12 de nov. de 2014

Behemoth, Gangrena Gasosa, Tellus Terror (Circo Voador, RJ, 09/11/2014)



Textos: Marcos “Big Daddy” Garcia



E eis que chegou a vez do Rio de Janeiro (que tem recebido uma boa quantidade de shows internacionais nos últimos dois anos, após um longo hiato temporal) contemplar aquilo que São Paulo vira no dia anterior: enfim, após longa espera, o BEHEMOTH, o grupo de maior destaque mundial em termos de Metal extremo na atualidade, veio profanar terras cariocas. E de quebra, teve como opening acts as bandas nativas GANGRENA GASOSA e TELLUS TERROR (que fora a banda de abertura no dia anterior, em São Paulo).

E no final da tarde, quando a noite já se aproximava, eis que o evento começa, e o TELLUS TERROR subiu ao palco.

Tellus Terror

Apesar do espaço um pouco mais reduzido devido à quantidade de equipamentos no palco, e mesmo do vocalista Felipe ter tido alguns problemas de garganta, o sexteto que, além de Felipe, ainda tem Álvaro Faria (guitarras, backing vocals), Wéderson Félix (guitarras), Arthur Chebec (baixo, backing vocals), Ramon Montenegro (teclados, sintetizadores e vocais limpos), e Ali Ahmed Ghazzaoni (bateria), fez um show ótimo, com ainda mais energia e garra que em São Paulo. Talvez seja efeito da unidade da banda devido ao problema com seu vocalista, ou mesmo porque a tensão da estréia do dia anterior já havia passado, ou ambos!




Felipe mostrava boa movimentação no palco, e mesmo com a garganta com problemas, cantou muito bem. Mas ver Álvaro, Arthur e Wéderson agitando quase que sem parar, além da pegada técnica e muito pesada de Ali nas baquetas e bumbos, e da segurança e fluidez de Ramon tornam um show do sexteto de MMS (Mixed Metal Styles) algo além da imaginação de muitos. E sim, a banda tem muito boa postura, o público sente a energia e vibração deles, e Felipe se comunica bem com a platéia.




Houve uma mudança: “Stardust” e “Endtime Panorama”, que foram tocadas em SP, não o foram no RJ, mas houve a inclusão da ótima “3rd Rock From the Sun” (pois o público os aplaudiu tanto que a banda tocou um bis), e com muita animação dos presentes na casa.




Sim, o TELLUS TERROR é uma banda de verdade, e que veio se juntar ao UNEARTHLY, ao LACERATED AND CARBONIZED e outros do seleto grupo dos nomes mais fortes da cena carioca, capazes de mostrar o que o RJ tem de melhor em termos de Metal.



Setlist:

Bloody Vision
Terraformer
Civil Carnage
Equinox
3rd Rock From the Sun


Gangrena Gasosa

Seguindo a noite, veio o GANGRENA GASOSA e seu Saravá Metal (que nada mais é que o bom e velho Crossover à lá RxDxP com a inclusão de elementos regionais do Brasil), que fez um ótimo show, como de costume da banda.




Tudo bem, muitos podem alegar que não gostam do trabalho de Zé Pelintra (vocais), Omulu (vocais), Exu Caveira (guitarras), Pomba Gira Maria Mulambo (percussão), Caboclo Sete Flechas (percussão), Exu Tranca Rua da Almas (baixo) e Exu Mirim (bateria), mas como dito acima, o trabalho deles é diferenciado, muito bom tecnicamente falando, e ao vivo, sempre ganha novos fãs.




Destaques para Zé Pelintra e Omulu, que não param um segundo que seja, sempre criando ótimos momentos e sabendo se comunicar com o público. E canções como “Se Deus é Dez, Satanás é 666”, “Matou a Galinha e Foi ao Cinema”, e “Cambonos From Hell”, já clássicas e conhecidas de seus fãs, foram cantadas por muitos presentes, apesar das diferenças entre o público cativo deles e o do BEHEMOTH.


Mas verdade seja dita: um show do GANGRENA GASOSA é uma experiência única, e que todos deveriam ter pelo menos uma vez na vida.


Vão a um quando puderem, ou essas entidades vão puxar seus pés à noite, por mais trevosos que sejam...


Setlist:

Exu Noise Terror
Black Velho
Se Deus é Dez, Satanás é 666
KLB
Matou a Galinha e Foi ao Cinema/Exu Afirma Seu Ponto/Headbanger Voice
Arizé
A Supervia Deseja a Todos uma Boa Viagem
Vem Nariz
Cambonos From Hell
Chuta que é Macumba
Eu Não Entendi Matrix
Artimanhas do Catiço
Centro do Pica-Pau Amarelo


Behemoth

Em fim, após mais uma pausa (retirar equipamentos de palco do GANGRENA GASOSA, entre outros preparativos), as luzes se apagam, vultos surgem na escuridão, e então vemos os holofotes sobre Nergal (guitarras, vocais), que se encontra de costas para o público com duas tochas em suas mãos, Orion (baixo, vocais) e Seth (guitarras), enquanto Inferno (bateria) se posicionou atrás de seu kit e começam a tocar “Blow Your Trumpets Gabriel”, levando todos no Circo Voador (que estava praticamente lotado sob o toldo) a cantarem com eles.


O BEHEMOTH, após longos anos de espera, viera conquistar terras cariocas.



Um show do quarteto é um misto de teatricidade (mezzo ritualística, mezzo militância nos caminhos obscuros da vida), música extrema e bem feita (bem rápida, opressiva e brutal, mas técnica e requintada, e com um impacto absurdo) é o que a banda tem a oferecer, e não é pouco.




E que intensidade musical absurda, fora uma movimentação de palco ótima, especialmente de Orion e Seth, que ficam trocando de lados, andando e se movimentando muito, enquanto Nergal se concentra mais na função de tocar e cantar (embora pule e se movimente bastante. E isso nos mostra que a leucemia que se abateu sobre ele é coisa do passado). Mas o vocalista é responsável por momentos teatrais antológicos, como quando usa um turíbulo com incenso, ou rasgar uma bíblia (aquelas versões pequenas do Novo Testamento) no palco antes de “Christian to the Lions” e fazer um pequeno discurso. Vale lembrar que ele foi julgado (e absolvido) por tal prática na Polônia (em Gdynia), em 2007.




Mas é impossível não destacar o show do quarteto como um dos melhores dos últimos anos em termos de Metal, pois além de tudo, o setlist foi perfeito, cheio de grandes canções de vários de seus CDs, como “Decade of Therion” (a frase “Apo Panthos Kakodaimonos”, que significa “para longe de mim, espírito da discórdia”, foi gritada por todos), a própria “Christian to the Lions”, “Alas, Lord is Upon Me”, a clássica “At the Left Hand ov God” foram executadas de forma perfeita e intensa, mas um dos melhores momentos foi durante a execução de “O Father, O Satan, O Sun!”, onde no final, Nergal e os outros usaram as mesmas máscaras do vídeo de “Blow Your Trumpet Gabriel”, levando o público da casa à loucura e encerrando com chave de ouro a apresentação da banda.




Satisfação garantida!


Setlist:

Blow Your Trumpets Gabriel 
Ora Pro Nobis Lucifer 
Conquer All 
Decade of Therion 
As Above So Below 
Slaves Shall Serve 
Christians to the Lions 
The Satanist 
Ov Fire and the Void 
Furor Divinus 
Ludzie Wschodu
Alas, Lord is Upon Me 
At the Left Hand ov God 
Chant for Eschaton 2000 
O Father, O Satan, O Sun!


O interessante é que, na segunda-feira, fotos da banda com uma freira (no aeroporto de Guarulhos) e d banda no Cristo Redentor (um dos pontos turísticos mais clássicos da cidade do Rio de Janeiro) causaram comoções em muitos. Como se soubéssemos o que eles pensavam naqueles momentos.

Ora, ora, está na hora de acordar e perceber a vida de forma mais ampla, largar velhos radicalismos mofados de lado e perceber que, antes de tudo, Metal é música e diversão... Perdendo isso, deixa de ser algo bom...

Fonte: página oficial do Behemoth no Facebook

Fonte: Página oficial de Nergal no Facebook

Excelente evento, agradecimentos ao BEHEMOTH, ao GANGRENA GASOSA e ao TELLUS TERROR pelos ótimos shows, à produtora Sob Controle por trazer a banda pela primeira vez ao Rio de Janeiro (realizara o sonho de muitos), à The Ultimate Music Press, ao Circo Voador, e ao público que esteve presente e fez um o show ser ainda melhor.
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