Metal Samsara: Lordi - To Be or Not to Beast (CD)

28 de jun. de 2013

Lordi - To Be or Not to Beast (CD)

Shinigami Records - Nacional

Nota 9,5/10

Por Marcos Garcia

Realmente, o mundo do Metal nos prega peças de vez em quando muito boas. E o quinteto LORDI, das frias terras da Finlândia, nos mostra o quanto podem surpreender com esse disco muito bom, 'To Be or Not to Beast', que a Shinigami Records, prestando mais uma vez um ótimo serviço aos bangers brazuca, acaba de pôr no mercado nacional.

É bem verdade que a banda usa trajes de monstros em fotos promocionais e em suas apresentações ao vivo à lá GWAR (só não nada tão nojento como os americanos), o que poderia confundir alguns fãs mais incautos, mas sua sonoridade é um Hard'n'Heavy vibrante e cheio de energia, com ótimos refrões e tudo que é indispensável ao estilo. Ou seja, este quinteto insano é adepto daquilo que chamamos de "Rock Horror', ou seja, algo muito teatral no palco, e no caso deste quinteto, uma música muito boa e agradável, com vocais roucos muito bons, guitarras com riffs bem compostos e ganchudos, baixo e bateria coesos e pesados, e teclados eficientes aclimatando o produto e tornando-o mais acessível. Traduzindo: um som bem pesado, que dá gosto de ouvir, mas acessível e contagiante.

Produzido, mixado e masterizado pelo conhecido Michael Wagener (cujo nome está associado a trabalhos com bandas como MEGADETH, ACCEPT, RAVEN, HAMMERFALL, SKID ROW, entre tantos outros), é óbvio que o trabalho sonoro do disco está perfeito, com cada instrumento bem claro e aparente, sem deixar nenhum deles se sobressair acima dos outros, e ao mesmo tempo, sem tirar o peso da banda e sem mutilar a acessibilidade sonora do grupo. A arte, concebida pelo próprio Mr. Lordi (vocalista da banda), está bem trabalhada e reforça a imagem de monstros e o tom de humor negro da banda.

Se não se pode levá-los a sério pela imagem e letras, podem fazê-lo por sua música, que é de alto nível e envolvente, pois o CD de ponta à ponta é ótimo, com tudo para fazer sucesso em terras brasileiras com méritos próprios, uma vez que fora a acessibilidade, ainda conta em favor da banda a duração de suas músicas, evitando ultrapassar os 4 minutos.

A ganchuda e envolvente 'We're Not Bad for the Kids (We're Worse)' abre o CD, com a bateria mostrando um trabalho consistente e ótimos riffs, seguida por 'I Luv Ugly', outra que apesar de mais cadenciada, é bem contagiante e o ouvinte sairá gritando o refrão a plenos pulmões, além de ser permeada por riffs e teclados bem construídos. 'The Riff', faixa do vídeo oficial de divulgação (vejam, pois é extremamente legal!), já possui uma maior presença dos teclados, vocais bem postados e com um refrão bem grudento, o que a torna a faixa de trabalho do disco. Já 'Something Wicked This Way Comes' é mais refreada e pesadona, sobressaindo-se os vocais, que se liga sem interrupções à 'I'm the Best', que é uma ótima canção e um dos pontos altos do disco, com uma ótima levada Rock'n'Roll. 'Horrifiction' mantém o nível do disco, com suas variações entre momentos mais ríspidos e outros mais lentos, bem como a mais Rocker 'Happy New Fear' também faz, reparem bem na força do refrão. 'Schizo Doll' começa bem caótica, em uma mistura de riffs e teclados insanos, antes de virar um belo hardão pesado. 'Candy for the Cannibal' é uma canção bem forte e com belos momentos de baixo e voz. A pedrada irônica 'Sincerely with Love' é bem legal, mas recomendamos uma lida na letra para perceberem a ironia do título. Já 'SCG6: Otus' Butcher Clinic' é metade uma brincadeira eletrônica/industrial caótica, e a segunda metade é um solo de bateria gravado ao vivo em Paris, feito pelo finado baterista Otus (Tonmi Lillman, cuja causa mortis ainda é desconhecida), em um tributo à sua memória.

Realmente este disco surpreende bastante quem não conhece o ótimo trabalho do quinteto, e merece o investimento. Indicadíssimo à fãs de bandas como I, CHROME DIVISION e utras do ramo, mas é óbvio que estes monstros finlandeses irão pegar muitos outros com sua música.