Metal Samsara: Frade Negro - Black Souls on the Abyss (CD)

28 de jun. de 2013

Frade Negro - Black Souls on the Abyss (CD)

MS Metal Records/Kill Again Records - Nacional

Nota 8,5/10

Por Marcos Garcia

Heavy tradicional vigoroso, cheio de energia e com um pé no Power Metal (aquele dos anos 80. Nada com as bandas mais atuais), na melhor linha de bandas como ACCEPT, JUDAS PRIEST e bandas mais agressivas da NWOBHM, como SATAN e GRIM REAPER. É assim que pode ser definido a música do quarteto FRADE NEGRO, de Jaraguá do Sul (SC), que chega com seu segundo disco, o ótimo 'Black Souls of the Abyss', que a coligação MS Metal Records e Kill Again Records botou nas lojas.

O quarteto faz um som pesado e, apesar de ter os pés fincados na Old School, busca dar uma atualizada em termos de gravação, logo, o trabalho do grupo não soa datado, mais cheio de vida e energia contagiante, com a medida de agressividade e melodia muito bem equilibrada. Temos vocais secos e bem encaixados (mas que sabem soar melodiosos quando necessário, em uma escola à lá Udo Dirkschneider em vários momentos), guitarras soando pesadas em riffs ganchudos e solos que esbanjam melodia, baixo que se

sobressai bastante e bateria com boa técnica e peso. E esses elementos se fundem com maestria para nos brindar com uma música cheia de energia e impacto.

Tendo as mãos de André Fabian (guitarrista/vocalista do STEEL WARRIOR), a banda soa equilibradamente pesada e limpa, sem priorizar nenhum instrumento, e sem deixar a música soar oca. Já a arte, bem feita, é de Ed Repka, e pode enrolar muitos fãs, que podem acreditar que estão lidando com uma banda de Metal extremo (se bem que é tudo Metal. Rótulos é para os fracos!).

O disco é bem nivelado em termos de composições, cada uma delas com seu devido mérito, mas não dá para não exaltar as ótimas 'Souls in the Abyss' (com um andamento mais lento, pesada, com vocalizações bem cuidadas e grandes riffs de guitarra), a vibrante 'The Dead Walk' (a base baixo/bateria dá um show), 'Black Warriors' (com riffs e solo muito bons, fora a presença marcante do baixo), 'House of Pain' (que refrão dos diabos! Não sai da cabeça depois da segunda ouvida!), a mezzo-balada, mezzo-pesada 'Forgotten by the Gods' e a maravilhosa 'The Snake Smoked', que começa com um trecho do 'hino do expedicionário' (usado na Segunda Guerra Mundial, na campanha da FEB nas terras da Itália contra as forças do Eixo. Existiu em Pistoia, na região da Toscana, um cemitério-memorial de soldados brasileiros, cujos corpos foram transferidos para o Memorial do Rio de Janeiro, enquanto na Itália há um monumento na memória deles), depois vira um Metal'n'Roll pesado e bem forte. É interessante notar que o título desta música é uma referência ao lema da FEB, "A Cobra Está Fumando".

Um CD muito bom, de uma banda honesta e que não tem pretensão de causar revoluções musicais, mas que faz sua música com o coração e se mantém bem acima da média, e merece uma ouvida com todo carinho da parte dos bangers.