2017
Selo: Shinigami Records
Nacional
Nota: 10,0/10,0
Tracklist:
Disco 1 (CD
- Reaching Into Infinity):
1. Reaching
Into Infinity
2. Ashes of
the Dawn
3.
Judgement Day
4. Astral
Empire
5. Curse of
Darkness
6. Silence
7. Midnight
Madness
8. War!
9. Land of
Shattered Dreams
10. The
Edge of the World
11. Our
Final Stand
12. Hatred
and Revenge
13. Evil
Dead
Disco 2
(DVD):
1. Holding
On
2. Heroes
of Our Time
3. Operation
Ground and Pound
4. Holding On (múltiplos pontos de vista)
5. Heroes of Our Time (múltiplos pontos de vista)
6. Operation
Ground and Pound (múltiplos pontos de vista)
Banda:
Marc Hudson
- Vocais
Herman Li -
Guitarras, backing vocals
Sam Totman
- Guitarras, backing vocals
Vadim
Pruzhanov - Teclados, backing vocals
Frédéric
Leclercq - Baixo, backing vocals, guitarras, chorais
Gee
Anzalone - Bateria, backing vocals
Convidados:
André Alvinzi -
Teclados adicionais, programação adicional
Francesco Ferrini - Orquestrações
Francesco Paoli - Orquestrações
Jon Phipps -
Orquestrações
Clive Nolan
- Backing vocals
Emily Alice
Ovenden - Backing vocals
Ronny
Milianowicz - Corais
Dagge
Hagelin - Corais
Contatos:
Site Oficial: http://www.dragonforce.com/
Facebook: https://www.facebook.com/dragonforce
Twitter: https://twitter.com/dragonforce
Instagram: https://www.instagram.com/DragonForceHQ/
Bandcamp:
Assessoria:
E-mail:
Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia
Uma coisa que deveria se aprender desde cedo no cenário Metal
é a questão do respeito ao trabalho alheio. Seja de revistas, sites, imprensa,
produtores, e mesmo bandas, as pessoas deveriam nutrir respeito pelo que cada
um faz. No tocante a bandas, é ainda pior: quantas e quantas não são as vezes
em que uma banda que gostamos não é ofendida por ter características
diferenciadas?
Talvez isso seja ranço de pessoas que gostariam que a música
como um todo permanecesse estática, sem se renovar, pois o novo irrita demais
aqueles que ficaram presos no tempo.
Mas ainda bem que existem bandas que fecham os ouvidos e
continuam seu trabalho, apesar das muitas críticas que sofrem (a maioria delas
sem sentido, baseadas em preconceitos pessoais de muitos). E fico pensando com
meus botões aqui o quanto o DRAGONFORCE suporta cada vez que lança um disco
novo. Mas a verdade seja dita: acertaram no alvo mais uma vez com “Reaching
Into Infinity”, seu mais novo disco, que a Shinigami Records acaba de lançar no
mercado nacional, na versão CD + DVD.
O estilo do sexteto não mudou praticamente nada em relação a
“Maximum Overload”, de 2014: ainda o bom e velho Extreme Power Metal veloz e
afinado de sempre. Os exageros técnicos são parte da personalidade musical
deles, logo, não temos pelo que nos queixar. Os “shreds” das guitarras, os
andamentos velozes (agora com muitos momentos mais comportados aqui e ali),
vocais com timbres variados e afiados, base rítmica sólida e com momentos
extremos. E que se diga de passagem: como o estilo da banda nos diverte, a
parte mais importante de qualquer trabalho musical que se preze.
E, além disso, “Reaching Into Infinity” é um disco altamente
divertido, com canções excelentes.
Jens Bogren, já conhecido produtor de Metal, trabalhou tanto
na produção como na mixagem de “Reaching Into Infinity” (mixou 11 faixas do disco,
de “Reaching Into Infinity” até “Our Final Stand”, sendo que “Hatred and
Revenge” e “Evil Dead” foram mixadas por Johan Örnborg), e a masterização ficou
nas mãos de Tony Lindgren. Desta forma, a sonoridade do disco é clara e
poderosa, valorizando muito as frequências mais altas, médias e baixas, e por
isso, o som que ouvimos está mais coeso e denso, mais cheio, digamos assim. Mas
o nível de detalhes que são ouvidos é bem grande.
A arte, por sua vez, é das melhores. Ainda seguindo um pouco
o estilo de “Maximum Overload” em termos de traços, a CadiesArt (que criou a capa, o encarte e o design)
fez um trabalho perfeito, e que no Digipack usado ficou lindo.
Quem se ame ou odeie o trabalho do sexteto, verdade seja
dita: o DRAGONFORCE não precisa provar seu valor a quem quer que seja. Ótimos arranjos,
boa dinâmica entre todos os instrumentos, orquestrações muito bem feitas,
vocais de primeira, base rítmica sólida e perfeita (a entrada de Gee Anzalone
deu uma energia nova e maior diversidade técnica na bateria, sem desmerecer seu
antecessor), os duetos insanos e “shreds” exagerados das guitarras... E agora,
com tudo muito audível (Jens Bogren is a genious!), podemos dizer que o sexto
chegou ao ápice, pois não há uma canção fraca ou que destoe das outras.
Por mera referência ao leitor, uma lista para as primeiras
audições:
“Ashes of the Dawn” - Uma música em que o andamento está em
uma velocidade mais branda do que o grupo está acostumado, mas existem aqueles
em que disparam. Belíssimo refrão, lindos vocais e backing vocals,
orquestrações fenomenais e guitarras perfeitas em riffs, solos (não dá para não
falar deles) e duetos envenenados. Uma típica música de abertura do sexteto.
“Judgement Day” - Nessa aqui, a velocidade já aumenta e a
música ganha intensidade e impacto. Mais uma vez, vocais de primeira, arranjos
maravilhosos dos teclados, um refrão de fácil assimilação, mas como Vadim (teclados),
Frédéric (baixo) e Gee (bateria) estão
bem em todos os momentos.
“Curse of Darkness” - Uma música bem mais focada em ser ganchuda
e envolvente que em exageros. É uma das mais simples do disco, mas mesmo assim,
fenomenal, já que prioriza o trabalho dos vocais, pois como Marc canta (sabendo
mudar os timbres de sua voz conforme a necessidade)!
“Silence” - Belíssima balada, algo que a banda sempre tentou,
mas nunca ficou 100% antes. Agora acertaram no alvo, com um belo trabalho em
termos de arranjos, guitarras limpas bem feitas, e um crescendo ótimo durante o
refrão.
“Midnight Madness” - Uma música no estilo mais tradicional
do DRAGONFORCE, mesmo com alguns momentos onde a velocidade cai um pouco. Óbvio
que a banda não encheu a música de arranjos exagerados, deixando-a mais enxuta
e acessível, o que casou perfeitamente. Reparem como as guitarras de Herman e
Sam estão maravilhosas, com arranjos mais simples nos riffs, duetos ótimos e
solos finíssimos (neles sim ambos cospem fogo).
“War!” - Aqui, a banda está com uma pegada mais seca,
agressiva e raivosa, mas com ótimas linhas melódicas. Belíssimo solo de
teclados, refrão ganchudo e belíssimos corais mais agressivos que encaixaram muito
bem. E justamente esse “outfit” mais agressivo faz com que os “shreds” das
guitarras soem perfeitos.
“Land of Shattered Dreams” - Ainda com peso, velocidade e
certa dose de agressividade, o sexteto criou uma música bem feita, com
acabamento muito bem feito em termos de arranjos, e a base rítmica está dando
um show de técnica e peso.
“The Edge of the World” - Uma música mais elegante, rica em
diversidade de andamentos, com lindas melodias, mas com sua dose certa de
agressividade. E existem momentos mais extremos, dignos de estarem no SINSAENUM
(outra banda de Frédéric), que mostram o DNA extremo do grupo (sim, extremo,
algo que comentarei mais abaixo). Teclados, guitarras e vocais fazendo a festa,
com belíssimo trabalho em mais de 11 minutos de música.
“Our Final Stand” - Fechando o disco, uma música ótima, em
que o passado e o presente da banda se encontram e mostram como “Reaching Into
Infinity” está delineando o futuro do grupo, com um jeitão enxuto, acessível e
muito bem feito, com vocais backing vocals e guitarras em alta performance,
mesmo durante as mudanças de andamento.
Acabou?
Que nada, a versão nacional tem duas canções bônus:
“Hatred and Revenge” - Essa tem a marca registrada do grupo,
mesmo com momentos com andamento mais comportado. É um Power Metal complexo,
bem tocado e com um trabalho perfeito das guitarras, do baixo e da bateria,
sempre em grande performance.
“Evil Dead” - Eu AVISEI que eles têm Metal extremo no DNA.
Sim, aqui temos uma versão Extreme Power Metal para o velho hino do DEATH, com
teclados e tudo. Fora Frédéric, para quem ainda não sabe, Sam e Herman tocaram
juntos em uma banda de Black Metal, o DEMONIAC. E como os vocais encaixaram bem
(uma vez que exploram timbres mais graves e mesmo agressivos), os “shreds” e
duetos de guitarras nos solos são excelentes, baixo e bateria galopando à
velocidade extrema, e teclados muito bem encaixados. “Ah, não pode!”, mas eles
puderam, logo, podem chorar os mais radicais.
O DVD tem canções ao vivo, gravadas na apresentação da banda
no Woodstock Festival, na Polônia, em 2016. Óbvio que vem aquela tentação de
comparar o que se ouve em estúdio com o ao vivo. O sentimento é que o grupo ao
vivo pode perder um pouco dos exageros do estúdio (se bem que eles reproduzem
quase tudo, 90% do que fazem em estúdio), mas ganham uma energia colossal,
absurda. E quem fica reparando muito em Sam e Herman, torcendo por erros ou
discrepâncias, a decepção é aguda: eles REALMENTE tocam tudo que tocam em
estúdio ao vivo!
“Holding On”, “Heroes of Our Time” e “Operation Ground and
Pound” são disponibilizadas em duas versões: a normal, com a visão de uma única
câmera por vez, e aquela em que quatro câmeras mostram a banda como um todo ao
mesmo tem (a tela é dividida em quatro, com quatro pontos de vista
simultâneos).
Não tem jeito: o DRAGONFORCE é uma banda fabulosa, merece
aplausos, e “Reaching Into Infinity” não é apenas um dos grandes discos de
2017, mas também alça o sexteto cada vez mais ao grupo seleto dos grandes nomes
do Metal.