2017
Selo: ShinigamiRecords / Nuclear Blast Brasil
Nacional
Nota: 10,0/10,0
Tracklist:
1. Clarity
Through Deprivation
2. The
Warmth Within the Dark
3. Your
Last Breaths
4. Return
to the Abyss
5. The
Violation
6. Of the
Dark Light
7. Some
Things Should Be Left Alone
8. Caught
Between Two Worlds
9. Epitaph
of the Credulous
Banda:
Frank Mullen - Vocais
Terrance Hobbs - Guitarras
Charlie Errigo - Guitarras
Derek Boyer - Baixo
Eric
Morotti - Bateria
Contatos:
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E-mail:
Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia
O tempo
passa.
Ele é fundamental como teste para se observar como uma banda
se comportará ao envelhecer. Alguns nunca mudam, outros perdem contatos com
suas raízes, mas existem aqueles que mantêm sua identidade a todo custo, mas sabendo
evoluir bem. E o SUFFOCATION, lendário quinteto de Long Island, Nova York (EUA)
é desses que foram se apurando conforme o tempo foi passando. Basta uma ouvida
em “...Of the Dark Light”, mais recente disco da banda, que a parceria entre a
Shinigami Records e a Nuclear Blast Brasil lançou por aqui, e entenderão o que
digo.
É de saltar os olhos como o Brutal/Technical Death Metal do
quinteto está cada vez mais opressivo e destruidor, mas ao mesmo tempo,
refinado, bem feito e elegante. Óbvio que o estilo que a banda começou nos anos
90 em “Effigy of the Forgotten” de 1991 e “Breeding the Spawn” de 1993 só foi
ficando mais apurado e consensual, sendo que a banda continua a mesma linha de “Pinnacle
of Bedlam”, ou seja, esporro sonoro de qualidade, muita técnica dissonante, e
tudo muito bem tocado, mas em favor da canção como um todo. Está soando coeso,
pesado e firme, mas com a personalidade do quinteto.
A qualidade sonora do disco é perfeita. O trabalho de Joe
Cincotta na gravação e produção, mais Zeuss na mixagem e na masterização deu
fruto. A sonoridade da banda, assim como em “Pinnacle of Bedlam” (onde Jon e
Zeuss também trabalharam) está translúcida de tão clara, mas isso nas mãos
desse quinteto só serviu para que a porradaria incessante e técnica deles
ficasse ainda mais intensa. Nenhum detalhe musical do disco é perdido (e olha
que não são poucos).
Além disso, a arte gráfica de Colin Marks para a capa é
linda, mostrando o tema lírico do disco: a transcendência do espírito da
matéria, apenas com um enfoque mais bruto, direcionado ao Death Metal.
Extremo e de muito bom gosto, “...Of the Dark Light” chega
para exterminar qualquer boato sobre a banda, e mostrar que o quinteto ainda é
dono de um dos maiores arsenais de brutalidade técnica do mundo. Os vocais de
Frank Mullen estão ótimos nesse timbre gutural tão característico (mas que é bem
claro, a ponto de se perceber a boa dicção dele); as guitarras do veterano Terrance
Hobbs e do novato Charlie Errigo estão disparando riffs excelentes e solos absurdamente
insanos, mas com arranjos jazzísticos e muita dissonância; e a base rítmica do
já calejado Derek Boyer (baixo) e do calouro Eric Morotti é algo de absurdo em
termos de técnica e peso, cheia de mudanças inesperadas de ritmo, blast beats
abusivamente velozes, gerando um granito em termos de solidez. O SUFFOCATION é único,
sempre imitado, nunca superado.
Apesar de tanta técnica, a assimilação de “...Of the Dark
Light” não é difícil. É ouvir e gamar de vez, especialmente por conta de
composições como a muralha de riffs graníticos de “Clarity Through Deprivation”
(Terrance e Charlie estão em excelente forma, com riffs muito técnicos e solos
doentios), a massa sonora veloz e empolgante de “The Warmth Within the Dark”
(como Frank está cantando em alto nível sobre o instrumental opressivo do
quinteto), o inferno de peso, técnica e andamento variado de “Your Last Breaths”
(como Derek e Eric estão formando uma base rítmica coesa e bem trabalhada, capaz
de deixar os ouvidos doendo pelos blast beats variados), a saraivada de riffs
brutais de “The Violation” e de “Of the Dark Light” (nessa, a cabeça chega a balançar
espontaneamente devido ao estágio de hipnose que essas guitarras incitam, sem
citar que as mudanças de ritmo são excelentes), o massacre sonoro imposto em “Some
Things Should Be Left Alone” e “Caught Between Two Worlds” (ambas com os vocais
roubando a cena de vez). Óbvio que a ótima “Epitaph of the Credulous”, do disco
“Breeding the Spawn”, merece citação, já que conforme o próprio Terrance deixa
claro em entrevista, a banda estava basicamente se desfazendo na época, e ouvi-la
nessa roupagem mais nova e com a formação tão justa é algo que não tem preço.
Dessa forma, após tantos boatos que cercaram a banda, Frank
cantou no disco e o SUFFOCATION cometeu um de seus melhores discos, se não for
o melhor. E se preparem, que eles estão vindo arrasar ouvidos no Brasil em
setembro. Mas até lá, vamos ouvindo “...Of the Dark Light”!