17 de set. de 2012

O Thrash Metal e os Chacras Mortais – Entrevista com Kamala



Uma banda autenticamente resistente.
Isso é o que podemos atribuir ao quarteto thrasher de Campinas KAMALA, que acaba de soltar mais uma pedrada furiosa, chamada ‘The Seven Deadly Chakras’, onde a banda mixa um som selvagem e forte com melodias bem compostas, de uma forma bem única.
Aproveitando o lançamento, fomos lá bater um papinho com Raphael Olmos, Andreas Dehn e Nicolas Andrade, ver um pouco de sua história, bem como de seus planos ambiciosos.


Metal Samsara: Bem, vocês já podem se considerar uma banda veterana e com um trabalho bem firme, mas que tal darem uma revisada breve na história do KAMALA para nossos leitores?

Raphael: Não achamos ainda que somos uma banda veterana. A banda foi formada em 2003 e desde lá, estamos sempre na ativa, mesmo com as trocas de integrantes, sempre com boa quantidade de shows pelo país, lançamentos de 3 álbuns e vídeos. O que acontece, é que temos essa boa freqüência de lançamentos, estes, que vêem recebendo criticas muito positivas da mídia e sempre conquistando novos fãs. Temos muitos objetivos ainda para alcançar e tempo de estrada para percorrer até ser uma banda veterana. 


Metal Samsara: Essa é daquelas perguntas bem clichês. Quais as influências da banda, sonora e liricamente falando?

Nicolas: Bom, no quesito sonoridade é bem complicado falar sobre influências, pois cada um de nós tem seus gostos e preferencias pessoais, mas acredito que essa variedade contribui muito para a construção das nossas músicas, do nosso estilo. Com relação as letras, nós costumamos buscar muitas referências sobre tudo que acontece no mundo, e falar também sobre as dificuldades das pessoas em resolver seus problemas por conta própria, aplicando nossas próprias visões sobre cada tema proposto, e muitas vezes estudando uma pouco mais a fundo cada ideia que pretendemos passar. Tudo tem que fazer muito sentido para nós antes de parar nos nossos CDs. 


Metal Samsara: Agora, que chegaram ao seu terceiro CD, qual é a sensação desses quase dez anos de estrada? E como vocês analisariam cada um de seus trabalhos em uma perspectiva dessa experiência adquirida? E em que vocês poderiam dizer que o som da banda evoluiu do Demo CD ‘Corrosive’ até ‘The Seven Deadly Chakras’?

Raphael: Vamos completar 10 anos em 2013. A sensação que temos é de a cada lançamento ter realmente evoluído e nunca buscando repetir o álbum anterior, e sim buscar novos caminhos e elementos para a nossa arte. Tudo aconteceu de forma bem natural, e quem acompanha nossa discografia, pode sentir esse amadurecimento e evolução a cada lançamento. Temos orgulho de todos os álbuns e já estamos trabalhando o próximo, paralelamente aos shows de divulgação do “The Seven Deadly Chakras”.


Metal Samsara: Por falar no novo CD, a questão abordada no título, o conceito hindu dos chacras que todos os humanos possuem, é bastante interessante, então, qual é o conceito por trás do nome do disco? Ele esboçaria um conceito por trás de todas as faixas, mesmo algo mais espiritualizado?

Nicolas: O conceito é bem simples, nós buscamos relacionar os Chakras e os pontos que os representam no corpo humano com os Pecados Capitais. É como se cada ponto que busca o equilíbrio pudesse ser desalinhado, destruído por conta de um pecado. Essa ideia nos intrigou e fez com que pesquisássemos mais sobre os temas propostos para traduzir isso tanto nas letras quanto nas músicas. Foi uma experiência muito interessante e que fez com que enxergássemos coisas que talvez não pudéssemos alcançar sem essa busca de conhecimento.


Metal Samsara: Pelo visto, apesar da banda manter certa estabilidade em sua formação, vocês, vez por outra, tem problemas com baixistas, o que parece ser algo comum no Brasil, porque parece que este tipo de músico é complicado de se lidar (risos). Como foi o processo de adaptação com o Diego Valente? Poderiam dizer que ele adicionou algo a mais à música da banda?

Raphael: Muitas bandas enfrentam o que passamos com essas trocas de membros. Chega uma fase em que a banda começa a crescer, precisar de mais dedicação do que no início, de mais tempo, e tudo mais... e muita coisa bate de frente com a vida pessoal, com o tempo de ficar longe das pessoas, lance de trabalho, então não é qualquer um que agüenta dar continuidade no trabalho. Temos uma ótima relação com todos nossos ex-membros, mas sempre em uma troca buscamos ter um “upgrade” e com o Diego Valente não foi diferente. Ele não gravou o último álbum, porém é um cara de muita personalidade, técnica, presença de palco, um timbre muito forte e experiência musical, pois teve por cerca de 4 anos, banda nos Estados Unidos. Sobre a adaptação, foi tudo bem tranqüilo. Ele surpreendeu pelo tempo em que aprendeu as músicas e pela segurança que tocou desde o primeiro show com a banda. Ele era exatamente o que o KAMALA procurava e o pessoal já está podendo sentir essa evolução nos shows de divulgação do “The Seven Deadly Chakras”.


Metal Samsara: Bem, a presença do Ricardo Piccoli (NR.: Produtor) nos três discos da banda mostra que ou ele é um produtor-fã que conhece bem o som da banda, ou então já virou membro da família (risos). Poderiam explicar como é essa relação com ele de tantos anos? E como é trabalhar com ele em estúdio?

Raphael: O Piccoli foi de fato a primeira pessoa a abrir as portas e reconhecer potencial no nosso trabalho. Ele é tudo que você falou, produtor, fã, um grande amigo, membro da família e também já foi baixista da banda no ano passado. Ele sabe extrair o melhor da banda sempre, tanto nos timbres como também na hora de filtrar o material que está sendo trabalhado. 


Metal Samsara: Em geral, as bandas mantêm parcerias com selos de forma constante, mas vocês, a cada CD é um selo diferente. Quais seriam os motivos para tanto?

Raphael: Unicamente por sempre buscar um suporte melhor para o lançamento. Claro que gostaríamos de manter uma parceria constante para os selos, assim como temos para os clipes, roupas e alguns outros patrocinadores. Quando o selo certo aparecer no nosso caminho, vamos desenvolver mais trabalhos a médio/longo prazo.


Metal Samsara: O vídeo de ‘The Fall’, além da ótima música, tem cenas fortes e bem pesadas, que muitas bandas evitam usar, como as cenas com violência e uso de drogas. E vocês foram justamente na via inversa (risos), então, qual a mensagem do vídeo, e como surgiu a ideia, e como foi a recepção dele? Já algo de certo para um novo vídeo para promover ‘The Seven Deadly Chakras’? 

Raphael: A música trata a queda da pessoa que escolhe o caminho das drogas. Poucas pessoas acham que é apologia, mas essas são as que não entenderam realmente a mensagem. O clipe é de fato um alerta. Curiosamente, ele foi censurado na MTV Brasil, pois falaram que era muito forte para a programação, devido as cenas fortes...mas queríamos esse resultado mesmo, um verdadeiro “tapa na cara” para acordar algumas pessoas que escolhem esse caminho ou que tem amigos/familiares envolvidos. Cada membro da banda participou como coadjuvante da história, que acontece na visão de primeira pessoa. O clipe foi produzido pelo Studio Kaiowas, produtora parceira que cuidou dos outros clipes e que está cuidando do primeiro vídeo clipe do novo álbum, para a faixa “Solar Plexus”.

Nicolas: Eu não acho que seja tão pesado assim a forma como tratamos o tema. Hoje em dias as campanhas contra o uso de drogas estão mais agressivas em todo o mundo. Acredito que como banda, como entretenimento, nós temos um papel muito importante perante o nosso público. Tudo que tratamos em nossas músicas são de certa forma, alertas para a sociedade sobre a forma com que ela vem lidando com certos problemas.


Metal Samsara: Voltando ao novo CD, outro ponto que chama bastante a atenção é justamente a arte, um trabalho muito bem feito de Luiz Moura. Como foi que surgiu a ideia da capa? Foi algo em comum entre vocês e ele, ou alguém teve maior influência na composição da capa?

Raphael: O Luiz além de guitarrista de uma banda que todos somos fãs, o THRIVEN, é um amigo de longa data e um artista sensacional. Ele que cuidou da arte dos 2 álbuns anteriores também e a visão/acabamento que ele coloca a cada novo lançamento, não apenas na capa e sim em todo encarte, é simplesmente maravilhosa. Buscamos sempre trazer artes que complementam as músicas e vice-versa. “The Seven Deadly Chakras” contém um encarte de 24 folhas, que forma o clima de todo trabalho.



Metal Samsara: Bem, já podem dizer como tem ido a venda do ‘The Seven Deadly Chakras’? E a recepção dos fãs e crítica?

Raphael: Ainda faltam muitas resenhas para sair, mas todas que já saíram elogiaram muito o álbum e a resposta dos fãs tem sido extremamente positivas também. Sem dúvida, com esse novo trabalho conquistamos novos fãs e sentimos que ele tem muito a render, pois está no começo do processo de divulgação (shows, entrevistas, resenhas...). Sobre as vendas, está sendo o álbum com melhores números, mesmo tendo apenas 4 meses de seu lançamento. Graças as vendas nos shows, distribuição da Voice Music e parceria com a MS Metal Records.


Metal Samsara: Bem, os shows devem estar chegando, logo, existem planos concertos para irem ao exterior, fazer uma excursão ou mesmo apresentações pontuais em grandes festivais por lá?

Raphael: Era para a banda fazer a turnê na Europa no final desse ano, mas como durante as gravações do clipe da “Solar Plexus” o Nicolas caiu e quebrou o cotovelo, tendo que colocar placa, pinos e prótese. Como foi algo muito grava, já saberíamos que para a época planejada, dificilmente poderíamos ter a banda completa para a turnê. Por causa disso, resolvemos planejar para o próximo ano. E estamos já vendo com algumas agências de booking, a melhor proposta. 


Metal Samsara: Vocês pertencem ao cast da MS Metal Press, uma agência que gerencia nomes grandes e bem estabelecidos da cena nacional, logo, como é esta parceria? E podem dizer que estão satisfeitos com o trabalho deles?

Raphael: Estamos a um tempo com a MS Metal Press e tem rolado legal a parceria. Além da assessoria, lançamos o novo trabalho no Brasil pelo selo da MS, a MS Metal Records em parceria da Voice Music, que está cuidando da distribuição. 


Metal Samsara: Agradecemos demais pela gentil atenção, e deixamos o espaço para sua mensagem aos seus fãs e leitores.

Nicolas: Obrigado, Metal Samsara, pela excelente entrevista, é sempre um prazer atender pessoas realmente engajadas como vocês, e obrigado a todos vocês leitores e fãs que acompanham e acreditam no nosso trabalho. Fiquem ligados nas nossas novidades através do nosso site www.kamala1.net e espero ver vocês nos nossos shows. Valeu!




O Metal Samsara agradece à MS Metal Press pela ajuda concedida para esta entrevista.
Comentários
0 Comentários

Comentário(s):