29 de jul. de 2014

Tradição Mineira de Peso – Entrevista com ANEUROSE



Por Marcos “Big Daddy” Garcia

O ANEUROSE, banda de Death/Thrash Metal de Lavras (MG) é um exemplo da tradição do Metal extremo mineiro, não só em termos sonoros, mas daquelas que aceitam os desafios e partem para a luta sem medo das dificuldades. E após o lançamento de “From Hell”, seu CD de estréia, em 2013, a banda continua uma luta árdua em busca de seu espaço. Mas sem esmorecer.

E aproveitando o momento, fomos lá bater um papo com a banda.


BD: Antes de qualquer coisa, agradecemos demais pela entrevista. E já que é nosso primeiro bate-papo, que tal nos contar um pouco da história da banda? Como foi que se reuniram e chegaram ao estilo sonoro, e como foi a luta até chegarem a “From Hell”?

Wall: Hey Big Daddy! Nós que agradecemos, é um prazer! A ANEUROSE aconteceu por força do Deus do Rock cara. Eu havia me mudado do Rio de Janeiro pra Lavras-MG e estava à procura de uma banda pra cantar, encontrei um batera num show de rock e ele me disse: “-Você é vocalista? Tenho uma banda pronta, só falta vocal” (Risos). Na semana seguinte começamos os ensaios e desde o princípio focamos no som autoral, os caras já tinham algumas bases, o que facilitou muito. A partir daí compomos várias músicas e fizemos muitos shows, até que em 2009 tivemos que dar uma pausa nas atividades. Retornamos em 2011 com nova formação, reciclamos algumas músicas antigas e compomos outras. Nos planejamos e em 2013 fomos ao Rio de Janeiro para gravar o "From Hell".


BD: E uma pergunta sobre o nome ANEUROSE: de onde ele veio, e qual o significado para o trabalho de vocês? Enxergam que ele, de certa forma, permeia e dá corpo à sonoridade intensa e “neurótica” do grupo?

Wall: Estávamos em meio a um “Brainstorm” discutindo sobre um nome para a banda, até que o Caita, que na época era nosso baixista, sugeriu ANEUROSE. Buscamos no dicionário e a palavra não existia, então inventamos o significado pra ela. A(prefixo de não) + Neurose = Sem Neurose (Risos), um protesto contra o excesso de cobranças e preocupações do dia-a-dia. Hoje sinto que o nome agrega mais significado que naquela época, e concordo com você, ele dá corpo ao som da banda.


BD: Entre a fundação da banda e o lançamento de “From Hell”, existe um intervalo de tempo de 10 anos. O que os fez levar tanto tempo para gravar seu primeiro álbum? Se bem que vocês surgiram quase no início da febre dos downloads ilegais pela internet, então, teria sido isso de certa forma um fator a ser levado em conta?

Wall: Na realidade não foi por isso a demora. O que aconteceu é que nós éramos moleques demais pra pensar em algo tão profissional. Alguns tinham apenas 14 anos na formação original da banda, eu era o mais velho e tinha 18. O lance naquela época era compor pra tocar ao vivo, não havia maturidade ou qualquer planejamento. Acredito que fizemos bem em esperar.


BD: Bem, não sei se é o caso, mas “From Hell” costuma denotar referência à uma célebre carta da Jack, o Estripador, mas não parece ser o caso do disco de vocês. Logo, de onde veio esse “Do Inferno”? Alguma inspiração mais específica que possam nos contar? E não vale dizer que vem da ressaca da cachaça mineira (risos).

Wall: (Gargalhadas). A boa cachaça mineira não dá essa ressaca não, hein (risos). Na realidade quando apresentamos este trabalho ao Gus ele disse: “-Cara, isso é FROM HELL” (Risos), e complementou dizendo que “lá fora” era uma gíria utilizada para algo de impacto, como “Animal! ou Brutal!”. A faixa 6 do álbum ajudou a tomar esta decisão também.


BD: Ainda falando de “From Hell”, como foi trabalhar com Gus Monsanto na produção? Aliás, como chegaram até ele, já que apesar da agressividade, a produção ficou de alto nível? E como chegaram à capa do disco? Sim, a pergunta é porque em uma brincadeira bem popular, costumamos dizer que “tudo para mineiro é trem”. Mas não se preocupem, pois sei que “todo carioca”, como eu, “tem mania de malandro” nos outros estados (gargalhadas).

Wall: Cara, você acaba de dar novo significado a essa capa (gargalhadas). A arte da capa foi concebida pelo talentosíssimo Marco Carvalho, ele também fez nossa logo e indicou o Gus para produzir do disco. Mas não dá pra falar desta produção sem citar o Marcelo Oliveira. Essa dupla basicamente capturou o queríamos, deram polimento, brilho e passaram pro CD. Gravamos na semana do carnaval de 2013, foram 6 dias com no mínimo 12 horas trabalhadas em cada um deles. Foi uma honra trabalhar com caras desse gabarito, aprendemos muita coisa boa como eles.


BD: De “From Hell”, vocês extraíram como primeiro Video Single “Hunting Knife”. Por que justamente esta faixa foi escolhida? Como foi que surgiu a parceria com a Escapada Produções para a realização do vídeo? E a resposta do público ao vídeo, foi o que esperavam? 

Wall: "Hunting Knife" é uma das músicas compostas na primeira fase da banda, nós pegamos o riff principal e a construímos novamente. Ela concorreu com outras faixas para o clipe, como "Square in Flames", "Drink Like a Man" e "Black Widow", mas foi a escolhida devido o seu significado especial pra ANEUROSE e sua dinâmica. A Escadas Produções foi indicada pelo Bruno Maia (Tuatha de Dannan, Braia e Kernunna), no mesmo ano a produtora gravou os shows do Roça’n’Roll e produziu o documentário do evento. As gravações ocorreram em Cambuquira-MG, cidade natal dos caras do Escadas, e tivemos como locação as ruínas de um famoso hotel da cidade. Todos foram muito legais com a gente, sempre de bom humor, eles são pessoas sensacionais. 


BD: Já que falamos de “Hunting Knife”, apesar das dificuldades de nosso país, não existe uma idéia ou vontade de fazer mais um vídeo de divulgação? Um lyric vídeo poderia ser uma idéia viável e bem explorada...

Wall: Temos mais um clipe a caminho, em breve daremos mais informações sobre a música e data de lançamento.


BD: “From Hell” está quase completando um ano de vida, logo, vem aquela boa e velha pergunta: já existe um sucessor para ele? Se sim, tem uma data prevista para quando o novo play seja lançado?

Wall: Calma, bro (Risos). Devido à ótima repercussão do "From Hell", ele será relançado pela Eternal Hatred Records em setembro deste ano, com direito a uma faixa bônus. Teremos uma super distribuição a nível nacional, os CDs estarão disponível nas lojas especializadas de todo país e em MegaStores como Saraiva, Americanas, FNAC, Submarino, etc. De qualquer forma, nunca paramos de compor então, não demora muito para sair um segundo disco.


BD: E como tem sido a recepção de “From Hell” por público e crítica? Esperamos que bem.

Wall: Estamos muito felizes com a receptividade do disco! Seja pelo público ou via crítica especializada só tivemos retornos positivos, ele inclusive figurou na Roadie Crew e em alguns sites como um dos maiores lançamentos de 2013. Temos um orgulho danado disso!


BD: Lá encima, falamos da problemática dos MP3 compartilhados ilegalmente, e o problema é bem mais geral do que pensamos. Europa, EUA e outros cantos também sofrem com isso. Qual a opinião de vocês sobre o assunto, especialmente sendo uma banda que lançou seu primeiro disco há pouco tempo? Acham que este compartilhamento é benéfico ou prejudicial em algum ponto?

Wall: Cara, como tudo na vida, existem os aspectos positivos e negativos. Claro que o compartilhamento é importante, principalmente para as bandas independentes que não conseguem atingir o público via grandes mídias, como rádio ou televisão. Acho mesmo é que a galera tem que compartilhar nosso CD, escutar as músicas no celular (com fone por favor) ou no MP3 player. Porém, um músico precisa vender seu trabalho para continuar compondo, tocando e gravando, sendo assim, é muito importante que mesmo tendo o arquivo digital, as pessoas comprem o disco, até porque, nele vão encontrar as músicas em qualidade superior, informações exclusivas e imagens que só quem adquire o álbum irá ter. 


BD: E em termos de shows? Como tem sido a divulgação do CD? E já existem planos para tocar em outros estados, como RJ, SP, RS e mesmo uma visita às regiões Norte e Nordeste?

Wall: Sim! (Risos). A Tour From Hell está a todo vapor. O Trem da ANEUROSE passou no Rio Grande Sul em fevereiro, foram três shows animais pelo estado. Acabamos de retornar de São Paulo onde subimos aos palcos em Jandira e Santo André, e provavelmente voltaremos em outubro. Estaremos no Rio de Janeiro em agosto! Serão duas apresentações na capital, uma em Cascadura e outra em Bonsucesso. Queremos ir para o Norte/Nordeste este ano ainda! Vamos ver como as coisas desenrolam.


BD: Agradecemos muito sua paciência, e deixamos o espaço para suas considerações finais. 

Wall: Paciência?! Big Daddy, foi muito legal responder a todas as perguntas, muito obrigado! Agradecemos também toda galera que curte e apoia a banda, sem vocês nada seria possível! Um recado pra quem ainda não conhece nosso som: Queremos te surpreender! Ouça ANEUROSE! Rock on!

Contatos:
www.aneurose.com


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