Independente - Nacional
Nota 9,5
Por Marcos Garcia
Um dos maiores prazeres que alguns nerds do Metal, inclusive
este que vos escreve, é aquele de ter em mãos o trabalho de uma banda que tenha
um som forte e agradável aos ouvidos (em termos de Metal), ao mesmo tempo em
que suas letras possuam proposta além dos velhos clichês líricos que já encheram
a paciência de muitos. E que prazer é poder ver um trabalho como este EP, United, da banda de Thrash Metal carioca Tamuya
Thrash Tribe.
Primeiramente, a banda apresenta um Thrash Metal forte,
pesado, denso, com claras influências da vertente mais melodioso dos EUA, mas
ao mesmo tempo, não perde a agressividade e impacto, com uma técnica elegante e
bela em um som extremamente encorpado e com fortes doses de emoção, e com
letras enfocando a cultura de nosso povo, tantas vezes desprezada e deixada de
lado, por mais bela que a mesma possa ser. Ou seja, vocais urrados com
categoria, guitarras que transitam por ótimas melodias e momentos mais agressivos,
cozinha firme nas bases rítmicas, mas mantendo bom nível técnico.
O EP inteiro é muito bom, e destacar esta ou aquela faixa é
injusto com a banda, já que Immortal King,
faixa de um vídeo da banda que deve estar para sair a qualquer momento, que tem
um andamento em ritmo mediano, e esbanja energia e sentimento, pois trata do
personagem histórico Zumbi de Palmares (mais informações aqui),
com guitarras muito boas; Agonising and
Insufferable, onde melodias e rispidez casam agradavelmente, em uma música
bem empolgante, e com ótimo trabalho da base rítmica; 1814, bem mais intensa e pesada, onde os vocais se sobressaem (esta
falando sobre o tráfico de escravos e movimentos de revolta devido aos maus
tratos sofridos), assim como em Missions,
com forte fundo histórico, tratando das missões, em uma crítica à catequese
excludente e devastadora da cultura praticada com o indígena brasileiro (aqui um texto sobre o assunto);
Uti Possidetis, outra bem intensa e
focada mais no peso e na climática; e Tamuya,
uma música muito intensa, pesada e com velocidade moderada, e o ponto
interessante é que o nome da faixa deriva daquela coligação de tribos indígenas
brasileiras, os Tamoios, cujo nome em tupi significa ‘os velhos, os idosos, os
anciãos’, em retaliação a ataques feitos com o objetivo de capturar índios para
o trabalho escravo (mais um texto aqui).
Sem dúvidas, mais um forte nome do Metal nacional, e uma
grata revelação.
1814
Tracklist:
01. Immortal King
02. Agonising and Insufferable
03. 1814
04. Missions
05. Uti Possidetis
06. Tamuya
Formação:
Luciano Vassan – Guitarra e Vocais
Leonardo Emmanoel – Guitarra
João Paulo Mugrabi – Baixo
Guilherme
Pollig – Bateria
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