Independente - Nacional
Nota 10
Por Marcos Garcia
É bom que alguns modistas metidos a zumbis ou à banda de Death Metal não lerem esta resenha, pois aqui o papo é reto, duro, nu e cru: este quinteto de zumbis não veio da Zombie Walk ou de filmes wannabe de horror atuais, mas dos túmulos abertos e fedorentos dos cemitérios de Joinville (SC). E de lá, se ergueram os cinco mortos-vivos mais loucos e extremos do Metal, o ZOMBIE COOKBOOK, que após dois Singles, resolveram soltar um Full Length com cheiro e jeito de cemitério, o fantástico arrasador de tímpanos 'Outside the Grave'.
Musicalmente, a banda aposta em um Death/Grindcore duro e cru de pingar sangue, longe de ser simplista, mostrando uma técnica boa, com vocais para lá de insanos, alternando entre vozes esganiçadas e berros guturais, riffs de guitarra maciços e bem estruturados, solos ensandecidos, e uma cozinha baixo/bateria com boa técnica, mas especializada em peso e em torturar ouvidos incautos e não iniciados, e usam de velhos filmes de horror B e revistas em quadrinhos como 'Tales from the Crypty' como referência para suas letras doentias. Ou seja, o remédio perfeito para lidar com vizinhos fãs de axé, funk e gospel, testemunhas de jeová chatos, fãs da saga 'Crepúsculo' e outros tipos de incômodos gerados pela sociedade moderna.
Tendo produção, mixagem e masterização feitas em conjunto por Felipe Lisciel e pelo próprio quinteto, temos algo limpo e bem feito, deixando o som da banda coeso e forte o tempo todo, bem como mantendo aqueles pequenos detalhes das músicas bem evidentes, ou seja, nada escondido. A parte gráfica, que por si só já mereceria uma resenha à parte, é uma obra-prima do bom gosto Trash, com um uma HQ bem legal enfocando a banda, lembrando um pouco os áureos tempos das publicações de horror brasileiro do início dos anos 80 (que eram capazes de manter muito fã de Death e Black Metal acordados durante a noite, com medo), fora o encarte de ótimo gosto, tudo em uma arte brilhante feita por Charles da Silva.
Sonoramente, o quinteto se mantém em ótima forma por todo o CD, mantendo-se fiel à sua proposta e segurando o nível alto das músicas, dando ênfase ao clima insano e sombrio, e temos destaques óbvio em faixas como a 'Feasting Humans at Dusk', onde baixo e bateria estão fantástiscos, em uma onde a tônica é a esporreira sonora para todos os lados; a extrema 'I Sell the Dead', com ótimas variações vocais e grandes riffs; a esporrenta 'Boneyard', uma versão personalizada de uma antiga canção do falecido (sem trocadilhos, por favor) IMPETIGO, que de tão empolgante, é capaz de fazer zumbis de verdade saírem do cemitério (agora, com trocadilhos, por favor); 'I Drink your Blood', outra faixa extremamente empolgante, novamente com destaque para a bateria, e que vai gerar muita roda de pogo em shows, com toda certeza; 'I Eat your Skin', com um andamento moderado e urros insanos, bem como com o baixo fazendo um ótimo trabalho; a versão para 'Feast of the Undead', do BLOOD FREAK, que ficou muito boa, com gritos estrangulados e ótimos riffs; a carnificina Grindcore 'V.O.D.U.N.'; a intensa 'Harvest of the Damn'; e o assassinato 'Fellows in Sadism'.
E assim, em SC, jazia um bando de cadáveres, que agora está fora do túmulo a fazer uma música ótima de de bom gosto.
Depois disso tudo, um aviso de amigo: se não tiverem este CD em casa, além do arrependimento, saiba que irão ouvir gemidos estranhos durante a noite...
I Eat your Skin
Tracklist:
01. Feasting Humans at Dusk
02. I Sell the Dead
03. Midnight Hunger
04. Boneyard
05. I Drink your Blood
06. I Eat your Skin
07. Creepy Freak
08. Feast of the Undead
09. V.O.D.U.N. (Vile Odor Of Decomposing Unborn Necropolis)
10. Harvest of the Damn
11. Grab the Guts
12. Fellows in Sadism
13. Then You Scream
Formação:
Dr Stinky - Vocal
Horace Bones - Vocal / Guitarra
Guinea Pig - Guitarra
Hellsoldier - Baixo
Freudstein - Bateria
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