Masque Records - Nacional
Nota 10
Por Marcos Garcia
Imaginem uma banda que é capaz de mesclar o que o Metal tem de melhor com elementos do Rock Progressivo, mais virtuosismo, mas sem ser enfadonhos, ou seja, o som que se ouve é pesado, denso, com fortes toques de emoção, bem tocado, elegante e nada convencional.
Não, não pensem mais, pois esta banda existe, é brasileira e se chama Blue Mammoth, que lançou seu primeiro CD no final de 2011, e leva o nome da banda.
Temos, antes de tudo, uma banda que não se limita aos padrões já existentes, pois é bastante ousada, logo, não tentem nem por um momento que seja rotulá-los, pois é perda de tempo, e que apresenta um trabalho artístico muito rico, pois o disco é conceitual, com três histórias diferentes, e o quarteto se preocupa, antes de tudo, em fazer algo com valor artístico elevado.
A produção sonora é cristalina, mostrando toda a riqueza musical deste quarteto, expondo cada elemento e nuance de sua essência sem nenhum tipo de problema, e vejam que cada faixa em si é um momento de extremo prazer aos ouvidos, especialmente os daqueles que buscam sempre por sonoridades novas e cheias de vida.
Analisar o trabalho dos rapazes necessita, antes de tudo, de muita paciência e atenção, para que nenhum mínimo elemento de sua música seja desprezado, mas o esforço é compensador, pois há tesouros maravilhosos em forma de música no disco, como na instrumental Overture, uma autêntica viagem progressiva bem feita e sólida, com teclados ‘wakemanianos’ e baixo abusando do virtuosismo e técnica; The King of Power mostra um lado um pouco mais pesado, com ótimas guitarras nas bases e solo, e vocais soberbos, em um festival de mudanças de andamentos e técnica refinada; a climática e trabalhada Winter Winds, com o baixo mais uma vez se sobressaindo bastante, fechando a primeira parte conceitual. Metamorphosis, que está desvinculada das histórias contadas, e é uma canção com um toque de Rock’n’Roll/Hard bem evidente, mas com as influências de Música Clássica claras em vários momentos, e novamente os teclados aparecem de forma magistral. A segunda parte conceitual se inicial em Growing, uma das maiores faixas do CD, com variações de momentos requeridos em uma música dessas dimensões, mas que de forma alguma cansa o ouvinte, muito pelo contrário, pois é tão rica em termos de qualidade que o tempo passa sem vermos, com belo solo de guitarra, presença de pianos, e uma bateria bastante técnica; a bela Who We Are, onde novamente os pianos aparecem, rica em arranjos de cordas e belas orquestrações; The Sun’s Face Through Dark Clouds já é uma típica canção progressiva, mas guitarras mais pesadas em riffs elegantes, com muito de Yes e Genesis, sem ser uma cópia, que encerra a história. Same Old Sad Tale é outra canção sem conexão com as histórias, mas de beleza ímpar. A terceira história, enfocando o célebre personagem Dom Quixote, do escritor espanhol Miguel de Cervantes, começa com Farewell My Lady, um início bem épico e forte, para logo entrar a forte e densa Hero, com belas guitarras limpas, inclusive o solo de guitarra é assim, em uma autêntica viagem densa e cheia de emoção; a bela, emotiva e curta Solitude, onde vemos o uso de flautas (duas, para ser exato), clavicórdio e celo, em uma faixa mais lenta, fechando o terceiro ato. Resurrection Day, outra balada, é forte e melodiosa, com muita elegância e merecedora de muitos elogios graças aos teclados, às guitarras dobradas em solos bem harmoniosos e pluralidade do vocalista André. Encerrando a obra, temos Infinite Strangers, uma canção um pouquinho menos complexa, usando muitos toques de Hard Rock e Folk Music, finalizando com um solo de tímpano.
Meus caros, depois disso tudo, o que podemos dizer desse CD que não seja ‘Bravo!’, e consta na lista dos 10 melhores de 2012 de muitos, sem sombra de dúvidas.
Growing
Tracklist:
Suite I – Blue Mammoth
01. Overture
02. The King of Power
03. Winter Winds
04. Coda
05. Metamorphosis
Suite II – The Rain of Changes - A Poet Spirit Voyage
06. Growin’
07. Who We Are
08. The Sun’s Face Through Dark Clouds
09. Same Old Sad Tale.
Suite III – Quixote's Dream
10. Farewell my Lady
11. Hero
12. Solitude
13. Resurrection Day
14. Infinite Strangers
Formação:
Andre Micheli – Teclados, vocal.
Cesar Aires – Guitarras, Coro.
Julian Quilodran – Baixo, violoncelo, flauta, coro.
Thiago Meyer – Bateria, coro.
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