Metal Samsara: Resenha: Creptum - The Age Of Darkness (CD Demo)

2 de jun. de 2014

Resenha: Creptum - The Age Of Darkness (CD Demo)

Independente

Nota 8,5/10

Por Marcos "Big Daddy" Garcia

Definitivamente, o Brasil é a nova pátria do Black Metal mundial. Em termos das múltiplas sonoridades que o estilo encerra, temos excelentes bandas como PATRIA, MYSTERIIS, OCULTAN, MORTE NEGRA, MIASTHENIA, e muito outros que rebuscam uma sonoridade um pouco mais crua e azeda, próxima às origens da SWOBM, mas ao mesmo tempo, dentro desses limites, as bandas conseguem expandir e fazer algo realmente de bom gosto. E o mais novo membro dessa leva de ótimas bandas é o CREPTUM, vindos de São Paulo, que chega com relançamento de seu segundo trabalho, o Demo CD "The Age of Darkness". Mas leiam até o final, pois existem algumas diferenças entre a versão original de 2004 e esta.

Temos aqui a regravação do Demo CD "The Age of Darkness", com sua formação original, ou seja, um trio de peso. E o trabalho da banda é sujo, mórbido, velocidade moderada (nada na velocidade da luz, por favor), cru e ríspido até a alma. Tudo bem, está longe de quererem inovar algo, mas que buscam ser honestos e íntegros com suas raízes musicais. E mesmo assim, esse trio é capaz não só de surpreender, mas de fazer um trabalho convincente e que realmente aponta para um futuro bem promissor.

Creptum

A alquimia de vocais rasgados (com alguns urros mais guturais aqui e ali), riffs de guitarra cortantes e ríspidos (com alguns solos com melodias sinistras), baixo e bateria com boas medidas de técnica e peso, logo, temos um trabalho que realmente vai pegar aqueles fãs mais saudosistas do Black Metal do início dos anos 90 pelo ouvido. E não vai largar, pois o trio sabe fazer uma música bem envolvente.

Em termos de produção, não do que reclamar. A gravação feita no Estúdio CD Áudio Souza Lima, em São Paulo, está clara e audível demais, mas mesmo assim, os elementos do Black Metal cru e pesado do grupo estão intactos, com boa timbragem dos instrumentos, e muita, muita agressividade aliada à criatividade do trio. Já a are é bem sinistra e antenada com a proposta sonora do grupo, em um trabalho feito por Raphael Grizilli, designer e um dos fundadores da banda, mundando apenas o logotipo (que é o mais recente) e os tons terem ficado mais escuros.

Em termos musicais, a banda capricha nos arranjos, fugindo da repetição eterna de andamentos e tempos tão comuns em bandas que buscam essa sonoridade mais de raiz, e é justamente onde eles ganham muitos pontos.

A surpresa final é que as músicas não estão distantes de suas versões anteriores, apenas com uma gravação um pouco melhorada e fica claro que os caras estão mais seguros em seus instrumentos, o que torna a nova audição de "The Fall of the Nazarene Whore", "Darkness Is the Only Path to Our Blackened Souls", "The Strength of a Master", "Killing for Satan", e "Disciple of Evil" uma experiência renovada, mas sem que os fãs mais antigos venham a se sentirem ofendidos, muito longe disso. Quem já gostava, vai gostar ainda mais, e o grupo tende a angariar novos fãs. E de quebra, ainda temos uma faixa nova, "Oh My Lord...", mostrando que o trio está de volta com sangue nos olhos e dentes trincados, dispostos a conquistar seu merecido espaço. E eles merecem.

Um trabalho extremamente honesto, digno de palmas, e que podemos ouvir e/ou baixar gratuitamente nos links abaixo (embora eu diga: deixem de ser sovinas e comprem a versão física, pois o disco merece):

Audição

Download gratuito

Um ótimo presente para os fãs de Metal extremo, com toda certeza.

Indicadíssimo!