Por Gabriel Arruda da Silva
Antônio Carlos Monteiro, o Tony, ou também pelas siglas ACM, referentes ao seu nome, já trabalhou nas finadas revistas Metal e Roll no decorrer dos anos 80. Na mesma década, partiu para a respeitada revista Rock Brigade, onde permaneceu durante muitos anos. E desde 2007, até os dias de hoje, vem sendo redator dá mais e tão aclamada revista de Heavy Metal & Classic Rock do Brasil, a Roadie Crew. E quando não há compromissos com a mídia impressa, tira um tempo para escrever no Portal Megaphone e Conversa Pós-Créditos. Jornalista e músico, Tony Monteiro dá uma pausa nos seus trabalhos para um bate-papo bem legal sobre vários assuntos e é, claro, sem escapar da sua paixão de escrever sobre Rock e do amor que sente pela sua banda favorita, os Rolling Stones.
Obrigado por nos atender e fazer essa entrevista. Antes começar, para quem não conhece, apresente-se um pouco da sua pessoa e sobre o seus trabalhos como redator para os caros leitores.
ACM: Bom, eu comecei a escrever profissionalmente sobre rock em 1985, nas extintas revistas Roll e Metal, ficando por lá até 89. Depois, eu fui para revista Rock Brigade, onde permaneci por lá há 18 anos, ficando até 2007. E, em seguida, me transferi para a Roadie Crew onde estou até hoje.
A profissão de jornalista não é a mais atraente para os jovens acadêmicos, achando que a profissão é a menos lucrativa que existe. Como surgiu a sua paixão de escrever sobre música? Já que muitos se ingressam no jornalismo esportivo por conta dos vínculos televisivos.
ACM: Estou no jornalismo musical porque tenho uma paixão pela música desde sempre, de fato dentre as profissões ditas como as mais importantes, como advogado, médico e engenheiro, o jornalista é o menos valorizado de todos. Inclusive agora, com a questão dá não obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão, a coisa ficou menos valorizada ainda. Por outro lado, com relação a isso, muitas empresas ainda estão contratando pessoas que tem a formação na faculdade. É uma das profissões que você já tem essa vocação, e é uma coisa muito difícil de fazer se você realmente não gostar do negócio. O jornalismo é uma espécie de vicio para gente.
É complicado, hoje em dia, achar algo legal e satisfatório para criar um material impresso. Que tipo de material raro que você conseguiu e ficou para cima e para baixo atrás dele para publicar nas revistas na qual já passou?
ACM: Na verdade, com relação a isso, é aquela história do fã e o profissional se confundirem um pouco. Você fica atrás das informações, principalmente porque você gosta do negócio. E como você trabalha com isso, as coisas acabam funcionando pelos dois lados. Hoje em dia não temos dificuldade nenhuma! Quem está com dificuldade de procurar alguma coisa é porque não está procurando direito. Hoje, com dois cliques no mouse, você descobre o que quiser! Antigamente era muito difícil descobrir qualquer tipo de informação. Eu lembro que demorei um tempão para confirmar que o John Boham (falecido baterista do Led Zeppelin) tinha morrido. Ninguém tinha essa informação de uma maneira segura e concreta. Por outro lado também, às vezes, acontecia de a gente dar um furo, que hoje não existe mais isso. "Eu fui o primeiro jornalista do Brasil a divulgar a morte do Cliff Burton (falecido baixista do Metallica), que por um golpe de sorte eu descobri que tinha acontecido alguma coisa, fui atrás e acabou se confirmando o acidente." Hoje não tem mais isso. Se acontecer alguma coisa, em minutos já está na internet com foto e com várias versões diferentes.
É impossível a molecada hoje não deixar de sonhar em ser um jogador de futebol, mas o jovem roqueiro quer comprar o CD da sua banda favorita e se espelhar no seu ídolo para aprender a tocar algum instrumento e montar uma banda para fazer sucesso em todos os cantos do mundo. E o jornalismo é quase um último plano para eles. O que falta para a profissão jornalística vim à tona como um atrativo principal? Porque, em minha opinião, é a maneira mais fácil de ficar cara-a-cara com o ídolo.
ACM: Sim, mas você não pode ter isso como objetivo. É lógico que você continua sendo fã, não há dúvidas sobre isso. Quando faço uma entrevista com alguém, que eu gosto bastante, não vejo nenhum problema quando termina a entrevista em pedir um autógrafo, uma foto ou qualquer coisa do tipo, mas isso não pode ser um objetivo. "Você não pode partir para essa carreira pensando em ser jornalista musical porque você vai encontrar com o seu ídolo". E o seu motivador nisso ai é no sentido de fazer parte daquilo, de você ter todo o direito de dar a sua opinião. E acredito, simplesmente, que é uma coisa um pouco mais profunda. E eu acho que esse é o grande motivador! Se você não é um artista e está em cima do palco, você vai fazer a sua parte comentando, opinando e formando opinião nas pessoas. Nós somos formadores de opinião, e que não é por acaso que usamos essa expressão.
Existe sempre um prazo de entrega para cada material feito. Já teve momentos que você passou noites em claro tentando concluir uma publicação?
ACM: Isso acontece o tempo todo. As duas grandes brigas que o jornalista tem, na vida dele, são contra o tempo e o espaço. O espaço que dão para a gente é sempre menor do que precisa para dar o recado ao leitor. E o tempo é sempre mais curto do que precisaria para fazer, então a pessoa vira a noite escrevendo e trabalha final de semana. Isso faz parte da rotina. Quem não estiver disposto a encarar esse tipo de sacrifício - que não é nem uma ou duas vezes, é constantemente -, não deve abraçar essa profissão, essa é a moral da história. Isso acontece diariamente com a gente.
O que é preciso para um garoto que está começando querer entrar no ramo de jornalismo musical? E quais os tipos de serviços impressos que você mais gosta de fazer?
ACM: A mídia impressa é a minha especialidade, que é com revista. Apesar de que eu já trabalhei em várias áreas. Inclusive, eu fui assessor de imprensa, mas eu gosto mesmo é de escrever em revista. Jornal diário é um pouco diferente, que é um pouco mais corrido e impessoal. A minha grande paixão é a revista. Para o jovem, hoje em dia, é uma tarefa um pouco mais fácil, porque tem muitos blogs colaborativos por ai, então eu sempre recomendo para todo mundo: 'não tenta começar no topo, de cima, na revista principal e essa coisa toda, porque é muito concorrido e é um funil muito estreito'. Existe muita procura para pouca oferta, mas por outo lado tem blogs e sites, a maior parte deles são colaborativas. E é dai que buscamos gente. Quando precisamos de alguém, é nesses veículos que vamos buscar. E o caminho é realmente esse, para começar a ser colaborador de alguns blogs e sites de rock. E são aqueles velhos componentes que vão selecionar tudo: competência, um pouco de sorte e postura adequada. Não basta saber escrever para você se dar bem nesse meio, mas você tem que saber se portar, por exemplo, na frente de um ídolo. Tem que ter ética, porque é muito fácil não ter ética nesse meio e que, talvez, você está falando bem ou mal de uma pessoa. E você recebe proposta para ser tendencioso, mas só que isso vem à tona com muita rapidez. E a ética é muito importante para quem está se metendo nessa vida.
Em 85, você trabalhou na revista Roll, Metal e Mix, que eram a mesma editora. Durante dezoito anos, colaborou com a revista Rock Brigade, registrando vários acervos de rock e heavy metal. E de 2007, até hoje, vem sendo o redator da revista Roadie Crew. Qual a sua avaliação sobre esses três vínculos de mídia musical impresso?
ACM: Na época em que eu trabalhei, cada uma dessas revistas era o que tinha de mais importante no momento, isso foi muito interessante. A Roll & Metal foi à primeira revista de heavy metal do Brasil. Na verdade, ela era uma franquia de uma revista argentina de mesmo nome, até o logotipo era igual. Naquela época eu costumo dizer que todo mundo estava aprendendo: as bandas brasileiras de heavy metal estavam começando, todo mundo estava aprendendo a tocar instrumentos, produtores aprendendo a produzir e nós aprendendo a fazer revista. Foi um aprendizado! Se você pegar aquela revista, hoje, você vai ver que era uma coisa até simploria, não posso negar isso. Mas as condições em que era feitas nessa revista, em definir alguma informação que existia na época, foi um trabalho brilhante. E foi uma escola tremenda para mim, porque aprendi bastante por lá.
Na Rock Brigade não fui exatamente um colaborador, eu coordenei a redação por lá durante muito tempo. Eu comecei como colaborador e depois passei por outras funções lá dentro. A Rock Brigade começou na mesma época da R&M, mas só que depois e que era um fanzine. E depois ela foi crescendo e, no final dos anos 80 - que foi a época que entrei -, que ela atingiu o seu auge (não é porque entrei e que é difícil pensar nisso, porque foi uma coincidência). E ela foi, durante muito tempo, a principal revista de rock do Brasil fácil, conhecida lá fora e etc. E depois, infelizmente, com o advento da internet e da informação ágil, exigiu uma mudança de postura dos órgãos da imprensa escrita, e a Brigade demorou um pouco para reagir a isso e acabou. Lógico que ela não acabou, ela ainda existe. Esse ano só saíram duas edições, que antes era mensal, era uma coisa quase que religiosa. Ela teve o seu auge, não soube se adaptar e pagou o preço por isso.
E a Roadie Crew está ai até hoje e, felizmente, ela está indo muito bem, porque ela conseguiu fazer esse processo de adaptação. E você pode observar que as matérias sempre trazem muitas seções: matérias aprofundadas, matérias de pesquisas, matérias investigativas sem muita preocupação com a notícia quente e urgente, porque isso não é mais a função da imprensa escrita e sim dos vários meios de comunicação que existem através da internet.
Poucos sabem que a sua saída da Rock Brigade foi por questões salariais. Explique um pouco mais sobre essa saída e se, ainda, está em fase judicial?
ACM: Não gostaria de falar muito sobre isso... A saída não foi só por causa disso. Isso também foi um dos motivos, mas foi tudo resolvido na justiça e não tem mais nenhuma pendência a esse respeito.
Como venho o convite de trabalhar para a Roadie Crew?
ACM: Foi algo que me fez muito bem. Eu tomei a decisão de me desligar da Rock Brigade, porque não estava compensando para mim sob vários aspectos. E assim que eu fiz isso, comuniquei paras as pessoas com quem tenho um bom relacionamento na área musical dizendo que estava no mercado. E três dias depois, eu recebi um convite para participar de uma reunião na grande São Paulo (eu não moro em São Paulo, eu moro em Campinas) com a equipe da revista. E, depois disso, eu comecei a ser colaborador da RC. E depois de um ano e pouco, houve a saída de um redator e precisava de uma pessoa para substituí-lo, e me convidaram para assumir essa função. São quase quatro anos como redator da revista. É um trabalho que gosto muito de fazer! É muito bom trabalhar nela e as pessoas são ótimas. Eu entrei numa equipe que já estava formada, fui recebido sem nenhum tipo de problema e de braços abertos. É muito bom trabalhar com todo pessoal da revista.
O crítico musical sempre recebe comentários por alguma publicação feita em cada edição da revista Roadie Crew na coluna 'Roadie Mail', que é aberta exclusivamente para os leitores. Quais são os tipos de comentários que você recebeu durante esses cinco anos de Roadie Crew, desde positiva até a negativa?
ACM: Eu já recebi de tudo. Eu costumo dizer, para a gente que trabalha como crítico musical é meio como juiz de futebol, tem que ter duas mães, porque aparece xingamento direto. E não adianta levar isso para o lado pessoal. E logo que comecei na Roadie Crew, teve um fã-clube do Nazareth que não gostou do comentário de um vídeo que eu fiz. E eu não estava reclamando do vídeo em si, eu estava reclamando da edição do vídeo, propriamente dito. Não estava falando da banda e sim do produto, até porque eu sou muito fã do Nazareth e entrevistei-os recentemente. E os caras ficaram muito revoltados e foi aquela coisa desproporcional, porque você percebe que é aquele fã que não pensa muito. E eu tive que ser um pouco irônico na resposta que eu dei para os caras, que tenho certeza que eles não gostaram nem um pouco. E também tem muitas pessoas que elogiam, porque leram sobre as bandas de que gostam. E eu já cheguei num ponto que posso, mais ou menos, em escolher o que eu faço porque falo sobre o que mais entendendo e admiro. E fica com uma interação bem legal entre leitor e a gente que escreve sem problema nenhum.
E já que eu entrei no assunto comentários, como está sendo a receptividade do Background dos Rolling Stones, que é de sua autoria?
ACM: Está sendo muito legal. Eu fiquei sabendo que pessoas estão comprando a revista só por causa desse Background, que está sendo um prazer imenso fazer, porque é a minha banda favorita desde sempre. Eu gosto muito dos Stones. O primeiro compacto que comprei deles foi em 68, quando eu tinha 10 anos. E está sendo muito legal fazer, porque como eu tenho um material muito vasto sobre a banda, dá para contar umas histórias que pouca gente conhece e dá para esclarecer algumas lendas. E vamos para a quarta parte, vamos esclarecer outras coisas daqui pra frente. E é uma história bem interessante para ser contada, que está sendo um prazer muito grande em fazer.
Você mora na cidade de Campinas, interior de São Paulo, quase 100 km da capital paulista. Como você trabalha com a equipe da Roadie Crew a milhas de distância da grande São Paulo?
ACM: Através da internet, fazemos reuniões de pauta por MSN e Skype. Isso não tem mais problema! Para você ter uma ideia, eu fui convidado para fazer um programa de rádio, mas só que ele não está no ar ainda, porque estamos gravando algumas edições antes de começar a colocar no ar. E o dono da rádio mora em Salvador (BA). E a gente faz reunião toda semana, que por Skype se resolve tudo. Nesse aspecto, a internet foi uma maravilha na vida da gente. E com relação à Roadie Crew, uma vez por mês, que vai ser amanhã por acaso (N.T.: a entrevista foi realizada no dia 26 de setembro), nos encontramos pessoalmente para fazer a pauta da edição de outubro e resolver sobre várias questões da revista, que precisam ser debatidas pessoalmente. Estou pertinho de lá e, em uma hora e meia, já chego por lá. E é muito legal encontrar com pessoal, porque são bons amigos que eu tenho lá.
Além de ser redator, você escreveu o livro de "Fã para Ídolo" do baterista Aquiles Priester, exato?
ACM: Não foi bem assim. Na verdade o autor do livro é outra pessoa, que é uma moça e não sei o nome dela de cor. O que eu fiz foi o seguinte: o Aquiles tinha esse projeto de fazer esse livro com um amigo dele que é escritor, que acabou não podendo fazer e que passou para essa terceira pessoa. Esse rapaz que ia fazer a redação precisava do material bruto. Eu colhi esse material do Aquiles através de entrevistas, que eu tenho elas aqui até hoje. Acho que são umas vinte fitas e vinte horas de conversa que a gente teve para colher esse material. Então eu fui o responsável por coletar o material bruto e passar para o redator. Inclusive, o Aquiles me pediu para fazer isso porque ele queria dar esse depoimento para alguém com quem tivesse uma maior intimidade.E foi um trabalho bem interessante. E pelo que eu sei, tem dado uma boa repercussão para ele. E isso me deixa feliz, porque é um cara que admiro muito e que merece todo sucesso que está tendo.
Falando sobre música, e que milhares de vezes já respondeu esse tipo de pergunta, quando foi que despertou a sua paixão pelo rock/heavy metal? E com quantos anos começou a tocar guitarra?
ACM: Eu fui conquistado totalmente pelos Beatles, isso foi, mais ou menos, em 65. Quando eu ouvi os Beatles falei: 'É isso que eu quero!' E um pouco depois, quando tinha 13 anos, eu ouvi o primeiro disco do Alice Cooper que saiu aqui no Brasil, chamado Killers (1971). E foi ai que a coisa realmente bateu forte, que era aquilo que eu queria fazer e estou fazendo até hoje.
Todo fã adolescente de rock gosta de economizar a sua grana para comprar o disco da sua banda favorita, que por conta dos downloads, isso é raro de se ver hoje em dia. Qual foi o primeiro CD que você comprou com seu suado dinheiro?
ACM: Não foi CD, foi LP. Eu tenho todos eles até hoje, que são muitos discos clássicos. O primeiro mesmo, e que eu acabei de falar, foi o Killers do Alice Cooper, mas têm vários outros, que são do Led Zeppelin, Deep Purple e mais série de outros que eu tenho em vinil original. Apesar de que, também, tenho em CD.
Obvio que você nunca esconde a sua paixão pelos Rolling Stones. Como foram os seus primeiros momentos de romance com a banda e já teve a oportunidade de conversa com um dos integrantes?
ACM: Como falei, eu conheço os Stones desde 68, quando ouvi a música Jumpin' Jack Flash. E aquilo bateu forte em mim, que é uma baita música. Eu fui conhecendo mais e fui gostando cada vez mais, e que até hoje estamos ai. E, infelizmente, não conheci nenhum deles e também nunca falei com nenhum deles. Acho que vai ser muito difícil de isso acontecer, porque eles já estão quase aposentados e bem reclusos, mas tudo bem, está valendo. O meu segundo maior ídolo, que é o Alice Cooper, eu já entrevistei pessoalmente. E uma coisa compensa a outra e vamos em frente.
E para saciar ainda mais a sua paixão pelos Stones, você tem uma banda que presta tributo à banda chamada Jack Flash. O que é mais complicado: ser redator de revista ou tocar as músicas da sua banda favorita?
ACM: Cada um tem as suas dificuldades, mas é um prazer muito grande e, por isso, eu faço as duas coisas. Escrever para mim já virou uma coisa muito rotineira, porque eu já faço isso há muito tempo. E fazer show com a banda é uma coisa diferente, porque cada lugar em que a gente toca é uma novidade. Não existem dois shows iguais, por mais que você vá com o mesmo repertório, sempre tem uma novidade e um público diferente. São emoções diferentes, mas só que muito gratificantes. E sobre a pergunta que eu pulei com relação há quantos anos que eu comecei a tocar guitarra, comecei um pouco tarde, quando eu tinha mais ou menos uns 15 anos.
Há um tempo, e que fiquei sabendo recentemente, você montou um projeto chamado Dusty Old Fingers, que conta a trajetória do guitarrista Brian Jones, fundador e guitarrista dos Rolling Stones. De onde surgiu o ponta pé inicial dessa ideia? Já tem a previsão de lançamento desse CD?
ACM: Essa ideia surgiu de uma parceria com um grande amigo meu, o Fabiano Negri, que é o vocalista e compositor. Ele foi integrante de banda muito conhecida chamada Rei Lagarto, daqui de Campinas. E ele tocou comigo numa outra banda que eu tinha que era de covers. E temos uma afinidade muito forte e surgiu a ideia de fazer uma opera-rock, mas não tinhamos o assunto definido. Eu já tinha colaborado com ele em algumas letras. E ai a coisa foi tomando forma, que surgiu a ideia de fazer uma coisa baseada no blues-rock e no rock clássico. Esse desenvolvimento veio naturalmente em contar a história do Brian Jones: eu fiz as letras, o FN fez os arranjos das músicas, criamos o repertório... Estamos gravando o disco, ele já está na reta de chegada. Falta gravar alguns vocais, colocar alguns teclados e alguns complementos e que, por sinal, vai ter uma vocalista convidada. Imaginamos que, ainda esse ano, o disco vai ser lançado.
Nos últimos anos, têm surgido grandes bandas do heavy metal mundial e nacional. Quais bandas têm chamado a sua atenção durante todos esses anos?
ACM: Eu gostei do Mastodon. Acho uma banda interessante. Eu tenho ouvido bandas mais novas na área do rock clássico e do rock setentista. Tem surgido muita coisa legal. Tem uma banda chamada Rival Sons, que é muito bacana. O My Dynamite, que me impressionou bastante e que vai muito na linha do Black Crowes. No heavy metal tem uma banda muito legal chamada Texas Hippie Coalition, acho bem bacana. E tem uma que recomendo, e que não é tão nova, chamada St. Madness. É do Arizona (EUA), já lançou vários discos e está lançando mais um. É um heavy metal bem interessante com um vocalista muito bom. Aqui no Brasil, uma banda que eu acho muito boa é o Kamala, que é daqui de Campinas. E também tem aquela banda que ganhou o Wacken Metal Battle em 2010, o Cangaço. Não sei se eles estão na ativa, mas é uma banda espetacular! São três músicos fantásticos, com um conhecimento musical e uma habilidade nos instrumentos muito grande. Se eu imaginasse que você ia perguntar isso, eu ia fazer minha lição de casa, porque daqui a pouco lembro de alguém e passou por batido, mas por ora são esses mesmo.
Você sempre recebe material de bandas nacionais para comentar na sessão Garage Demos na Roadie Crew. Quais as bandas dessas que você pegou que você destacaria como a mais importante para o futuro do heavy metal nacional?
ACM: Faz tempo que eu não pego nada para essa seção... E eu vou te falar com toda franqueza: eu tenho achado essa turma que está começando anda bem fraquinha. Hoje em dia, na mesma forma que fazer um blog, é muito fácil você gravar um disco também. E hoje, se quiser, você grava um disco no teu quarto. E isso está nivelando um pouco por baixo, porque o pessoal não está muito preocupado com a qualidade. Eu não tenho ouvido nada que, realmente, me impressione e permita dizer que a banda vai longe. Faz tempo que não acontece isso.
Atualmente, o CD físico passou a ser segundo plano por conta da internet e downloads ilegais. Mas ainda tem pessoas que continuam com o sangue de colecionador de discos e compra as edições remasterizadas que vem com bônus, DVD etc. Você ainda faz parte desse clube?
ACM: Eu gasto muita grana com disco. Não sei se você chegou a ver no meu blog da Roadie Crew, mas tem um texto meu chamado "Os quatro idiotas do Mundo", que são aqueles caras que ainda gastam dinheiro com disco. E eu sou um deles e compro direto! Agora mesmo vai sair uma coletânea dos Rolling Stones e que já está na minha lista. Assim que sair, eu já vou atrás, menos sabendo que eu tenho tudo o que vai sair por lá e etc. E não tem problema nenhum, vai ser mais um para minha coleção. Adoro colecionar disco.
Quais foram às entrevistas mais legais e ruins que você já fez? Tanto na Metal, na Rock Brigade e na Roadie Crew.
ACM: Eu gostei muito de entrevistar o Alice Cooper. Foi muito bom, porque ele é meu grande ídolo. Ele é muito bom de entrevista e sabe como tratar a imprensa, e é um cara educado pra caramba! Eu tinha um tempo muito reduzido, mas rendeu bastante de fazer uma matéria bem legal e que isso foi marcante para mim. E recentemente entrevistei o vocalista do Lynyrd Skynyrd, Johnny Van Zant. Um pouco antes de ele subir no palco para cantar no SWU, do ano passado, e eu consegui essa brecha de falar com ele. É um cara sensacional. É um homem simples, um cara do bem e muito gente boa, mesmo. Teve uma vez que eu fui entrevistar o cara do Sweet e que, ele, não estava a fim de dar entrevista, e complica um pouco, ficou respondendo com má vontade. Mas nunca tive um problema sério, ninguém bateu o telefone na minha cara e nem nada desse tipo. Por sorte, nisso ai, estou tranquilo até hoje.
Quais são os seus planos para o futuro e quais são as novidades a respeito da Roadie Crew para a próxima edição?
ACM: O que é de respeito a mim, a minha grande missão no momento é completar esse Background dos Rolling Stones, que está sendo um trabalho muito legal, e que está sendo mais gratificante do que trabalhoso. Com relação à revista, há algum tempo fizemos alguma mudanças gráficas. Temos mais algumas seções há serem engatilhadas para colocar no ar. Infelizmente, ainda não posso divulgar nada, porque ainda estamos em fase de planejamento. E com relação a mim, pessoalmente, estou fazendo o disco do Dusty Old Fingers, que ainda deve sair esse ano. E eu vou estrear esse programa de rádio e que, em breve, vocês terão novidades a respeito. E continuar escrevendo nos blogs que tem por ai. Eu escrevo num blog sobre cinema, em que falo dos filmes que têm a ver com rock. Enquanto estiver disposição e saúde, eu vou estar na correria.
Antes de encerrar a entrevista, tem como citar o seu Top 10 de discos favoritos?
ACM: Esse é o tipo de pergunta cruel... E é tipo de pergunta também que, se fizer amanhã, a resposta muda. Então vamo lá…
1) The Beatles - Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band
2) Rolling Stones - Tattoo You
3) Alice Cooper - Love It To Death
4) Deep Purple - Machine Head
5) Led Zepellin - Volume II
6) Black Sabbath - Volume I
7) Jimi Hendrix - Are You Experienced
8) The Who - Quadrophenia
9) Made In Brazil - Jack o Estripador
10) Sepultura - Schizophrenia
Muito obrigado pela entrevista! Parabéns pelo trabalho bem feito, que são quase 30 anos que você escreve sobre rock. Deixo todo espaço para dizer o quiser.
ACM: Eu te agradeço muito pela oportunidade. E eu gostei da sua pauta, você pesquisou muito a meu respeito. Fez um ótimo trabalho e, continuando assim, está indo para o caminho certo.
O Metal agradece a Gabriel Arruda da Silva, autor da entrevista, bem como a Antônio Carlos Monteiro.