Por Marcos Garcia
Fazendo um Rock’n’Roll denso, grudento e pesado, com letras e português, os gaúchos do PULLDOWN avançam com passos firmes em direção a um reconhecimento maior.
Aproveitando a oportunidade, lá fomos nós bater um papo com a banda, se saber um pouco de sua história, bem como de seus planos e ambições.
Metal Samsara: Antes de tudo, agradecemos a oportunidade, e gostaríamos que contasse um pouco da história do PULLDOWN para nós. O nome da banda, PULLDOWN, em uma tradução precisa, seria algo como ‘suspenso’, certo? E como surgiu a ideia do nome, e como ela se encaixa na banda?
Pulldown: Olá Marcos! Eu que agradeço a oportunidade e a parceria. O nome surgiu jogando palavras e buscando sentido em um dicionário de inglês, queríamos um nome composto sabe-se lá o porquê. O sentido que mais gostei na época foi o de "colocar abaixo" e "destruir", pretensiosamente dando a intenção de que nosso som derrubaria paredes, hehehe.
Metal Samsara: Em termos de influências sonoras, o leque do PULLDOWN parece ser bem amplo. Poderia nos contar quais seriam as bandas que os influenciaram no início, e se houve adições no passar dos anos?
Pulldown: A PULLDOWN nasceu tocando do Pop ao Trash Metal, lembro que entre as primeiras cinco músicas que combinamos de tocar em ensaio estavam 'Beautiful People' do MARILYN MANSON e 'Iris' do GOO GOO DOLLS. Quando comecei a compor reparei que minha influência vinha mais do Grunge e do Metal, e assim o repertório foi ficando mais pesado e denso, como você mesmo citou. Hoje em dia a PULLDOWN é uma banda de Metal Alternativo, tocamos Metal dos anos 90. Fomos influenciados por bandas que foram influenciadas pelo BLACK SABBATH, DEEP PURPLE, LED e RAMONES. Estamos produzindo um novo trabalho que deve rotular nossa banda, veremos o que a crítica vai dizer sobre.
Metal Samsara: Vocês vem do RS, uma terra com uma cena Rock’n’Roll bem forte, e que já deu ao Brasil bandas como ENGENHEIROS DO HAVAÍ, LEVIATHAN, KRISIUN e REBAELLIUN, ou seja, que possui uma diversidade musical bem ampla, logo, como se enxergam neste contexto, ou seja, sendo herdeiros de tanta fama, já que ser do RS já rotula a banda, de certa forma?
Pulldown: Quando vim morar em SP isso pesou bastante, ser do RS realmente deixa as pessoas mais curiosas. O RS tem uma quase que uma cena própria, chegando em SP reparei que muitos sucessos de lá nem se quer eram tocados aqui e vice-versa, achei muito interessante e fiquei feliz por ter quebrado essa barreira que alguns acham intangível. Acredito que a PULLDOWN tem uma história importante nessa cena por ter nascido no interior do estado, a pergunta que mais respondi foi: "como vocês conseguiram?".
Metal Samsara: Ainda falando do RS, vocês são de Erechim, que é bem distante de Porto Alegre, logo, isso não era uma dificuldade muito grande para a realização de shows e mesmo de divulgação? E agora, que estão em São Paulo, as coisas melhoraram para a banda?
Pulldown: No começo isso era bom, as pessoas valorizavam muito o fato de sermos de uma cidade desconhecida, infelizmente a cidade não nos valorizou e não nos deu condições para continuarmos por lá. Nossa estrutura foi crescendo e não conseguíamos mais viajar de carro, tínhamos mais equipamento e mais pessoas na equipe. Decidi que era hora de ir para um grande centro que tivesse aeroporto. Tocávamos umas 5 vezes por ano em São Paulo e a cena rock era daqui. A primeira opção era Curitiba, mas acertadamente na última hora optei por São Paulo.
Quando comecei com a PULLDOWN a internet estava começando a ser obrigatória na divulgação de uma banda. Sempre fui muito antenado nas tecnologias de comunicação e o primeiro baixista da banda era webdesigner, tínhamos tudo antes e aproveitamos todos os canais possíveis. Até hoje isso reflete em uma simples procura no Google, existe muito material da banda na internet.
Metal Samsara: Lendo a biografia da banda, percebemos que houve uma evolução musical entre ‘Demo’ e ‘Sybil’, com o som se tornando mais pesado e denso. Isso foi algo intencional, ou se deu por conta das mudanças de formação, ou até mesmo uma evolução constante?
Pulldown: As três coisas. Eu sempre quis ter uma banda de Metal mas a PULLDOWN era limitada musicalmente. Outra coisa que não acontece mais é eu colocar todo o material que componho na PULLDOWN, antigamente qualquer coisa que eu fazia, desde uma balada à um Hardcore, era colocado no repertório da banda, hoje, mais maduro e depois de entender que grandes bandas devem suas longas carreiras a uma identidade, a PULLDOWN é uma banda de Metal e só. As mudanças de formação não foram tão importantes nesse sentido pois até o 'Sybil' eu fazia tudo. 'Sybil' é o primeiro trabalho da banda que divido composição com o restante da banda, isso me deixa muito feliz.
Com o passar do tempo você evolui musicalmente e profissionalmente, além de um fora de uma namorada não ser mais seu maior problema. Hoje me sinto na obrigação de provocar e até causar desconforto nas pessoas com minhas letras.
Metal Samsara: Ainda falando de ‘Sybil’, apesar de ser independente, o disco tem uma sonoridade bem forte, e até orgânica. Como foi o processo de composição e gravação do EP? E como foi ter o Niper na produção? E por falar nisso, como tem sido a resposta de público e crítica ao EP?
Pulldown: 'Sybil' foi o primeiro trabalho que gravei no meu estúdio. Tenho uma produtora de áudio para publicidade e um espaço bem legal para gravação. Esse EP foi o testdrive de tudo, hehehe.
"Quem é Você?", "Parecer"e "Fique Mais um Pouco" já existiam antes dessa formação. "Abstrato" e "15noDrive" são fruto de jams e discussões.
Conversamos sobre procurar um produtor para o EP, até rolaram algumas reuniões mas por motivos financeiros e o argumento da banda que devíamos produzir sozinhos para nos conhecermos, foi o que me colocou à frente da produção do EP. Fiquei feliz pela confiança que o Gabê, Cassique e Mereu colocaram em mim e hoje agradeço por ter sido dessa maneira, achei importante passarmos por isso sozinhos. 'Sybil' é uma Demo, uma boa Demo. As críticas são ótimas, '15noDrive' e 'Parecer' são as preferidas do público, o clipe de '15noDrive' rodou bem na televisão e vamos lançar no final do ano o clipe ao vivo de 'Parecer', gravado em nossas apresentações no Festival Yamaha Brazilia Beat 2012.
Metal Samsara: Ao contrário da maioria das bandas nacionais, que gravam em inglês para alcançar o mercado externo, o PULLDOWN faz o oposto, fazendo letras em português. Poderíamos assumir que isso é uma estratégia visando a conquista do mercado brasileiro?
Pulldown: Sim. Existe uma lacuna a ser preenchida e acho que somos uma das bandas com potencial. Pretendemos gravar algumas faixas de 'Sybil' e do novo trabalho em inglês para uma possível tour na Europa no ano que vem, mas são só planos.
Eu gosto do português, o Brasil é grande demais e tem uma cena Rock muito forte. Agora falta eu convencer as 100 mil pessoas que vão ver o METALLICA no Morumbi que a minha banda faz um som que pode agradá-las. Acho o discurso: "aqui não rola." muito fácil, coisa de cagalhão. Nesse exato momento uma banda de Rock Pesado está tocando em alguma casa de shows do Brasil com várias pessoas à sua frente. Ter uma banda de Rock no país do Samba me deixa muito feliz, há espaço para todos os estilos musicais, os músicos, principalmente do Metal, precisam parar de reclamar e voltar a compor boa música. Os gringos vão continuar sendo mais valorizados, os estilos populares plásticos continuarão sendo o que dá mais dinheiro, porém, só um estilo não morre nunca, você sabe qual, hehehe.
Metal Samsara: O EP saiu em dezembro de 2011, logo, já devem ter feito vários shows de divulgação, certo? Já possuem algo concreto para fazer shows em outras regiões do Brasil, como Norte e Nordeste?
Pulldown: Na verdade fizemos poucos shows, estamos muito mais focados em promoção e divulgação. Rolaram ótimos shows, tocamos de 10 a 2000 pessoas, todos shows em que os quatro concordaram que seriam benéficos pra banda. Tenho visto uma comoção de uma galera para nos levar para Pernambuco, é emocionante, tudo no melhor estilo "do it yourself". Devemos focar em shows depois de março de 2013, com o novo material que estamos compondo com o produtor Paulo Anhaia for lançado.
Metal Samsara: Agradecemos demais a sua atenção, e deixamos o espaço para sua mensagem aos fãs e leitores do Metal Samsara.
Pulldown: Obrigado pelas ótimas perguntas, tá raro por aí. Conte conosco sempre, to muito orgulhoso de nosso humilde trabalho ter chego aos ouvidos dos leitores do Metal Samsara.
Vocês todos fazem tudo valer a pena. Obrigado.
Entre em nosso site para baixar o EP "Sybil" e acessar todo o conteúdo que ele gerou. Em breve lançaremos duas novas músicas e gostaríamos muito que você as ouvisse, fique ligados em nosso site, facebook e twitter:
OBS.: O Metal Samsara agradece de coração ao PULLDOWN pela entrevista, bem como a MS Metal Press por tornar esta entrevista possível