Nota 9,5/10,0
Por Marcos "Big Daddy" Garcia
O final dos anos 80 trouxe para o Metal e para o Rock como um todo um novo movimento que veio e foi ficando, e hoje, é um gênero muito bem consolidado: os discos instrumentais, no caso, orientados para guitarra. O gênero só tem uma peculiaridade: ou se ama ou se odeia, ou o disco virá algo excelente ou fraco, não existem meio termos. Só digamos de passagem: existem discos que mais parecem um tutorial de como atingir a paciência de Jó do que realmente algo para ser divertido. Mais ainda bem que o guitarrista brasileiro Márcio Sanches conseguiu fazer um trabalho ótimo em seu primeiro CD, que leva seu nome.
Estudioso das seis cordas desde a mais tenra idade, professor, autor de dois DVDs voltados para o ensino de guitarra (“Aprenda a Tocar - Curso de Guitarra Vol.1” e o “Vol.2”), o trabalho de Márcio realmente nos seduz desde a primeira audição, justamente por ter uma forma semelhante a de Joe Satriani de se expressar musicalmente: nada de firulas ou exibições de técnica quando a música em si não pede isso. Para Márcio, a técnica é uma conseqüência do trabalho, não sua motivação. O ecleticismo musical, o feeling, a técnica, tudo está muito bem equilibrado, sem exageros. E Márcio tem a companhia de bons instrumentistas no baixo e na bateria. Sim, é um power trio, lembrando os primeiros discos do gênero, quando o feeling ainda era a tônica da coisa.
A produção de Andreas Kisser (sim, o próprio), mais a mixagem de Nandu Valverde ajudaram a dar uma clareza sonora muito boa, embora quando o disco transita entre alguns momentos mais pesados, o faz sem perder a qualidade.
Márcio Sanches |
O CD é ótimo como um todo, mas existem momentos onde o bom gosto é tão elevado que merece citação especial, como em “Chances of On Life” (técnica, mas uma faixa pesada e esbanjando feeling, com belo trabalho nos solos e no baixo), a belíssima “Emotion” (é incrível o nível de ecleticismo musical aqui, e o mesmo contribui para a música ser perfeita), a pesada e forte “Carnaval” (uma faixa que nos envolve, com belíssimos solos, fora momentos excelentes do baixo), a Jazz Rock “Abuse” (onde existem elementos regionais brasileiros, dando aquela diferenciada necessária, fora um espetáculo da bateria), a quase progressiva “Roots”, e a intimista “The Feelin’” (uma balada instrumental brilhante, com toques de Pop Rock, Blues e Fusion). Mas torno a dizer que o trabalho é ótimo como um todo, se sobressaindo entre tantos CDs instrumentais.
E em um momento em que muitos contestam a habilidade dos músicos brasileiros, basta citar que Márcio já trabalhou com profissionais do nível de Andreas Kisser (SEPULTURA, DE LA TIERRA), Edinho Santa Cruz (ESC44), QUEEN REAL TRIBUTE (Sérvia), Jeff Scott Soto (Yngwie J. Malmsteen, TALISMAN, JOURNEY), e já foi elogiado por Brian May (do QUEEN).
Talvez “Márcio Sanches” seja o CD mais certo para calar de uma vez o complexo de vira-latas de muitos, mas se mesmo assim eles insistirem, não ligue: é preciso ter uma sensibilidade e um bom gosto absurdos para poder compreender e degustar esse trabalho como ele merece.
Parabéns, Márcio, e obrigado por este trabalho tão bom.
Parabéns, Márcio, e obrigado por este trabalho tão bom.
Músicas:
01. The Great Beginning
02. Chances of One Life
03. Emotion
04. Carnaval
05. Radio Feedback
06. Abuse
07. Roots
08. The Feelin
09. Brothers I
10. No Words (Only Sounds of the Heart)
Banda:
Márcio Sanches – Guitarras
Sandro Lunna – Baixo
Jhonata Prisco – Bateria
Contatos: