Independente
Nota 8,5/10,0
Por Marcos "Big Daddy" Garcia
O Metal nacional, ao contrário do que muitos possam pensar devido à prevalência do Metal extremo nos últimos 25 anos, nasceu de bases tradicionais. Sim, as primeiras bandas de Metal a gravarem Demo Tapes, álbuns e EPs tinham profundas raízes no Metal tradicional e no Hard Rock dos anos 70. Basta citar que STRESS, METALMORPHOSE, CENTÚRIAS e tantos outros se inspiravam em bandas como DEEP PURPLE, BLACK SABBATH, LED ZEPPELIN, e o mais modernos para a época era o JUDAS PRIEST. Mesmo o todo poderoso IRON MAIDEN só ganhou maior projeção por aqui após sua vinda ao primeiro Rock in Rio. É ali a fonte de nossas raízes metálicas em termos de Brasil. E é ótimo saber que temos bandas veteranas que ou estão na ativa ou estão retornando ao front depois de anos de inatividade. E o CROM, um veterano que volta à ativa, acaba de soltar um EP para marcar seu retorno, “We Are Steel”, seu primeiro trabalho em 22 anos (a primeira Demo Tape da banda, “The Hate of World”, é de 1993). E como podemos perceber, o título é uma declaração de pura força de vontade, de quem voltou com sangue nos olhos e disposto a abrir espaço para si nem que seja na marra.
Cantando em inglês e evocando raízes bem pesadas, podemos aferir que as influências básicas do CROM são a NWOBHM (devido à sofisticação crua de suas canções) e o peso absurdo e ríspido de bandas como JUDAS PRIEST e MANOWAR. Ou seja, temos um estilo forte, empolgante, pesado, mas melodioso e bem feito. Ótimos vocais, que se encaixam bem na base instrumental da banda, que é formada por uma dupla de guitarras ótima nos riffs e solos, e uma base rítmica pesada e com bom nível técnico. E como toda ótima banda do gênero, eles se caracterizam por um trabalho onde a música é o mais importante, o conjunto, e não exibições individuais de técnica que chegam a ser chatas. Não, o quinteto mostra vida, espontaneidade e força em cada momento nesse EP.
Crom |
Boa qualidade sonora, que mostra que Alexandre Freitas fez um trabalho muito bom na produção, mixagem e masterização. Todos os instrumentos estão em seu devido lugar, com bons timbres, tudo na medida certa. Tudo bem, não é a melhor qualidade sonora do mundo, mas podemos aferir que a qualidade é muito boa.
Temos no EP três faixas com duração média de minutos e meio, logo, não chegam a cansar o ouvinte, já que os arranjos musicais, por mais espontâneos que sejam, não deixam a peteca cair. E de forma alguma soa datado.
O EP abre com “Morbid Existance”, uma faixa com andamento em velocidade média, mas com alguns momentos com mais gás, mostrando peso e melodia em proporções iguais, destacando bastante o trabalho das guitarras e dos vocais (percebam como os timbres de voz transitam entre alguns tons mais altos que não são exagerados, e outros mais graves), seguida por “Not for the World”, com aquele “noise” clássico dando o ponta-pé inicial a uma canção com boas doses de Hard’n’Heavy anos 80, tornando uma faixa envolvente e com destaque para o ótimo trabalho da cozinha baixo-bateria. Fechando, vem “Death Soldiers”, com uma intro grandiosa retirada do filme “Conan, o Bárbaro”, a prece que Conan faz antes da luta com um grupo de soldados de Thulsa Doom (entre eles, Rexor e Thorgrim), e temos mais uma canção muito pesada e envolvente, onde as guitarras roubam a cena. E para conferir o EP, basta baixar aqui, pois é de graça.
O CROM merece aplausos pela vontade de voltar, e pela determinação em seguir um caminho tão difícil, mas compensador.
Sejam bem vindos de volta, Gladiadores do Metal brazuca!
Músicas:
01. Morbid Existance
02. Not for the World
03. Death Soldiers
Banda:
Robson Luiz – Vocais
Pedro Luiz Marcondes – Guitarras
Altemar Lima – Guitarras
Cezar Heavy – Baixo
Claudivam Silva – Bateria
Contatos:
Metal Media (Assessoria de Imprensa)