2017
Selo: Independente
Nacional
Nota: 10,0/10,0
Tracklist:
1. Hey!
2. Change
3. Wake Up!
4. Moving
On
5.
Mysterious
6. Heart As
One
7. What You
Waiting For
8. Shadows
9. Pain
Banda:
Thiago Bianchi - Vocais
Leo Mancini - Guitarras
Juninho Carelli - Teclados
Fernando Quesada - Baixo
Aquiles Priester - Bateria
Convidados:
Mark Orlando - Guitarras em "Wake Up".
Contato:
Site Oficial: http://noturnall.com/
Facebook: https://www.facebook.com/noturnallband/
Twitter: https://twitter.com/noturnall
Instagram: https://www.instagram.com/noturnall/
Bandcamp:
Assessoria: http://trmpress.com.br (TRM Press)
E-mail:
Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia
O Metal nacional é cheio de fofocas e intrigas, de
disse-me-disse isso ou manifestos de pura estupidez. É cansativo lidar com isso
todos os dias, mas é preciso compreender que existem artistas que se postam
acima de tantos problemas e tretas, e mesmo quando seus nomes são citados
nestas, lá vem eles dispostos a transformar toda esta negatividade em energia e
incentivo, e assim, estes criam álbuns fantásticos. E não é à toa que o
terceiro “full-length” do NOTURNALL, que se chama “9”, merece aplausos.
Antes de tudo, temos a fusão de 5 cabeças pensantes
diferentes, com 5 músicos cujo talento é inegável e já comprovado por público e
crítica. E nisso temos mais uma vez o bom e velho Heavy Metal moderno que já
conhecemos de “Noturnall” e “Back to Fuck You Up!”, apenas com uma leve
diferença: o lado mais melodioso da banda está mais evidenciado, e ao mesmo
tempo, a banda aposta em uma forma mais simples de fazer arranjos (embora
momentos mais elaborados estejam presentes aqui e ali, como são ouvidos em “Hey!”),
mas preservando a energia cativante de sempre, e cada refrão individualmente
soando único e empolgante.
E sim, eles acertaram a mão mais uma vez, pois o NOTURNALL
não é grande à toa.
A produção sonora está ótima, bem equilibrada no que tange o
peso e a clareza. O peso necessário para que as canções soem vivas e cheias de
energia, mas a clareza para que se possa compreender e assimilar o que o grupo
está fazendo. Desta forma, produção, mixagem, masterização e edição estão
feitas em alto nível.
No que tange à parte gráfica, se percebe claramente que mais
uma vez, o designer Carlos Fides (da Artside) evoca figuras e imagens que nos
remetem aos dois discos anteriores do quinteto, mas ao mesmo tempo, trazem a
icônica mascote da banda, ladeada por estandartes com o símbolo do NOTURNALL, e
ladeada pelas tábuas de 9 ensinamentos importantes, e que eles formam a espinha
dorsal para que evitemos o apocalipse descrito.
Como dito no início, o NOTURNALL chega em “9” com um formato
que privilegia o lado mais melodioso de sua música, onde o aspecto técnico deu
uma segurada. Mas isso não desmereceu em nada seu trabalho, só mostrou como o
grupo é versátil e sabe o que faz. Arranjos bem feitos, dinâmica perfeita dos
instrumentos entre si e com os vocais, e tudo para ser um dos grandes discos de
2017. E isso sem mencionar que cada letra nos trás um dos ensinamentos da banda
tornando “9” um disco positivo, que nos concede real vontade de viver em
plenitude, com um sorriso no rosto.
Esmiuçando:
“Hey!” (O Amor e a Vida acima de tudo - Toda vida neste
planeta deve ser respeitada e protegida) - Uma canção baseada em contrastes
entre momentos mais densos e pesados com outros mais melodiosos, um lindíssimo
refrão e bons momentos técnicos (como Fernando e Aquiles estão tocando muito
bem, formando uma base rítmica pesada, técnica e sólida).
“Change” (Preze o Amor acima de todas as coisas - Busque a
harmonia com o infinito) - Outra em que o peso e a melodia se mesclam de uma
forma harmoniosa e forte, além dos andamentos serem bem interessantes. A
agressividade aumenta um pouco, sendo que o refrão foca em belas melodias
vocais, além de ótimos backing vocals (Thiago sempre nos surpreende pela
versatilidade, e não é à toa que seu talento é tão reconhecido), sem contar que
os arranjos de teclado são muito bons (não adianta, pois Juninho Carelli sabe
quando ser essencial).
“Wake Up!” (Encontre um balanço perfeito e eterno com a
natureza - que sejam banidos os combustíveis fósseis, que exista respeito ao
meio ambiente, ao clima e etc..) - Ela começa com as guitarras de Leo
debulhando, e logo chega uma base bem técnica e pesada, lembrando bastante o
que o grupo fez em seus discos anteriores. Mas as linhas melodiosas durante o
refrão são excelentes, com um toque um pouco mais acessível. Mas outra vez, o
baixo está debulhando e bem evidente, assim como os teclados mais uma vez dão
aquele toque final de classe.
“Moving On” (Crie um novo governo representado por todas as
nações, com poder de governar todo mundo, mas ainda concedendo às nações
liberdade de governarem a si mesmas e resolvendo disputas externas em uma Corte
Mundial) - Uma canção que começa com melodias lentas e envolventes,
privilegiando bastante as partes vocais, para logo se tornar mais pesada e
ganchuda, e mais uma vez, um refrão bem melodioso, e as conduções da bateria
são ótimas, além de arranjos perfeitos das guitarras.
“Mysterious” (Invista primeiro em Educação, saúde e Ciência
- Foque na harmonia entre todas as etnias, gêneros, tribos e animais) - Uma canção
onde as guitarras criam harmonias incríveis junto com os teclados, com boa dose
de técnica e peso. Mas ao mesmo tempo, é a canção com uma atmosfera mais leve e
positiva, com enfoque em belas linhas melodiosas que beiram o Power Metal
melódico.
“Heart As One” (Que se crie um novo sistema financeiro,
baseado na ajuda mútua, colocando as necessidades humanas como principal
objetivo. A tecnologia é a chave) - Esta é uma das canções mais belas do disco,
sendo focada em instrumentos com timbres mais acústicos e limpos da guitarra e
do baixo. Mais um refrão daqueles que se ouve e não se esquece mais. E, além
disso, é a canção que a banda cedeu para que o dinheiro vinda das audições no
Spotify, Youtube, Deezer, iTunes seja revertido para a GRAAC (casa de apoio ao
adolescente e criança com câncer). Então, ouçam muito, à vontade e compartilhem
o quanto puderem.
“What You Waiting For” (Puna severamente os líderes
corruptos e todas as autoridades que abusarem do poder - Dependendo do nível do
crime, que sejam punidos com a morte) - Mais uma em que a banda tem um enfoque
melodioso e bem positivo. Andamentos firmes e tempos medianos, com o baixo fazendo
arranjos complexos, a bateria mostrando muito peso e técnica (que viradas!), arranjos
de primeira dos teclados (até mesmo alguns que aparentariam estar fora de
sintonia com a canção), e partes vocais incríveis.
“Shadows” (Acabe com todas as formas de controle em massa -
Trate as religiões, tradições e paixões de qualquer tipo com um alto nível de
temperança e paz) - Peso e agressividade no instrumental, vocais que transitam
entre o suave e o agressivo, belas partes de teclados criam uma música com vários
tempos quebrados (mas que só dão um toque a mais de qualidade à ela). Mais uma
vez, os teclados estão ótimos e as guitarras com riffs memoráveis e linhas
melódicas privilegiadas.
“Pain” (introduza a música e a meditação como principal guia
na vida - Pelo menos uma vez ao dia, medite e estude música) - O início é rico
com partes percussivas ótimas, além de linhas mais suaves e tenras que se
perpetuam por toda a canção. Refrão grudento, vocais em alto nível, lindas
partes de guitarras mais suaves, e tudo transformam a audição desta em um
momento de puro prazer.
No mais, o NOTURNALL faz aquilo que poucos fazem: compor com
talento, em alto nível (aproveitando a experiência e técnica de seus músicos),
e nos brinda com um dos grandes discos nacionais do ano. Sim, "9" e seus segredos (descubram, vale a pena o desafio) veio para ficar no topo.
E sobre tretas, deixe-as para lá... O quinteto mostra que usar isso como fonte de incentivo funciona muito bem. E ao invés de ofender o quinteto, que tal fazerem semearem algo de bom no mundo, como eles fazem?
Sigam os 9 Mandamentos, e chegarão lá!