13 de out. de 2014

Resenha: Anno Zero - The Next Level (CD)

Nota 9,0/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia


O Metal brasileiro só não recebe o devido valor em seu próprio país. Sim, uma vez que é mais fácil um clone de um clone mal feito que tenha nacionalidade estrangeira fazer sucesso em nosso país que uma banda ótima daqui. O passado não mente, e o presente mostra isso claramente. Mas no Norte e no Nordeste de nosso país, existem legiões de fãs que vão aos shows e tudo mais, dando uma aula em muito headbanger da antiga. E não é de admirar que a quantidade de ótimas bandas dessas regiões. E mais um nome forte e muito bom que coloca os dentes à mostra, executando um trabalho muito bem feito é o ANNO ZERO, de Teresina (Piauí), que depois de 10 anos após o lançamento de "Another Pleasant Evening", retorna com "The Next Level", seu mais novo álbum. E o título traduz bem a realidade do grupo: eles estão em outro nível.

Fazendo uma música melodiosa e elegante, com toques de agressividade com influências de nomes como MOONSPELL e PARADISE LOST, alguns poucos toques eletrônicos à lá SAMAEL, e assim, mesmo sem serem extremamente inovadores, possuem uma personalidade bem definida e própria. Basta ouvir os vocais que oscilam entre timbres extremos e outros normais, com guitarras em riffs fortes e bem feito (e solos inspirados, chegando a ter muitos toques do IRON MAIDEN aqui e ali), baixo e bateria formando uma base rítmica pesada e bem variada, fora participações ocasionais de vocais femininos (a voz suave de Tânia Nery dá um toque de melodia e classe bem forte nas músicas em que participa) e teclados (onde Marcelo Fontes dá uma canja em "Another Pleasant Evening", sendo que as outras saem das mão de André). Musicalmente, o que sai dessa mistura é uma música pesada, criativa, forte, com boa dose de acessibilidade e bem diferente do que costumamos ouvir todos os dias. E ainda existem momentos mais acessíveis perfeitos aqui e ali, que só colocam o disco em um patamar bem alto.

Anno Zero
A produção do próprio André Melo (guitarrista do grupo) em conjunto com a banda ajudou a dar um forte peso e classe à sonoridade da banda, mas ao mesmo tempo, é claro que optaram por algo mais seco, o que deixa a sonoridade do disco bem próximo ao que a banda toca ao vivo. Os timbres instrumentais foram muito bem escolhidos e a mixagem deixou os instrumentos em seus devidos lugares. Podemos dizer que, se não está perfeito, está muito bom. A arte, feita por criada do Eduardo Zee (baixista do grupo) é muito boa, deixando todo o layout e design em um ótimo nível, com as letras em negro sobre um fundo branco (os nossos olhos agradecem), e a modelo Pammela Noleto foi uma ótima escolha para ilustrar as idéias subjetivas que a arte busca expressar, para ligar o abstrato da música ao visual concreto.

O ANNO ZERO faz uma música que agrada por ser vibrante e moderna, fugindo de padrões rígidos, mas sem causar comoções em fãs mais antigos, sabendo impor sua personalidade em 9 ótimas canções, muito bem arranjadas e com um dinamismo muito bom. No tocante à acessibilidade musical, é onde sentimos bastante a influência do Gothic Rock aparecendo, algo de bandas como THE SISTERS OF MERCY, THE MISSION e DEPECHE MODE se faz presente, abrilhantando ainda mais o disco.

Após a enigmática intro "Infected", o disco abre com "Back Down", uma música forte e vigorosa, onde a melodia é bem acentuada e os toques eletrônicos dão um molho especial à colcha de ótimas guitarras. Em "Deceptions", mais macia e acessível, embora muito bem elaborada e ganchuda, temos as influências do Gothic Rock mais evidentes, com bom uso do contraste entre vocais normais, urrados e femininos, mais um show da bateria. Mais seca e agressiva é "The Next Level", graças aos arranjos mais secos e vocais agressivos, embora as guitarras apresentem solos mais melodiosos. Já "Poison Mind" retorna ao lado melódico e introspectivo próximo ao Metal tradicional, com bons momentos mais macios e belo trabalho de baixo e bateria. "Another Pleasant Evening" é uma música totalmente introspectiva e melancólica, embora com boa dose de peso, onde se evidencia bastante o trabalho das guitarras. Agressividade e melodia se fundem e tornam "Public Video Surveillance II" uma canção forte e beirando o Thrash Metal devido aos arranjos dos riffs, mas baixo e bateria se destacam bastante com boa técnica e presença (além de alguns toques tribais próximo ao fim da música), e "Pictures" segue a mesma linha, embora tendo momentos mais soturnos aqui e ali. Fechando com "Cold", fica claro a vibração mais Gothic Rock/Rock'n'Roll na canção, deixando-a bem acessível a um público não tão seleto.

Um disco ótimo, que mexerá com os brios de muitos. Mas para os não tão radicais, que se preocupam mais com a música em si, divirtam-se.



Tracklist:

1. Infected
2. Back Down
3. Deceptions
4. The Next Level
5. Poison Mind
6. Another Pleasant Evening
7. Public Video Surveillance II
8. Pictures
9. Cold


Banda:

Fyb Carv - Vocais, guitarras
André Melo - Guitarras, teclados, efeitos e sintetizadores
Eduardo Zee - Baixo
Chris Gomes - Bateria e percussão


Contatos:

MS Metal Press (Assessoria de Imprensa)
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