Nota 9,0/10
Por Marcos "Big Daddy" Garcia
Tosco, sujo, pesado, direto e cru. E nada disso desabona o trabalho de uma banda quando bem direcionado, especialmente em se tratando de Black Metal de raiz, aquela sonoridade SWOBM que todos conhecem e gostam, lá dos anos 91 e 92. E sim, ainda existem excelentes representantes do estilo por aí, e no Brasil, um nome que surge e mostra um trabalho ótimo é o MORTE NEGRA, de São Paulo. E seu disco de estreia, “Que a Desgraça Caia Sobre a Humanidade”, é uma aula de rispidez bruta e negra para cima de todos.
Que se diga, antes de tudo, que a banda faz algo mais cru e direto, mas isso não quer dizer que não exista valor técnico, muito pelo contrário: é a simplicidade técnica da banda que a faz ser ótima. E as letras tratam não só do Satanismo extremamente simplista, mas sim sobre os aspectos destrutivos que existem em cada ser humano (e vemos letras em nossa língua natal, o que abrilhanta ainda mais o trabalho do trio). E nas músicas. Vocais rasgados a extremo, riffs abrasivos e solos bem feitos, base baixo/bateria bem simples, mas bem feita. E musicalmente, o grupo merece aplausos, pois sua música nos envolve completamente.
A produção sonora do grupo, com mixagem e masterização pelas mãos de Iser (vocalista/guitarrista do grupo) é crua, antenada com a proposta musical do trio, mas isso não quer dizer que por ser tosco está mal feito. Muito pelo contrário: você consegue ouvir os acordes e arranjos musicais muito bem. A qualidade sonora, aliada à sujeira essencial do gênero, tiveram um efeito final realmente positivo. E, além disso, o uso de fotos e diagramações em tons de preto, branco e cinza dão corpo à música do grupo, pois apesar de simples, está bem feita.
Morte Negra |
Destaques: a rápida e abrasiva “Que a Desgraça Caia sobre a Humanidade” (os riffs secos realmente conduzem a música muito bem), a brutal “Illuminati” (mais uma vez, riffs ótimos, associados à uma base baixo/bateria bem sólida), a soturna “O Despertar” (veja a força dos vocais e bateria, pois os andamentos mórbidos e forma de cantar realmente dão uma forte conotação opressiva, e ainda temos a presença de um ótimo solo de guitarra), a ótima e cadenciada “...E a Vida se Extingue” (uma canção soturna e extremamente opressiva, daquelas que se ouve uma vez e não sai mais da cabeça, com ótimos riffs), e a rápida e cativante “Taninsam”.
Uma ótima revelação da cena Black Metal brasileira, que merece respeito e a ouvida cuidadosa, bem como uma cópia física em suas casas.
Tracklist:
01. Ave Domini Satani (Intro)
02. Que a Desgraça Caia sobre a Humanidade
03. Apophis
04. Illuminati
05. O Chacal
06. Occidis Bastardum Christos
07. O Despertar
08. ...E a Vida se Extingue
09. Taninsam
Banda:
Iser – Guitarras, vocais
Kingu – Baixo
Azabua – Bateria
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