O Rock’n’Roll direto e raçudo, e algumas misturas, deram muito certo. Mesmo depois que algumas bandas saem da evidência do grande público, elas continuam criando trabalhos contundentes, firmes e dignos de nota. E quem se encaixa perfeitamente nessa descrição é o quinteto carioca MATANZA, que depois de “Thunder Dope” de 2012, e mesmo de sua evidência com discos como “Músicas Para Beber e Brigar” e “A Arte do Insulto”, retorna à carga com “Pior Cenário Possível”.
A fórmula da banda, o famoso Countrycore, ou seja, uma mistura da fúria do HC, de aspectos do Metal e muito das melodias do Country americano, continua a mesma de sempre, embora um pouco mais requintada. Sim, continuam tendo refrões que não saem de nossas cabeças, músicas bem estruturadas, e na simplicidade instrumental do estilo que eles criaram para si, são imbatíveis, mas a banda trouxe um pouco mais de esmero em termos de arranjos musicais. Vocais agressivos e irônicos muito bem encaixados, ótimos riffs de guitarras (Donida continua sendo um mago nas seis cordas, e tendo em Maurício um companheiro à altura), baixo e bateria estão firmes na marcação rítmica e aparecendo nas justas medidas. Sim, tudo na mais perfeita ordem, já que o quinteto não é dado à firulas.
A produção do disco é bem seca, “in your face”, direta e não parece ter muitas edições ou mesmo overdubs. E acreditem: isso enriqueceu ainda mais a sonoridade que vem do disco. O MATANZA não é uma banda dada à sofisticações em estúdio, e sua música ganha vida dessa forma mais espontânea. A capa é irônica, pois foca antigas máquinas de ler a sorte que vemos em velhos filmes, algo que o grupo sempre usa como referência em seus trabalhos.
Matanza |
Não há muito espaço para saudosismos, já que faixas como “A Sua Assinatura” (um andamento não tão veloz, mas bem grudento e bem feito, com intervenções ótimas das guitarras), a mezzo Country e mezzo Rock “O Que Está Feito, Está Feito” (Os vocais criam uma sinergia ótima com o ouvinte, fora riffs ótimos), a rápida, pesada e empolgante “Matadouro 18” (veja como a simplicidade da cozinha rítmica dá um sabor especial à canção, fora um refrão excelente), a força agressiva e densa de “Sob a Mira”, a furiosa e mai acessível “Chance pro Azar” (graças aos arranjos de guitarra, mais voltados ao Rock’n’Roll), a puramente Punk Rock “Orgulho e Cinismo”, e o encerramento com chave de ouro na variada “Conversa de Assassino Serial” (boas variações de andamento, vocais bem assentados na base rítmica e mais uma boa exibição de baixo e bateria).
De volta à carga, o MATANZA se mostra firme e forte, disposto a ficar no lugar que conquistaram com suor. Nem que seja na base do tapa!
Músicas:
01. A Sua Assinatura
02. O Que Está Feito, Está Feito
03. Matadouro 18
04. A Casa em Frente ao Cemitério
05. Sob a Mira
06. Pior Cenário Possível
07. O Pessimista
08. Chance pro Azar
09. Orgulho e Cinismo
10. Conversa de Assassino Serial
Banda:
Jimmy London - Vocais
Donida - Guitarras
Maurício Nogueira - Guitarras
Don Escobar - Baixo
Jonas - Bateria
Contatos: