocais 
Alejandro Pineda – Baixo 
Eduardo Cando – Flautas 
David Rosales – Bateria, vocais

Curare

Contatos:


Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia


A ignorância do povo brasileiro de sua ampla herança cultural parece despertar severa ojeriza entre os fãs de Metal, em especial aos mais conservadores. Sim, pois temos em toda a América do Sul bandas que rebuscam elementos regionais para poder criar algo único. Algo que bandas como ARANDU ARAKUAA, do Brasil, conseguem resgatar. E é maravilhoso conhecer o trabalho do excelente quarteto equatoriano CURARE, de Quito, pois “Revive Esperanza”, lançado no ano passado, é algo único, maravilhoso, e incrível.

Antes de tudo, podemos dizer que a banda, por trás do rótulo “Longo Metal”, está uma banda que consegue fundir tanta coisa em termos de Metal que fica difícil de fazer descrições mais definitivas. Técnica muitas vezes à lá DREAM THEATER (sem ser tão exagerado quanto este), peso com elementos de Stoner Metal, melodias do Metal tradicional, além de elementos regionais indígenas. Sim, nossos hermanos do Equador rebuscam essa forte influência étnica, sem destoar ou deixar de soar pesado. Nunca, pelo contrário, a mistura de vocais que misturam vozes fortes em timbres normais e outras mais agressivas, excelentes riffs de guitarra e solos eficientes (com muita melodia), baixo e bateria com técnica e peso absurdos, mais a adição das flautas andinas é algo de maravilhoso. E tudo isso soa com vida, peso e originalidade, além de tocar profundamente aqueles que fazem questão de lembrar-se de sua herança cultural. 

A qualidade sonora de “Revive Esperanza” é ótima, com belos timbres para cada um dos instrumentos. Óbvio que poderia ser melhor, mas está em um nível bem melhor que muitas bandas que vemos pelo mundo. E a capa, apesar de ser simples, evoca o espírito de resistência e coragem, uma esperança em sobreviver às duras penas de nascer na América do Sul.

Não é possível fazer comparativos: o CURARE possui personalidade única, firme e forte, pulsando com energia por suas músicas, fazendo que a audição de “Revive Esperanza” algo maravilhoso. Arranjos brilhantes, músicas dinâmicas, tudo nas medidas mais certas possíveis.

“Fuerza del Alma” é bem técnica, mas pesada e que nos agarra pelos ouvidos, graças à melodias bem sacadas, e é interessante ver como os vocais fazem um trabalho ótimo e espontâneo. Em seguida, “Ayllu Poder” faz alusão à figura mitológica indígena local do Equador (Mama Tungurahua, que é o nome de um vulcão ativo no país), que possui um peso avassalador e passagens empolgantes vindas do Hardcore, com riffs de guitarra excelentes. Mais ganchuda e com menos técnica, temos “Revive Esperanza”,com passagens excelentes de baixo e bateria, além de vocais declamados. “Corazón de Jaguar” é quase que um hino de guerra, pesada e mais azeda, com riffs excelentes e vocais muito bons (e a letra fala da busca da Alma Mater do povo Sul Americano, simbolizado pelo jaguar), além de um refrão excelente e que nos agarra com força. “Todo Imerio Cayó” é introduzida por flautas andinas (o som é inconfundível), mas logo surgem guitarras pesadas e um andamento bem variado, mas sempre coerente. A linda e cheia de feeling “Tinku” é onde a banda mais usa de elementos regionais, mesmo não abrindo mão do som pesado e intenso do Metal, alternando vocais ferozes e outros mais limpos, além de belas quebradas de ritmo e um solo ótimo (e Tinku é uma forma de dança e combate comum na Bolívia, ligada à mãe Pachamama). Com leve toque de música tradicional equatoriana, temos “Asi Se Goza”, mais uma com destaque para as flautas e vocais. Em “Yaku”, mais uma vez a força da herança cultural de todos nós, que nascemos na América Latina, nos chama pelo sangue, fora ser empolgante e cheia de um trabalho ótimo de bateria e flautas. E “Raiz”, que fecha o disco, tem uma sonoridade um mais intimista em seu início, focando no contraste entre vocais mais urrados e outros normais, mais outra em que a música tradicional do Equador dita as regras, mas sem que se perca a noção de peso.

Impossível não gostar, amar e exaltar um trabalho tão bom. E uma pena que a economia do continente não nos permite um maior intercâmbio de bandas. Seria ótimo ver estes hermanos entre nós.

Uma excelente banda, que merece aplausos de pé e todo respeito.



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