2016
Nacional
Tracklist:
1. Random Acts of Senseless Violence
2. Fueled
3. King Size
4. Riding Shotgun
5. Perpetual Motion
6. In a Zone
7. Nothing
8. American Pompeii
9. Drop the Ball
10. Tester
11. Bare
Banda:
John Bush – Vocais
Scott Ian – Guitarra base, backing vocals
Frank Bello – Baixo, backing vocals
Charlie Benante – Bateria, guitarra solo
Contatos:
Nota:
Originalidade: 9
Composição: 8
Produção: 8
8/10
Se houve uma época difícil para o Metal norte-americano em geral, sem nenhuma fronteira, foi a primeira metade dos anos 90. Bandas do underground cessaram as atividades, as de porte mediano voltaram ao underground, e as grandes procuraram sobreviver como podiam, já que a invasão do Grunge e Alternativo, liderada a princípio pela leva de bandas de Seattle, as obrigou a tanto. O U.S. Metal, o Thrash e o Death Metal basicamente estavam em extinção, e nomes grandes desagradavam seus fãs mais antigos com discos que estavam antenados com aquela realidade. E talvez um dos mais afetados por isso tenha sido o ANTHRAX, lendário quinteto de Nova York, um dos criadores do Thrash Metal e membro do Big Four americano. Joey Belladonna foi despedido em 1992, encerrando a fase clássica do grupo, e em 1995, foi a vez do guitarrista Dan Spitz sair. Não foi à toa que o quinteto passou por maus bocados, e a recepção a “Stomp 442”, seu sétimo álbum de estúdio, não foi das melhores.
Mas a visão negativa de ser “a ovelha negra da discografia” do ANTHRAX é justa?
É preciso dizer que “Stomp 442”, segundo disco da banda com o vocalista John Bush (ex-ARMORED SAINT), continua carregado de muita influência do Rock alternativo em voga na época. Mas muito de sua estrutura melódica costumeira ainda dá as caras em algumas músicas. Outro ponto importante a ser citado é que boa parte dos solos de guitarra foram feitos por Charlie Benante. Mas tempos a participação de Paul Crook (que ficou na banda por anos como um “live member”) nos solos de “Random Acts of Senseless Violence”, “Riding Shotgun”, “In a Zone” e “Drop the Ball”; Mike Tempesta (que foi técnico de guitarra de Scott Ian por anos) em “American Pompeii”, e o saudoso Dimebag Darrell (PANTERA, DAMAGE PLAN) nos solos de “King Size” e “Riding Shotgun”.
A produção de “Stomp 442” é de Phil e Joe Nicolo (chamados no encarte de “The Butcher Brothers”, que ainda mixaram o disco) junto com o então quarteto, mais a masterização do experiente Bob Ludwig (que já havia trabalhado com DEF LEPPARD, 220 VOLT, ARMORED SAINT, além de ser vencedor de vários Technical Excellence & Creativity (TEC) Awards, bem como Grammy Awards e o Latin Grammy). Ou seja, não se pode reclamar do disco em termos de sonoridade, pois ela é pesada, densa e bem clara, com timbres que soam atuais até os dias de hoje.
A arte de Mark Fraser é a primeira (e única) em que o clássico logotipo da banda não está presente, e apesar de ser boa e estar antenada com o que o quinteto fez em “Stomp 442”, é estranha para o quarteto de Nova York, distante de tudo que haviam feito até então. Mais parecia que a banda queria mesmo romper com seu passado.
O que divide opiniões em “Stomp 442” e lhe rendeu o desprezo dos fãs é mesmo a música. Como dito acima, muito das linhas melódicas tradicionais da banda estão presentes (reparem alguns momentos em “Fueled”), alguns riffs ainda lembram a fase clássica. Mas as influências de Rock Alternativo e outros estilos em voga fizeram muitos torcerem o nariz. Tem gente que odeia o disco até os dias de hoje, mesmo tendo ouvido o álbum uma vez apenas.
Mas se justifica tanta revolta assim? Seria “Stomp 442” tão ruim assim?
A verdade é que o nome e o passado atrapalham o disco.
Há momentos ótimos em “Stomp 442”, especialmente se falarmos dos vocais de John (que é bem mais completo que Joey, me perdoem os fãs) estão ótimos. Mas faixas como a forte e pesada “Random Acts of Senseless Violence” (que apresenta um refrão provocativo e um trabalho ótimo de baixo e bateria), as guitarras agressivas de “Fueled” (aqui temos bastante elementos tradicionais do grupo, especialmente backings raivosos e aqueles riffs mais empolgantes), a azeda “King Size” (mais uma vez ótimas partes de guitarras, especialmente pelos solos de vocês-sabem-quem), as modernas e acessíveis “Perpetual Motion” e “Nothing” (reparem nos vocais de ambas, e verão que John realmente sabe usar sua voz); a clara influência do Metal Industrial em “Drop the Ball”, e a inesperada baladinha “Bare” são canção que nos fazem perceber hoje, 21 anos depois de seu lançamento, que ele é um disco injustiçado, justamente por ser o disco de uma banda famosa e com estilo consolidado. Mas aqui, o ANTHRAX se renovou, fez o que fez para sobreviver, mas sem perder sua dignidade.
Como ele foi relançado no mercado nacional ela parceria Shinigami Records/Nuclear Blast Brasil, é uma ótima aquisição, seja para conhecer melhor “Stomp 442”, seja para completar a coleção. Ou outro motivo que seja, mas é uma aquisição muito válida.
Texto: Marcos “Big Daddy” Garcia