15 de ago. de 2014

Resenha: MX - Re-Lapse (CD)

Substancial Music
Nota 10,0/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia


Uma das coisas mais legais nos últimos anos estão sendo os "comebacks", ou seja, a volta à ativa de bandas e mais bandas dos anos 80 agora, mostrando que o sangue nos olhos ainda é uma realidade. E alguns nomes são sublimes, como o da querida Madre Xamã, ou mais conhecidos como o lendário quarteto de Santo André MX, que retornou à ativa em 2012, fazendo a abertura do show do ARCH ENEMY, e que agora, enfim de muita espera, lança "Re-Lapse", seu disco de retorno, cujo setlist foi escolhido pelos fãs na internet, e é composto de regravações de seus clássicos "Simoniacal" de 1988, e "Mental Slavery" de 1989.

Primeiro de tudo, é preciso ser sincero: por mais que muitos achem oportunismo da banda, "Re-lapse" tem muitos méritos, pois é uma aula de veteranos de como se faz Thrash Metal de verdade, uma vez que a roupagem que as faixas receberam está irretocável. Cada um dos clássicos recebeu um tratamento digno e bem feito, sem desmerecer as versões originais (e finalmente a banda recebe uma qualidade sonora digna de sua música e importância). E é interessante ver os vocais de Alexandre e Morto (embora cante bem menos vezes no disco que seu companheiro) ainda em grande forma, bem como as guitarras de Décio e Dumbo se mostram ainda mais ferozes em riffs e solos (este últimos receberam alguns retoques mais evidentes), o baixo de Morto troveja nas bases (e espero que ele fique na posição. Baixistas sempre foram um dos maiores problemas do grupo), e a bateria de Alexandre se mostra ainda mais pesada e técnica que antes (reparem bem em sua técnica de viradas nos tons e nos bumbos). É de fazer lágrimas de pura emoção de bangers mais experientes como o Pai Marcão descerem pelo rosto aos montes.

Produzido, gravado e mixado por Roberto Toledo, Rafa e pelo próprio quarteto no Estúdio 44 (São Paulo), a qualidade, como dito antes, é digna da música do MX, clara e limpa, mas ainda assim, bem agressiva e ríspida, com timbres bem escolhidos de forma a não alterarem a audição ou criarem discrepâncias entre os originais e os remakes (a banda se preocupou bastante nesse aspecto). A arte, um trabalho muito legal e mais simples de Morto, se encaixou perfeitamente na proposta de "Re-Lapse", com uma ilustração muito bem humorada, feita por Wiliam Pereira, na página central do encarte (uma referência clara à "Dirty Bitch" e com o mesmo padre da capa de "Simoniacal". Do jeito que está, o Pai Marcão começa a acreditar que algo um tanto quanto traumático aconteceu no reino de São Paulo com o pessoal da banda nos anos 80...).



Não é preciso falar em termos de composição, já que tanto "Simoniacal" quanto "Mental Slavery" são clássicos do Metal extremo nacional (e mesmo do Metal), criados na raça e vontade de quatro rapazes fazerem o som que queriam em uma época bem mais difícil (e romântica) que os dias de hoje. Mas como as regravações respeitam os originais, fica claro também que o trabalho sonoro do MX continua tão atual como antes, em nada datado. E ainda capaz de dar aula de como fazer Thrash Metal em muito banger que acha que sabe o que faz.

MX
O que mais dizer de canções como as fogosas e empolgantes "Dead World" (que após uma introdução bem harmoniosa, ganha adrenalina e fúria, com ótimos riffs e vocais), "Mental Slavery" (que paulada, com ótimos backing vocals e um trabalho de baixo e bateria fantástico), "Dark Dream" (onde a melodia das guitarras é bem evidente em uma música que homenageia o famigerado personagem Freddy Krueger, da série de filmes "A Nightmare on Elm Street"), "Behind His Glasses" (mais um assalto à mão armada das guitarras), o clássico absoluto "Fighting for the Bastards" (a bateria, mais audível que na original, mostra um controle de bumbos e viradas de caixa perfeitos, mais os ótimos vocais mais urrados), "I'll Bring You With Me" (mais cheia de belas melodias e com clima soturno no início, que vira uma canção de tempo mediano e boa técnica, onde os backing vocals e o baixo se destaca bastante), a empolgante e raçuda "No Violence", "Jason" (outro clássico do grupo, que começa mais cadenciado e pesado, para depois ganhar velocidade empolgante, mais uma vez com a bateria mostrando bumbos absurdos e Morto cantando muito bem nessa homenagem à Jason Voorhees, de outra série de filmes, "Friday the 13th"), as rápidas e ríspidas "I'll Be Alive" e "The Guf" (essa um pouco mais trabalhada), ou mesmo da magnífica "Dirty Bitch" (haja pescoços no meio de tanta velocidade e riffs absurdamente insanos, e o urro "bitch" no início e no meio que realmente empolgam)?

Não há como!

E de quebra, ainda temos uma segunda versão para "Fighting for the Bastards", desta vez cantada em português e com a participação de João Gordo, que ficou ótima.

Não dá para criticar. Apenas sentem, liguem o CD player e assistam a aula com atenção. E sem download ilegal, senão é expulsão certa da escola do headbanger que se preza.


Tracklist:

01. Dead World
02. Mental Slavery
03. Dark Dream
04. Behind His Glasses
05. Fighting for the Bastards
06. I'll Bring You With Me
07. No Violence
08. Jason
09. I'll Be Alive
10. The Guf
11. Dirty Bitch
12. Fighting for the Bastards (com João Gordo)


Banda:

Morto - Vocais, baixo
Décio - Guitarras
Dumbo - Guitarras
Alexandre - Bateria


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