31 de jan. de 2014

Behemoth - The Satanist (CD)

Nuclear Blast Records
Nota 10/10

Por Marcos "Big Daddy" Garcia

E eis que a banda mais seminal do Death/Black atual retorna após cinco anos sem discos inéditos, e muitas dificuldades (como a leucemia que acometeu Nergal em 2010). Sim, o quarteto polonês BEHEMOTH retorna à carga com "The Satanist", mais uma jóia rara e preciosa em uma carreira extremamente produtiva.

A primeira coisa que salta os olhos (e ouvidos) é que a banda preferiu fazer um trabalho um pouco menos elaborado do que conhecemos, algo mais seco e fundamental, sem fugir das características que aglutinaram com os anos de experiência, ou de sua pegada técnica. Nergal está com a voz mais seca e sem efeitos, com um tom um pouco mais rasgado de sua voz; as guitarras dele e de Seth estão perfeitas, pois a gravação do álbum deu uma priorizada nelas (os riffs estão incríveis, e os solos esbanjam técnica e melodia); o baixo de Orion está extremamente audível e presente, mostrando boa técnica e peso; e falar de Inferno é desnecessário, já que seu domínio da bateria é extremamente conhecido, preciso e agora ainda mais variado (alguns tempos 1 X 1 aparecem de forma brilhante, em uma forma um pouco mais tradicional em termos de Metal extremo). Mas não se aflijam os fãs mais ortodoxos, pois a banda não decepciona.

Behemoth
A gravação feita nos Hertz Studios em Białystok, e no RG Studio, em Gdańsk, ambos na Polônia, novamente sob a tutela dos irmãos Wiesławski (Wojciech e Sławomir), tendo uma mão de Daniel Bergstrand na produção de bateria, de Matt Hyde na mixagem, e de Ted Jensen (que já trabalhou com bandas como BLACK LABEL SOCIETY, DEATH ANGEL, DREAM THEATER, MEGADETH, METALLICA, entre muitos outros) na masterização. E essa fusão deu ao trabalho, como dito antes, uma sonoridade mais seca, com os efeitos em níveis mais básicos (novamente, reparem na voz de Nergal e no som das peças de bateria), dando uma leve sonoridade que resgata as influências de Black Metal do grupo. E ainda nem falamos na presença de Krzysztof "Siegmar" Oloś (do VESANIA, banda de Black Metal da Polônia) nos samples e Michał Łapaj (do RIVERSIDE, banda polonesa de Rock Progressivo) no velho e maravilhoso Hammond. O desgin gráfico de Denis Forkas ficou muito bela, enfocando um lado mais orgânico da arte, algo que realmente foge do padrão digital dos dias de hoje, lembrando uma pintura feita a mão em tinta óleo.

A parte musical, apesar de estar ótima, apresenta algumas simplificações estruturais diante do padrão que eles usaram desde "The Apostasy", focando o trabalho mais em arranjos de instrumentos tradicionais do Metal (guitarras, baixo, bateria e teclados), mas mesmo assim é um passo adiante do BEHEMOTH, sem dever nada a discos como "Satanica", o próprio "The Apostasy" ou "Evangelion". Ou seja, o disco todo é ótimo, sempre com o elevado padrão, com arranjos musicais bem trabalhados e que rebuscam toques de bandas mais clássicas  dos 70 em termos de Metal, muito disso graças ao uso do órgão Hammond.

Melhores momentos: "Blow Your Trumpets Gabriel", música do vídeo e primeira faixa divulgada, com um andamento lento e pesado, com riffs de guitarra mais simples (mas ótimos), grandes vocais e teclados perfeitos; a ótima "Furor Divinus", onde boa parte da canção é dominada pela cozinha (e Inferno usa batidas 1X1 mais simples várias vezes); a forte "Messe Noire"; as diversificadas "Ora Pro Nobis Lucifer" e "Amen" (esta possui percussões interessantes); a soturna, cadenciada e climática "The Satanist" (Inferno arrasa mais uma vez na bateria, fora Orion está com alguns acordes ótimos nas quatro cordas), sendo que "Ben Sahar" segue esta mesma linha, sendo maravilhosa e com alguns momentos mais amenos das guitarras; a opressiva "In the Absence of Light", onde alternam-se momentos rápidos e agressivos com alguns medianos, outros mais lentos e alguns acústicos, onde uma narrativa aclimata bastante o ouvinte. E por fim, a fantástica "O Father O Satan O Sun!", uma música grandiosa, com ótimos arranjos, em uma andamento que varia bastante, excelentes riffs e solos, Orion e Inferno mostrando um trabalho incrível, exclentes vocais, e grandes doses de melodias.


Um excelente lançamento, que deve sair no Brasil (apenas um palpite do Pai Marcão, nada certo ainda), trazê-los para alguns shows em nossas terras (outro palpite apenas), e fazer a felicidade para muitos.

Ah, sim: houve muita reclamação por parte de fãs ortodoxos de Metal no Brasil devido à uma foto dele com um padre (chamado Boniecki) em que entrega uma biografia oficial ao sacerdote, bem como as conversas com membros do AS I LAY DYING. Por mais que este assunto esteja superado (ou deveria estar), cabe aos mais radicais a explicação que se encontra no site Metal Extremo. Isso chama-se "direito à defesa", algo que todos possuem, e na absência da banda, o Pai Marcão se dá o direito à uma breve apologia. 

Podem comprar de olhos fechados!






Tracklist:

01. Blow Your Trumpets Gabriel
02. Furor Divinus  
03. Messe Noire
04. Ora Pro Nobis Lucifer
05. Amen
06. The Satanist
07. Ben Sahar
08. In the Absence of Light
09. O Father O Satan O Sun!


Banda:

Nergal - Vocais, guitarras
Seth - Guitarras, backing vocals
Orion - Baixo, backing vocals
Inferno - Bateria, percussão


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