30 de ago. de 2014

Resenha: Julia Crystal - A Journey to Shamballa (CD)

Independente
Nota 10,0/10,0

Por Marcos "Big Daddy" Garcia


É interessante dar uma olhada profunda em alguns estilos musicais um pouco diferentes vez por outra, e não é de hoje que nos deparamos com similaridades deles com o Metal, devido muitas vezes às diferentes influências que os fãs (que um dia acabam entrando em bandas, ou mesmo seguindo uma carreira dentro do universo musical) aglutinam, e que os músicos ganham ao estudarem parte mais teórica da coisa toda. Logo, é um enorme prazer para o Metal Samsara abrir suas portas mais uma vez para um gênero irmão e trazer ao conhecimento de todos o primeiro álbum de JULIA CRYSTAL, o sublime “A Journey to Shamballa”.

A priori, poderíamos pensar em classificar o CD como um trabalho mais voltado à New Age, mas logo elementos de Rock Progressivo, Pop e outros vão se aglutinando, e em alguns momentos, sentimos a um pouco certa similaridade com trabalhos de cantoras como LIV KRISTINE e ANNEKE VAN GIERSBERGEN, mas não nos enganemos: o trabalho de Julia é bem mais amplo que nossos sentidos podem compreender em certos momentos, e cada ouvida em “A Journey to Shamballa” é uma nova e deliciosa descoberta para ouvidos cansados de estilos mais agressivos. Aliás, ouvidos cansados de tantas tralhas (musicais ou não) que somos forçados a ouvir todos os dias.

Na realidade, este é um projeto de Julia (uma cantora de formação lírica) em conjunto com Alex Voorhees (produtor musical e vocalista da banda IMAGO MORTIS), e cheio de convidados de peso, como Alex Navar (do KERNUNNA, e tocou gaita irlandesa e Tin Whistle), Pedro Santos (PALÁCIO MODERNO), Kevin Shortall (banda CAFÉ IRLANDA nos violões), Paulo Rogério Viana (violão flamenco), Rodrigo Alves (guitarra, carreira solo e membro da banda PARALLAX), Marcelo Val (do HARDBALLZ), Fábio Machado Carlos “Tayo” Pardal (guitarra) e Tiago Connal (percussão). E como a produção musical ainda ficou por conta de Alex, temos uma qualidade sonora de alto nível, translúcida, clara, que nos permite aos sentidos acessar sem medo cada detalhe musical mínimo. Óbvio que alguns timbres e instrumentos assustarão os mais incautos e radicais, mas uma segunda ouvida, e tudo fluirá sem maiores problemas ou traumas.

O conteúdo artístico de “A Journey to Shamballa” é muito bem cuidado e belo, com estética perfeita e uma capa visualmente belíssima, evocando o reino da perfeição criado pelos deuses hindus, onde estão reunidos grandes mestres de várias áreas do conhecimento humano, e onde a felicidade, a beleza, a música, a paz e o amor completos reinam. Mas que mais que um lugar, seria um estado de espírito, e assim, a arte usada nos leva diretamente ao conteúdo musical/lírico do CD, e o Pai Marcão aqui pode afirmar: o sentimento que o reino de Shamballa está próximo é real. E as letras, acreditem: são excelentes, lidando com temas de uma forma mais espiritualizada, e a mensagem é extremamente positiva, independente se o ouvinte é ateu ou acredita em algo. E digamos de passagem: o mundo anda precisando MUITO de algo mais positivo, de algo que realmente nos leve a refletir quem somos, de onde viemos, para onde vamos, e o mais importante, o que podemos fazer de bom e gratificante por nós mesmos nesse mundo.

Musicalmente, não há espaço para críticas negativas. A riqueza e diversidade de “A Journey to Shamballa” é incrível, e a música flui de forma extremamente agradável em todas as suas nuances e expressões, seja em momentos puramente Soft Rock como a linda “A Journey to Shamballa” (com alguns toques perfeitos de música Hindu) e “Beyond the Myth of Shangri-La” (presença de teclados providencial e algumas nuances de Progressivo surge aqui e ali); mais dinâmicos como “Last Day on Earth” (mas sem quebrar o clima ameno); intimistas e introspectivos como “Starlit Mermaids Call” (com certo toque noir permeando a canção), “Shamballa’s Rising” (essa com uma voz mais sussurrada), “The Daughter of the Poet” (uma canção bem macia, com alguns efeitos eletrônicos que a tornam um dos melhores momentos de todo CD) e “For All Women”; em outros mais acessíveis e quase Pop como “Sharing My World” (e justamente pelos toques mais acessíveis que é outro destaque absoluto. Aqui, há certo paralelo com a carreira solo de Anneke), puramente Folk como “Gitana” (violões e castanholas dando um toque de música espanhola aqui e ali), "Bajah Sri Krishna" (que chega a ser quase um mantra em meio ao clima ameno e etéreo da canção), a lindíssima “Earthlings” e o bônus “Sinos Além dos Campos” (cantada em português que tem a participação de Mônica Brandão com belos vocais. Ainda vemos um pouco da tradicional canção de ninar francesa “Frère Jacques” aparecendo em alguns trechos); e mais Soft Electronic como “Heaven’s in Trance”, em todos, o bom gosto e esmero musical surgem de maneira espontânea, bem suave e polida. E acreditem: ouvir o disco uma vez o desperta para um lindo sentimento de paz interior, que nada tem a ver com música, com mundo ou dificuldades, mas apenas de um bem estar de você com você mesmo.

Um disco de fácil assimilação, e que abre os sentidos para algo de bom e grandioso em termos musicais e mentais. E Julia compartilha, juntamente com todos os envolvidos, um pouco de si, de seu espírito. Nada melhor que deixarmos nossas mentes abertas à uma compreensão maior e mais profunda do todo em que vivemos, à uma nova e deliciosa experiência...






Tracklist:

01. A Journey to Shamballa
02. Last Day on Earth
03. Starlit Mermaids Call
04. The Daughter of the Poet
05. Sharing my World
06. Gitana
07. Beyond the Myth of Shangri-La
08. For All Women
09. Heaven’s in Trance
10. Bajah Sri Krishna
11. Earthlings
13. Shamballa’s Rising
14. Sinos Além dos Campos


Banda:

Julia Crystal – Vocais
Alex Voorhees – Teclados, programação de bateria, sintetizadores
Carlos “Tayo” Pardal – Guitarra em “A Journey to Shamballa” 
Fábio Machado – Baixo em “A Journey to Shamballa” e “Starlit Mermaids Call”
Pedro Santos – Baixo em “Last Day on Earth” 
George Antoniadis – Baixo em “The Daughter of the Poet” 
Mauricio Blues Biango – Guitarra em “The Daughter of the Poet” 
Alex Navar – Gaita irlandesa e Tin Whistle em “Gitana” 
Paulo Rogério Viana – Violão Flamenco em “Gitana” 
Kevin Ohlsson – Teclados e programação em “Shamballa’s Rising” 
Marcelo Val – Baixo em “Gitana” e “Beyond the Myth of Shangri-La” 
Kevin Shortall – Violão em “Beyond the Myth of Shangri-La” 
Tiago Connall – Percussão
Rodrigo Alves – Guitarra solo em “Beyond the Myth of Shangri-La”


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