26 de jan. de 2015

Keep of Kalessin – Epistemology (CD)

Nota 10,0/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia


Conforme uma definição mais clássica, epistemologia é o ramo da filosofia que lida com trata da natureza, das origens e da validade do conhecimento. Sim, é um campo forte, visto bastante no campo das ciências. E ao mesmo tempo, é uma declaração do trio norueguês KEEP OF KALESSIN, que agora retorna com seu sexto e mais recente álbum, “Epistemology”, via Indie Recordings. Uma declaração de sabedoria, de como se faz música brutal, opressiva, agressiva, mas melodiosa e elegante.

Muitos fãs se preocuparam após a saída de Thebon, de como a banda se comportaria tendo Obsidian C. lidando com todas as guitarras, teclados e agora os vocais. Desafio completamente satisfeito, já que a voz dele se encaixou bem no trabalho, e continua apresentando uma boa diversidade de tons. O baixo de Wizziac continua trovejando com peso e técnica por todo o disco, assim como Vyl ainda se mostra um dos melhores bateristas do Metal extremo, com boas viradas, tempos ótimos e muito peso. As guitarras de Obsidian continuam com excelentes riffs e incursões prefeitas, mostrando solos ótimos. E novamente, frisamos que não é nenhuma heresia dizer que ele é uma versão extrema de Randy Rhoads, ou seja, explora bem cada riff e solo, colocando a nota necessária, o acorde ou arranjo de forma perfeita. Resultado: o trio mostra-se vigoroso e técnico como em “Reptilian”, mas com melodias mais evidentes.

A produção, sempre nas mãos de Obsidian, mostra-se mais seca que nos discos anteriores, bem mais limpa e pesada, mas nas devidas proporções. Ou seja, sempre expondo todos os lados do diamante chamado KEEP OF KALESSIN sem errar a mão. Peso, melodia e agressividade surgem naturalmente, clareza aos ouvidos. E falar na arte que o brasileiro Jean Michel criou chega a ser desnecessário: bela e elegante como a sonoridade da banda, mas sabendo também deixar explícita (ainda que forma subjetiva) a vocação extrema do grupo.

Keep of Kalessin
O que se pode falar de uma banda que lança disco perfeito em cima de disco perfeito desde “Armada”, de 2006?

O trio compreende o que fazer com sua música, os arranjos são perfeitos, e cada momento é uma mudança diferente, um enigma precioso a ser decifrado com calma. E assim, o Dragão se ergue e mostra sua força mais uma vez. E não, eles não mudaram o direcionamento, pois continuam criando músicas longas que nos dão a impressão de duraram pouco, pois nos prendem completamente.

“Cosmic Revelation” é uma linda introdução com teclados que vai preparando o ouvinte “The Spiritual Relief”, com seus mais de nove minutos de grandes variações rítmicas, excelentes riffs e vocalizações perfeitas (a voz limpa de Obsidian é bem melodiosa e interessante, mas existem incursões mais soturnas). “Dark Divinity” é mais extrema e veloz, mas com ótimo trabalho musical (mais uma vez, Vyl e Wizziac mostra entrosamento e técnica fenomenais), enquanto “The Grand Design” é outra faixa mezzo épica, mezzo brutal no estilo costumeiro da banda, com riffs excelentes bem entrosados com teclados, e vocais rasgados muito bons (reparem como a voz rasgada de Obsidian é ótima, até mais diversificada que a de seu antecessor na função). “Necropolis” tem certo toque oriental em seu início, um andamento não tão veloz como as outras, mas percebam as sutilezas vocais e da base rítmica. “Universal Core” (a mais curta do CD, com pouco mais de 3 minutos de duração) mostra mais uma vez o lado mais agressivo e rápido do grupo, sem deixar de ser técnico, mostrando o motivo de serem chamados de “Extreme Epic Metal” (Vyl está fantástico, e Wizziac não deixa por menos). “Introspection” já é conhecida pelo EP de 2013, mas cuidado: esta versão possui algumas sutilezas ausentes no que vimos antes, ou seja, recebeu uma belíssima regravação (mesmo porque fica perceptível que a própria qualidade de gravação é diferente, mais limpa), especialmente nas guitarras. Encerrando, “Epistemology”, uma música grandiosa, bem versátil e criativa, com uma exibição fantástica de toda a banda (há arranjos de guitarras que beiram o Blues!), e solos lindos e técnicos, esbanjando agressividade e melodia nas medidas certas. Mas a versão Digipack ainda tem umas surpresas: “Anima Mundi” com Attila Csihar nos vocais, e “Novae Ruptis.”

O KEEP OF KALESSIN é realmente um dos nomes mais fortes e criativos do Metal extremo atual, e que merece uma maior audiência de cada fã. Se isso é por conta de rótulos, esqueçam-nos e ouçam “Epistemology”. Não vão se arrepender!


Músicas:

01. Cosmic Revelation (Intro)  
02. The Spiritual Relief 
03. Dark Divinity 
04. The Grand Design  
05. Necropolis  
06. Universal Core 
07. Introspection  
08. Epistemology


Banda:

Obsidian C. – Vocais, guitarras, teclados
Wizziac – Baixo 
Vyl – Bateria 


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