2017
Selo: Shinigami Records
Nacional
Nota: 9,0/10,0
Tracklist:
1. Burn
2. Might Just Take Your Life
3. Lay Down, Stay Down
4. Mistreated
5. Smoke on the Water
6. You Fool No One/The Mule
7. Space Truckin’
Banda:
David Coverdale - Vocais
Ritchie Blackmore - Guitarras
Jon Lord - Teclados
Glenn Hughes - Baixo, vocais
Ian Paice - Bateria
Contatos:
Site Oficial: http://www.deeppurple.com/
Twitter: https://twitter.com/_DeepPurple
Instagram:
Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia
Poucas bandas podem bater no peito e dizer que são importantes na consolidação dos elementos do que formariam o Metal e o Hard Rock. Aliás, poucos são aqueles que possuem o status de ídolos do Rock eternos, cuja menção do nome é recebida com muita reverência. Um deles é o do quinteto Hertford (Inglaterra) DEEP PURPLE, que mesmo em meio a choques de ego e mudanças de formação, tem uma história recheada de discos clássicos e muitos shows. Aliás, o grupo ostenta uma das maiores discografias em termos de ao vivo de todo o Rock’n’Roll. E a Shinigami Records acaba de colocar no mercado brasileiro a versão em DVD de “California Jam 1974”.
Para quem não lembra ou não sabe, o California Jam foi um festival que aconteceu em Ontario, Califórnia, em 06/04/1974. O festival foi produzido pela ABC Entertainment, em conjunto com Sandy Feldman e Leonard Stogel. As partes de coordenação, booking das bandas e fez a divulgação foram responsabilidade da Pacific Presentations. O cast mataria qualquer radicalóide do coração:
RARE EARTH
EARTH, WIND & FIRE
EAGLES
SEALS AND CROFTS
BLACK OAK ARKANSAS
BLACK SABBATH
DEEP PURPLE
EMERSON, LAKE & PALMER
EARTH, WIND & FIRE
EAGLES
SEALS AND CROFTS
BLACK OAK ARKANSAS
BLACK SABBATH
DEEP PURPLE
EMERSON, LAKE & PALMER
Ao mesmo tempo, este foi um dos primeiros shows da MK III, trazendo os novatos David Coverdale e Glenn Hughes, além dos experientes Ritchie Blackmore, Jon Lord e Ian Pace. E apesar de tudo, o quinteto está com um desempenho excelente, mostrando que existia vida após Ian Gillan e Roger Glover terem saído (Glenn não para quieto). E nem é preciso dizer o estado de hipnose que o grupo exerceu sobre os 400.000 espetadores. Óbvio que existem os problemas de Ritchie ter posto fogo em uma parede de amplificadores e ter atingido uma câmera ao final do show, levando a banda a sair às pressas após deixar o palco, e de helicóptero, para não serem presos pelas autoridades locais.
Fora isso, este é um show maravilhoso, ainda mais com algumas melhorias introduzidas pelo moderno tratamento de imagens dado por Rolf Mehler (restauração) e Stephan Liehr (edição adicional), fora o som estar ótimo. E isso a partir de gravações dos anos 70. Logo, se preparem, pois alguns defeitos estão claros (como a sujeira na lente de uma câmera em “Burn”), e o som é o que já conhecemos de outras vezes: visceral, gorduroso, mas limpo, com o nível de qualidade que o grupo sempre impôs. Óbvio que alguns podem reclamar to trabalho feito, mas está excelente, sem sombra de dúvidas.
E o encarte trás muitas fotos da época, fora um longo depoimento Geoff Barton sobre o evento em si (que muitas vezes é comparado ao Woodstock Festival) e sobre o próprio show do DEEP PURPLE (as tretas entre eles e o EMERSON, LAKE & PALMER sobre quem seria o “headliner” são históricas).
O setlist tem sete canções, focadas bastante no recém-lançado “Burn” (que chegara às lojas em 15/02/1974), como a incendiária “Burn”, que mostra belíssimo desempenho de Glenn, mas ao olhar para Ian na bateria, se percebe o motivo dele ser um dos bateristas mais influentes do Metal, tanto por sua técnica como por sua pegada pesada (e um vídeo foi feito justamente dela para divulgação); “Might Just Take Your Life”, onde se percebe a força das teclas impostas por Jon Lord, bem como sua técnica (o homem não era de fazer pano de fundo para ninguém); a porrada Hard clássica de “Lay Down, Stay Down” (onde a diferença é feita pelas guitarras de Ritchie, que mostra toda sua versatilidade e veia Rocker), mesmo com alguns toques de Soul nos vocais de Glenn e David (e isso iria causar mais tarde a saída de Ritchie); a clássica e bluesy “Mistreated” (novamente, Ritchie faz a diferença com um riff bem peculiar, além de uma interpretação fenomenal de David), e “You Fool No One”. Mas existem aquelas canções que são indispensáveis nos shows do DEEP PURPLE, como o hino “Smoke on the Water”, onde a versão clássica é respeitada, mas o contraste entre o que foi feito pela MK II e a MK III fica explicitado, mas por isso mesmo, ótimo (e é interessante ver Jon sair de trás de seus teclados e vir falar com a audiência e apresentar a canção); o forte e acentuado toque de Blues e Soul, mais uma forte dose de improvisação presentes em “You Fool No One/The Mule”. Agora, “Space Truckin’”, emu ma tradição do Purple, dos meros quase cinco minutos da versão de estúdio (imortalizada em “Machine Head”) mais uma vez vira uma gigante de improvisação, atingindo mais de 25 minutos de duração, com belíssimos solos de Ritchie (se ele já foi chamado de “Don Juan das Seis Cordas” uma vez em uma antiga revista, aqui mostra o porquê merece este título) e Jon (o que ele faz naquele órgão velho dele é algo que muitos mais jovens, com tanta tecnologia, estão longe de fazer), partes bem espontâneas de Glenn no baixo e nos vocais (com muito groove em ambos), mas mais uma vez, o vigor de Ian é incrível em suas viradas e conduções, e David faz bonito quando exigido. Óbvio que as imagens do incêndio dos amplificadores, da guitarra sendo quebrada na câmera e jogada ao público, fora a destruição de parte dos amplificadores por Ritchie estão imortalizadas nessa faixa. Acho que ele estava em um dia bem humorado.
No mais, ainda existem cenas bônus gravadas com a chegada à cidade de avião para o California Jam, a montagem do palco e de toda estrutura sonora (que foi a melhor disponível até aquela época), cenas comentadas sobre o show e mesmo as partes da destruição feita por Ritchie.
No mais, “California Jam 1974” serve não apenas como um documentário sobre a força da MK III nos palcos, mas também como diversão garantida para todos.