22 de out. de 2014

Resenha: Karne - Faith in Flesh (CD)

Nota 8,5/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia


Bem, o Black Metal nos dias de hoje tem dois tipos de fãs: aqueles que aceitam a modernidade que entrou no estilo, e outros que são mais conservadores. Não há lado certo ou errado nessa questão, mas um direito de gostar, e assim, escolher aquilo que mais lhes é devido ouvir. Mas existem bandas que são capazes de agradar a ambos os grupos sem problemas, sabendo ter os pés enraizados na essência do Black Metal, mas que mesmo assim, sabem ser impactantes e ter certos aspectos que não desapontem os menos conservadores. E o KARNE, um ótimo quinteto francês do gênero, chega até nós com seu primeiro disco, o brutal e ótimo "Faith in Flesh", que a parceria entre a Shinigami Records no Brasil e a Quality Steel da Alemanha possibilitou o lançamento de uma versão nacional.

Podemos definir o trabalho musical do quinteto como uma mistura bem personalizada de MAYHEM com GORGOROTH e mais alguns aspectos melódicos à lá LORD BELIAL e DISSECTION (reparem como eles estão presentes nos riffs), o quinteto não buscou renovar absolutamente, mas sim ter personalidade e se impor musicalmente, E conseguiram isso com louvor, verdade seja dita, pois os vocais rasgados de Eingeweide possuem um timbre bem forte e mais grave (e com um detalhe bem interessante: é uma mulher cantando, mas se não soubéssemos disso, passaria desapercebido), as guitarras da dupla H.K.A. e R. são caprichadas nos riffs (mesmo que se observe certa simplicidade, é claro e evidente que eles possuem alma bem própria, sabendo usar algumas melodias mais soturnas aqui e ali), o baixo de Hraesvelg e a bateria de Bael se entendem perfeitamente, formando uma base rítmica forte e vigorosa, com peso e boas variações rítmicas. Resultado: uma explosão de brutalidade em forma musical, mas com qualidade inegável.

A qualidade sonora da banda consegue aliar bem uma sonoridade que soe brutal e crua (como o Black Metal exige por natureza), mas com bom nível, pois os instrumentos são claros e evidentes, com bons timbres nas guitarras, baixo e bateria com o devido peso e clareza. Tudo em seus devidos lugares como o trabalho da banda merece. E a arte que o baterista Bael criou é bem sinistra, aclimatando o ouvinte para o que vem por aí.

Karne
Assim, podemos dizer que o diferencial do KARNE em relação à outras bandas de Black Metal é sua personalidade forte, ocupando um nicho bem pensado entre a brutalidade, a velocidade e a melodia, sem que seu trabalho acabe sendo confundido por outros. É ouvir e saber que são eles tocando, graças à maneira pessoal do grupo em lidar com o processo de composição e arranjos.

Melhores momentos: a destruidora de ouvidos "Agony" (excelentes arranjos nas guitarras e vocalizações muito bem assentadas), "Darkest Fear" e suas boas mudanças de andamento (o que privilegia bastante o trabalho de baixo e bateria), a bem arranjada e veloz "The Mass Grave" (notem que mais uma vez a banda tem andamentos variados, onde a bateria mostra sua técnica e os vocais, por sua vez, estão com boa dicção), a extrema e brutal "Karne", "Kill me Again" e seu andamento não tão veloz a princípio (mas depois ganha mais rapidez), a bem trabalhada "C.R.U.D." (alguns riffs na linha do MAYHEM se fazem presentes), e a ótima "Gore Me" (mais uma vez as guitarras mostram suas forças com bons arranjos). E a faixa 10, uma "hidden track" (ou seja, faixa escondida), é uma instrumental soturna baseada em efeitos de teclado.

Boa revelação de uma terra que já deu ótimas bandas ao mundo no gênero. É uma herança clara da L.L.N. (Les Légions Noires), e o KARNE merece respeito, bem como o investimento em uma cópia física.



Tracklist:

01. Agony  
02. Darkest Fear  
03. The Mass Grave  
04. Karne  
05. Kill Me Again  
06. Carnage Path  
07. C.R.U.D.  
08. Gore Me  
09. Day & Night (Agony, Part II)  
10. Hidden Track


Banda:

Eingeweide - Vocais
H.K.A. - Guitarras
R. - Guitarras
Hraesvelg - Baixo
Bael - Bateria


Contatos:

Shinigami Records (Selo no Brasil)
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