Metal Samsara: Ágona - Homo Grotescus (CD)

1 de ago. de 2013

Ágona - Homo Grotescus (CD)

Independente - Nacional

Nota 10/10

Por Marcos Garcia

Sabem quando uma banda realmente evolui a cada disco, transformando a si mesma em uma referência positiva, tornando seu nome sinônimo de qualidade e de um bom trabalho?

É assim com o quarteto carioca ÁGONA, que após um Single e um EP, finalmente o quarteto lança 'Homo Grotescus', seu primeiro Full-Length, um disco que transpira brutalidade e sofisticação, já que a banda transita nos caminhos do Progressive Death/Thrash Metal moderno, ou seja, uma esporreira sonora agressiva de doer os ossos, mas sempre bem feita e trabalhada com esmero.

A formação é a mesma de sua fundação, ou seja, estão juntos desde 2005, logo, o trabalho do grupo é extremamente coeso, cheio de energia e pulsando vivo o tempo todo, com Alan Muniz vociferando com maestria, mas sabendo variar entre o gutural, o rasgado e momentos de voz limpa bem agressivos, ao passo que Leonardo Milli mostra sua categoria em riffs criativos e solos bem dosados. Já a cozinha rítmica de Rafael Ferraz (baixo) e Vinícius Bhering (bateria) é ótima e diversificada em termos de técnica e andamentos, mas sempre pesada e coesa, sem deixar espaços vazios. E quem ganha com isso são os ouvintes, já que a resultante é extremamente bruta e bem feita.

Gravado nos PyroZ Studios, sob a tutela dos Pirozzi Brothers Murilo e Rômulo, que fizeram também a mixagem e masterização do trabalho, a sonoridade que flui do disco é bem equilibrada entre peso, agressividade e limpeza, ou seja, está em ótimo nível (que para quem os acompanha, sabe do que esses dois são capazes). Já a arte é de Raphael Gabrio (baixista do também carioca FORCEPS), que já fez excelentes trabalhos gráficos para bandas como UNEARTHLY, REVENGIN, INNOCENCE LOST e outros, e ficou no mais alto nível, bem antenada com a proposta musical/lírica da banda.

O trabalho musical da banda é de alto nível, sem deixar espaços para comentários negativos, e mais um atrativo são as letras da banda que, além de cantadas em português (e mais acessíveis a todos), são inteligentes e bem escritas, mostrando que o grupo realmente possui algo a dizer.

Ao ouvir o trabalho do grupo, vemos que realmente o ÁGONA amadureceu bastante, pois suas composições agora estão ainda mais polidas e bem cuidadas, mas sem perder a rispidez já conhecida, e podemos conferir isso em faixas como 'Regressão' (um murro nos tímpanos, com ótimo trabalho de guitarras e bateria, especialmente nos bumbos, fora a aclimatação de um teclado muito interessante), a furiosa 'Predestinados' (os vocais aqui mostram ótima diversidade, bem como a faixa é bem trabalhada), a empolgante 'Redomas' (uma pouco mais simples, mas reparem bem no peso da cozinha, e temos a participação especial de Felipe Chehuan, do CONFRONTO, nos backing vocals), a furiosa 'Unon' (faixa que tem vídeo oficial disponível, uma golfada bruta e mais cadenciada), a intensa e bem trabalhada 'Utopia', a excelente 'Cavalo de Tróia' (com uma intro feita com toques de regionalismo brasileiro, antes de virar um murro nos ouvidos mais incautos, com belas conduções da bateria e vocais insanos), a bela 'Gaia' (com riffs fortes e que realmente conseguem transmitir o manifesto da letra), e a belíssima e bem cuidada instrumental 'Grande Perdedor' (focada mais em um clima ameno, mostrando a diversidade instrumental da banda, especialmente do baixo), além da versão em inglês de 'Unon', que fecha o disco. E um ponto a ser citado: este disco é dedicado à memória do amigo e irmão de todos nós, Ernani Henrique.

Fãs da brutalidade explícita e bem feita, é para os senhores que este disco foi concebido, logo, não percam!!!