14 de jul. de 2015

Cradle of Filth – Hammer of the Witches (CD)


2015 – Nuclear Blast Records – Importado
Nota 10,0/10,0



Músicas:

01. Walpurgis Eve 
02. Yours Immortally… 
03. Enshrined in Crematoria 
04. Deflowering the Maidenhead, Displeasuring the Goddess
05. Blackest Magick in Practice 
06. The Monstrous Sabbat (Summoning the Coven) 
07. Hammer of the Witches 
08. Right Wing of the Garden Triptych 
09. The Vampyre at My Side 
10. Onward Christian Soldiers 
11. Blooding the Hounds of Hell 


Banda:

Dani Filth – Vocais 
Ashok – Guitarras 
Rich Shaw – Guitarras 
Lindsay Schoolcraft – Teclados, vocais femininos 
Daniel Firth – Baixo 
Marthus – Bateria 

Cradle of Filth

Contatos:



Quem é rei nunca perde a majestade. E quando falamos de bandas inglesas, realmente, elas parecem ter uma criatividade inesgotável, a ponto de algumas serem pontas de lança em vários estilos. O BLACK SABBATH, junto com DEEP PURPLE e LED ZEPPELIN formaram nos anos 70 a espinha dorsal do gênero, assim como JUDAS e MOTORHEAD seguraram as pontas nos anos duros da invasão Punk inglesa, e IRON MAIDEN, SAXON e DEF LEPPARD se eternizaram como maiores nomes da NWOBHM. Mas findada este último, poucas bandas realmente relevantes e de sucesso apareceram nas terras inglesas. Até que as margens assombradas da velha Inglaterra deram origem a um de seus filhos mais ilustres, e que merece citação honrosa: o sexteto CRADLE OF FILTH, de Ipswich, Suffolk. Desde 1991, a banda anda sempre nos surpreendendo, criando uma música única e pessoal, inimitável, e talentosa. Podemos dizer que o Black Metal não seria o mesmo sem a banda. E como é maravilhoso ouvir “Hammer of the Witches”, novo disco da banda. Sim, se desde “Midian” a banda oscila, lembremos que um disco fraco deles é muito melhor que qualquer clone que exista.

O sexteto mostra-se, antes de tudo, forte e renovado dentro do estilo que os consagrou. A mistura de energia, agressividade e melodia continua forte, mas foi renovada graças ao excelente trabalho de Ashok e Rich Shaw, que formam a melhor dupla que o grupo teve desde dos tempos de “Cruelty and the Beast”, com bases muito fortes, sólidas e que grudam no ouvinte, e muitos solos (o que já é algo novo, pois o grupo pouco os usava antes). Na base rítmica, o baixista Daniel Firth está efetivado na banda, e ao lado do já veterano Marthus na bateria, formam uma das melhores cozinhas do Metal extremo, com peso, diversidade técnica e consistência sonora ao grupo. A canadense Lindsay Schoolcraft consegue preencher bem todos os espaços com seus teclados, e sua voz delicada adiciona um tempero a mais ao trabalho do sexteto. E Dani Filth nem é necessário se falar muito: ele continua sendo o mestre do uso de inúmeros timbres, sendo um excelente intérprete. E como ele compõe quase tudo na banda, podemos aferir a ele o título de Gênio do Metal extremo, ao lado de Shagrath e Silenoz. E sim: “Hammer of the Witches” consegue nos levar de volta aos tempos mais clássicos do grupo, com a força brutal de “Midian”, o requinte de “Cruelty and the Beast” e elegância de “Dusk and Her Embrace”, mas sem imitar os mesmos. É o bom e velho CRADLE OF FILTH reescrevendo as regras do jogo, para desespero dos troos anos 80 e radicalóides em geral.

Com Scott Atkins na produção e masterização, que já trabalha com o sexteto desde “Darkly, Darkly, Venus Aversa”, a sonoridade está de alto nível, com uma clareza que nos permite perceber claramente os detalhes de guitarras e teclados, ao mesmo tempo em que dá impacto e peso às músicas. 

A arte de Arthur Berzinsh deixa claro qual o tema que permeia as letras: o infame “Malleus Maleficarum”, conhecido como “martelo das bruxas”, um manual da Idade Média usado pelos tribunais do Santo Ofício (hoje chamado de Congregação para a Doutrina e Fé, de onde saiu o Cardeal Joseph Ratzinger, o ex-Papa Bento XVI) nos tribunais da Santa Inquisição para julgar as mulheres acusadas de bruxaria. Ele se divide em três partes: a primeira para reconhecer uma bruxa, a segunda expunha todos os tipos de malefícios feitos por elas, classificando-os e explicando-os; e a terceira regulamentava as formalidades para agir “legalmente” contra as bruxas. É um manual de morte, podemos dizer assim, que serviu como um dos capítulos mais negros da história das religiões abraâmicas. E tudo isso com aquele inglês formal e poético ao qual Dani está tão acostumado. Ou seja, é como se o próprio Shakespeare voltasse do túmulo e escrevesse uma vez mais.

Formalmente, o CRADLE OF FILTH é uma das bandas de Metal extremo que pode dar a si mesmo o nome de “arte” sem medos. É imbuído de cultura, ensina algo, e tudo isso embalado por uma música de altíssima qualidade, que como dito antes, fundem com maestria elementos musicais díspares e os faz funcionar. E sem falar que os arranjos do grupo são fantásticos, bem encaixados, e a dinâmica das faixas é excelente, não nos deixando ficar entediados. E como a banda consegue ainda ter músicas tão bem feitas, mas que são de fácil assimilação é algo indecifrável.

Vamos lá:

Walpurgis Eve: é uma introdução climática.

Yours Immortally…: Uma faixa mais brutal e de começo rápida (embora existam alternâncias de andamento fantásticas), típica de abertura de um álbum, com arranjos fantásticos nas guitarras, e solos ótimos. Óbvio que os vocais são um show à parte.

Enshrined in Crematoria: começa mais lenta e climática, mas outra que alterna momentos rápidos e violentos com outros mais melodiosos. E mais uma vez, solos muito bons em duetos incríveis.

Deflowering the Maidenhead, Displeasuring the Goddess: faixa do lyric video de divulgação do disco, sendo não tão veloz, mas intensa e brutal, com força nas melodias e certo toque mais depressivo e sinfônico, com belos arranjos de teclados e trabalho ótimo de baixo e bateria (muito técnico, mas pesado de doer os tímpanos). E reparem que a mudança de tons é incrível, chegando ao uso de vocais limpos.

Blackest Magick in Practice: um dos pontos mais altos do disco, com melodias que beiram o Ultraromantismo sonoro, refrão excelente, mesmo com momentos mais brutos, belíssimas variações de ritmo, belíssima interpretação de Dani, e mais uma vez, guitarras insanas.

The Monstrous Sabbat (Summoning the Coven): um interlúdio macabro, focado em um violão e teclados sinistros.

Hammer of the Witches: uma faixa com andamento que alterna entre velocidade mediana e outros momentos mais cadenciados, com alguns vocais femininos perfeitamente encaixados, e a canção tem um impacto sonoro assombroso.

Right Wing of the Garden Triptych: outra faixa para vídeo, só que este é o official. É uma faixa sinistra, intensa, mas com leve toque de acessibilidade em termos de Metal extremo. Mas apesar de ser menos complexa que as anteriores, continua sendo um ponto forte, com baixo e teclados ditando as regras.

The Vampyre at My Side: acordes sinistros dão início à faixa, que vira uma golfada brutal com vocais guturais que aumentam o clima opressivo e intenso. Então, ela ganha mais velocidade (mas existem momentos não tão rápidos), opressiva e intensa, sem abandonar as melodias do grupo, que podem ser vistas nas guitarras.

Onward Christian Soldiers: teclados climáticos introduzem-na. Mas é uma faixa intensa, cheia de arranjos mais complexos e firmes das guitarras, outra aula de vocais extremos, mas os teclados, mesmo não tão evidentes nela, dão um toque de requinte ótimo.

Blooding the Hounds of Hell: outra faixa de teclados, bem sinistra, com alguns acordes de baixo, apenas para encerrar o CD com chave de ouro.

O CD normal fecha aqui, mas a versão deluxe possui duas bônus ótimas em “King of the Woods” e “MIsericord”. Sabemos que o CD está para ser lançado no Brasil, mas não temos maiores detalhes sobre a versão nacional.

CRADLE OF FILTH não decepciona. Quando é mediano, é ótimo, mas quando vem com a carga toda, como em “Hammer of the Witches”, é satisfação garantida.





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