Os discos conceituais não são raros no Metal, embora também não sejam comuns. Este tipo de obra pode ser feito de duas maneiras distintas: ou a banda usa as músicas de forma a contar uma estória única e que se desenvolve por todas as músicas (como KING DIAMOND costuma fazer), ou então, a banda pega a idéia de um conceito central e busca usá-lo em todas as letras, mas sem se prender a uma estória única. E sempre os resultados são sempre ótimos, como o TAILGUNNERS, quinteto de São Paulo, nos mostra em “The Gloomy Night”, seu terceiro álbum.
Musicalmente, o quinteto mostra um trabalho calcado no Metal tradicional, ou seja, com peso, melodia e certa dose de agressividade. É claro que a maior referência é a NWOBHM, mas eles não se restringem apenas ao IRON MAIDEN, mas pegam bastante de outros nomes fortes da época, até alguns toques à lá JUDAS PRIEST são sensíveis. Mas não se prendam a isso, e perceberam que o grupo tem uma personalidade forte, soando vivo e moderno. Os vocais são ótimos, sabendo usar bastante de timbres diferentes (embora a influência de Bruce Dickinson seja bem evidente), guitarras com riffs excelentes e solos com muita melodia, baixo com técnica e peso absurdos, e uma bateria com boa presença, conduzindo bem os andamentos e com boas viradas. É uma música extremamente agradável aos ouvidos, mas vibrante, envolvente e cheia de energia.
Tailgunners |
É preciso que qualquer banda que se aventura a fazer um disco conceitual saiba: esse formato exige demais do músico, já que cada uma das canções exigirá muito refinamento para que o ouvinte consiga captar a atmosfera da obra, e nisso, o TAILGUNNERS foi muito feliz: como a dinâmica de suas canções ajuda bastante, sendo elas movidas por arranjos bem feitos.
As onze faixas que compõem “The Gloomy Night” são todas ótimas, tornando o CD bem homogêneo. Mas ousamos, apenas para referência, destacar a excelente “Gloomy Nights” (uma faixa pesada e envolvente, com ótima presença de baixo e bateria, mas com belos vocais e um refrão cativante), a vibrante “The Vampire is Me” (com o andamento mais em meio tempo, ótimos vocais mais uma vez e guitarras perfeitas), a pesada e mais agressiva “Living in My World”, “My Reign” (sete minutos recheados de uma música bem variada, ótimos vocais, andamento um pouco mais lento, fora excelentes melodias e backing vocals muito bons), feroz e rápida “The Hunt” (guitarras perfeitas em riffs melodiosos e duetos, além do baixo pulsando com técnica e peso), e a gigantesca e muito diversificada “Vlad Tepes: The Impaler”, com seus mais dez minutos de prazer para o ouvinte na mais pura essência (e mais uma vez, baixo e bateria mostram entrosamento e boa técnica). E tudo isso usando como tema principal a questão de vampiros, mas fiquem tranquilos: a abordagem da banda, embora um pouco subjetiva, é madura, e excluí totalmente qualquer pensamento sobre vampiros adolescentes chatos.
Após um disco tão bom e prazeroso de ser ouvido, fica a clara impressão que o TAILGUNNERS merece bem mais destaque, pois é uma banda ótima.
Músicas:
01. Gloomy Night
02. The Vampire is Me
03. In My Eyes
04. Kill the Beast
05. Living in My World
06. My Reign
07. At the Same Side
08. The Hunt
09. One of Them
10. Fallen Tears
11. Vlad Tepes: The Impaler
Banda:
Daniel Rock – Vocais
Lely Biscasse – Guitarras
Rafael Gazal – Guitarras
Lennon Biscasse – Baixo
Gustavo Franceschet – Bateria
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