2 de out. de 2012

MX - Simoniacal (Review Histórico)


Fucker Records - Nacional
Nota 10

Por Marcos Garcia

Falar dos anos 80 é ter que abrir uma enorme enciclopédia, e isso é ainda mais complexo quando falamos do Metal brasileiro, pois as dificuldades enfrentadas por bandas na época não era simples, e só para ilustrar, aqui vai um breve trecho do momento histórico enfrentado por bandas e fãs naqueles tempos duros: após o final do Plano Cruzado em março de 1987, lançado pelo governo de José Sarney (que assumira a presidência de forma plena após a morte de Tancredo Neves em abril de 1985) em março de 1986, a nossa combalida economia virou um caos extremo, com preços de tudo disparando a todo momento, era um caos total, especialmente no tocante a discos e instrumentos musicais, que custavam os olhos da cara. Ter bons instrumentos implicava em trabalhar e economizar por meses a fio, e quase sempre deixando um braço e uma perna como garantias.

Mas mesmo assim, o caldeirão de onde surgiam as bandas daqui fervilhava intensamente, trazendo à vida nomes fortes, e um dos mais fortes era o do quarteto MX, banda de Santo André, SP.

No início, época das Demo Tapes 'The Carrion of Religion' (de 1986) e 'Fighting for the Bastards' (1987) praticavam uma mistura de Thrash com Death Metal bem característica daqueles tempos, e como começaram a se destacar bastante, participaram da coletânea ao vivo 'Headthrashers Live', gravada no Teatro Municipal de Santo André, em 29/01/1987 (e lançada ainda em 1987, chegando às lojas em finais de novembro daquele mesmo ano), com duas faixas: 'Fucking All the Angels' e 'Destructor of Heads'. O resultado e recepção levaram a Fucker Records (selo que lançou a coletânea) a investirem no MX, que entraram no estúdio Camerati, e quase na marra (levaram até discos para auxiliar os técnicos no como conseguir o que eles queriam em termos de som, e entre eles, o Kill 'Em All), gravaram e, em 1988, soltam o 'Simoniacal', um dos discos históricos do Metal brasileiro.

Lançado em tempos de crise econômica, o disco já mostrava um Thrash Metal bem variado, técnico, pesado e feroz, mas maduro e evoluído, se distanciando da influência Death Metal de antes, com riffs de guitarra bem trabalhados e empolgantes, solos insanos (mas longe de fugirem de uma técnica de bom nível para aqueles tempos), baixo e bateria bem pesados e técnicos (lembrando que o batera Alexandre ainda cantava, dividindo os vocais com o guitarrista Dead). A sonoridade da época nos discos nacionais não é das melhores, mas lembremos que os engenheiros de som ainda estavam engatinhando no quesito Rock, ao ponto de mesmo o Rock Pop feito aqui sofrer com gravações terríveis, e o know-how sonoro se tornará maior nos anos 90.

Se a gravação não ajudava tanto (em comparação ao que temos hoje, por favor), sobrava a garra e a energia, bem como a força em músicas como 'Dirty Bitch', um dos hinos da banda, com riffs rápido e ganchudos, e ótimo trabalho da bateria; 'Fighting for the Bastards' é outra música forte do quarteto, com bastante variação nos andamentos, trabalho ótimo das guitarras e vocais, e o baixo mostra trabalho; 'Satanic Noise' é uma faixa mais cadenciada que as anteriores, mas forte e pesada, com mudanças de andamento ótimas; a arrasadora de pescoços desavisados 'Inquisition', como solos animais; 'Dead World' começa macia e suave, antes de virar uma chicotada daquelas; 'Jason', uma faixa pesada e que alterna momentos mais amenos no início, e depois, ganha velocidade, sendo uma homenagem ao mais querido dos serial killers do cinema, Jason Voorhees; a instrumental caótica 'Restless Soul', onde a variação é a tônica, fugindo de andamentos repetitivos; e fecha com 'Dark Dream' com duelos de solos ótimos, e a faixa homenageia outro célebre personagem de cinema, Freddy Krueger.

A versão original fecha aqui, embora exista uma versão posterior onde estão inclusas as faixas da coletânea e das Demos, mas essas oito faixas vão mostrar que no Brasil, a busca pela qualidade sonora estava começando de vez, e com tudo.

Após mais alguns anos na ativa e 3 discos, eles deram uma parada, mas como um bom herói é o que ergue-se depois da queda, o quarteto está de volta ao front, e irá se apresentar no dia 25/11 com o ARCH ENEMY em SP, e desejamos de todo coração que a band retorne de vez, pois possuem lenha para queimar.
E mais notícias desse quarteto insano em breve!!!!

Fighting for the Bastards

Tracklist:

01. Dirty Bitch
02. Fighting for the Bastards
03. Satanic Noise
04. Inquisition
05. Dead World
06. Jason
07. Restless Soul
08. Dark Dream


Formação:

Alexandre da Cunha -  Bateria, vocais
Décio Frignani - Guitarras
Dead - Vocais, guitarras
Eduardo - Baixo

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