Diabolic Records/Headbanger Force/Misantrophic Records/Impaled Records
Nota 8,5/10,0
Por Marcos "Big Daddy" Garcia
Muitas vezes, ao escrever sobre Black Metal, este autor citou que o gênero tem duas vertentes bem distintas: uma onde melodias e orquestrações surgem, e outra mais ríspida. Ambas representam as visões de músicos e fãs sobre o estilo, mas é ótimo saber que isso não gera dicotomias. Ganhamos muito com ambas as linhas de pensamento. E é muito bom ouvir no Brasil bandas como o HEIA, vinda de Goiânia (Goiás) e que acaba de soltar seu segundo álbum, "Ritos Noturnos".
O trio prefere seguir uma linha mais tradicional do gênero, baseada na SWOBM (Second Wave of Black Metal, uma sigla que este escritor cunhou para economizar a escrita, mas que novamente não adiantou muito...), lembrando bastante o trabalho de MAYHEM e alguma coisa do AZAGHAL, e mesmo certos toques do lendário TORMENTOR da Hungria. A música da banda é simples e eficiente, indo de momentos velozes a outros mais cadenciados, com vocais rasgados bem colocados, riffs de guitarra bem compostos (uma criatividade baseada na simplicidade, digamos assim), baixo e bateria com técnica na medida certa e com muito peso, permitindo que a base rítmica seja diversificada da maneira correta e sólida. Pode não ser algo que veio para inovar, mas veio para somar.
A sonoridade do disco é suja e crua, na linha das bandas da SWOBM, mas não ao ponto de que não compreendamos o que o tio está tocando. Temos os instrumentos bem expostos, cada um sendo ouvido separadamente, mas com timbres agressivos e pesados. No fundo, em muitos trabalhos, este tipo de gravação é antenado com a proposta musical da banda em questão, logo, é válido.
Heia |
A arte da capa é bem soturna, ao passo que noo encarte não existem letras (já que o grupo usa o idioma de nosso país em suas letras), cheio de fotos que farão aqueles mais chegados ao gênero ficarem pasmos. Muito eficiente e bem antenado com a proposta musical/lírica do grupo.
Como citado acima, se o grupo não chega a ser inovador, é bem criativo. O trio sabe explorar bem sua proposta com músicas arranjadas com simplicidade. Mas lembrem-se: ser simples não quer dizer que seja ruim ou sem sua dose de brilhantismo. E ainda temos a presença de convidados ilustres como Mághor da banda CHEOL nos vocais em "Elizabeth Bathory", e Escaravelho do ESCARAVELHO DO DIABO na bateria em "Sangue no Terreno dos Cristãos" e "Sangue no Pentagrama".
As nove faixas do CD mostram que a banda merece mais espaço e projeção dentro da cena nacional do gênero. A rápida "Sombras da Imensidão" (com seus riffs velozes e ganchudos à lá AZAGHAL), a diversificada "Maldades e sua Imponente Presença" (baixo e bateria mostrando um trabalho muito bom nas mudanças de ritmo), "Ritos Noturnos" com seu andamento a maio tempo (nem veloz e nem muito cadenciado, mostrando guitarras com riffs azedos), a cadenciada "Face do Mau" (a dinâmica de riffs e bateria é fantástica, além de alguns teclados muito bem colocados), e "Sangue no Pentagrama" (a bateria mostra uma boa técnica mais uma vez, se aliando a ótimos vocais) os credenciam a tanto. Mas não poderia deixar de comentar a linda versão para o hino "Elizabeth Bathory", do TORMENTOR, que mesmo sem os teclados da versão original, ficou excelente.
Bela banda, verdade seja dita.
Tracklist:
01. Sombras da Imensidão
02. Maldade e sua Imponente Presença
03. Ritos Noturnos
04. Onde as Trevas Predominam
05. Elizabeth Bathory (Cover)
06. Negro Pandemonium de Almas Infernais
07. Face do Mau
08. Sangue no Terreno dos Cristãos
09. Sangue no Pentagrama
Banda:
Místico - Guitarras, Vocais
Diabo - Baixo
Kali Mystery - Teclados
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