2016
Nacional
Nota: 9,5/10,0
Músicas:
1. O Poder Invisível do Caminho Pervertido
2. Amentia Ludibrium Tenebris
3. My Call of Hate
4. Per Triangulum Autem Serpentis Nefarium
5. My Insanity Becomes Wisdom
6. Belial Dominus Deorum
Banda:
Lord Mephyr - Vocais, guitarras, teclados
Flagellum - Guitarras
Lord Morpheus - Baixo
Pestiferat XIII - Bateria, percussão
Contatos:
Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia
Como é sabido por todos quando o assunto é Black Metal, o Brasil é um dos países onde o estilo é feito de uma maneira diferente, mesmo com a influência musical vinda da Europa. Aqui, o Black Metal ganha contornos diferenciados, com toques ou de outros estilos de Metal ou com a energia e acentuado toque latino nas linhas melódicas. Isso transforma e adapta um gênero ao público de nosso país.
E com certeza, um dos nomes mais fortes do país é o do SPELL FOREST, experiente grupo de São Paulo, e que retorna com o ótimo "Amentia Ludibrium Tenebris", que a Drakkar Productions acaba de pôr nas prateleiras das lojas.
De certa forma, o grupo preferiu fazer algo um pouco mais climático e voltado às raízes do Black Metal, ou seja, ainda continua criativo e com muitas mudanças rítmicas, mas a atmosfera do álbum como um todo é soturna, densa e cheia de momentos sombrios. Algo que retoma o que a banda fazia em seus trabalhos iniciais, mas sem negar a experiência acumulada pelos anos, logo, é um disco bem tradicional em termos de Black Metal, mas muito criativo e melodioso.
Tendo a produção dividida por Lord Mephyr (vocalista, guitarrista e tecladista da banda) e Fabiano Penna (do REBAELLIUN), mais a mixagem de David Castillo, a sonoridade de "Amentia Ludibrium Tenebris" é seca, com timbres cortantes, ou seja, mantém aquela qualidade característica do Black Metal. Mas ao mesmo tempo, foi bem cuidada, permitindo que o ouvinte compreenda bem o que o quarteto está fazendo.
O trabalho gráfico, por sua vez, ficou de primeira, com tudo trabalhado em tons de preto, marrom e amarelo, dando uma visualização sinistra ao que a banda faz musicalmente. Ou seja, a arte visual feita por Rubens Snitram (da Azoth Artwork) se encaixou perfeitamente na música do SPELL FOREST.
Apesar de voltado ao trabalho que conhecemos da SWOBM, o SPELL FOREST não nega sua experiência ou mesmo sua capacidade de criar músicas diferenciadas, com arranjos de qualidade que são capazes de surpreender até mesmo os detratores do Black Metal. Arranjos de primeira, boa dinâmica entre guitarras e teclados (criando aquela aura sinistra e mórbida tão característica da banda), baixo e bateria sabendo criar momentos diferenciados nos tempos, e vocais rasgados bem tradicionais são os elementos da banda, que unidos, criam algo fenomenal.
Usando de canções longas, os melhores momentos do disco são:
"O Poder Invisível do Caminho Pervertido" - é uma introdução bem climática e soturna, capaz de deixar os fãs arrepiados.
"Amentia Ludibrium Tenebris" - Uma música agressiva e ríspida, cheia de mudanças de andamento (o que mostra como a base rítmica da banda é técnica e coesa), mais um trabalho excelente dos teclados (que com suas intervenções providenciais ajudam a reforçar a atmosfera opressiva da canção).
"My Call of Hate" - Mais uma vez, a agressividade é a tônica da música, mas o andamento não é tão veloz, embora bastante variado. E ela é cheia de passagens que nos empolgam, que nossos ouvidos captam e não esquecem mais, especialmente porque os trabalhos das guitarras e vocais estão de primeira linha.
"Per Triangulum Autem Serpentis Nefarium" - A banda usa uma pegada bem tradicional, onde mesmo os momentos mais rápidos estão próximos ao que a SWOBM ostentava em seu início. Mas o nível técnica é muito bom, mais uma vez se destacando o trabalho de primeira das guitarras em riffs sinistros à lá Euronymous.
"My Insanity Becomes Wisdom" - Aqui, impera aquele feeling melancólico e opressivo em meio a arranjos mais rápidos, mas com boas intervenções das guitarras, criando aquela aura macabra que o Black Metal brasileiro oferece sempre. Reparem que a dinâmica dos andamentos é fenomenal mais uma vez, indo de momentos bem velozes para outros mais soturnos sem pudor algum. E sempre muito criativo, especialmente porque baixo e bateria mais uma vez se destacam.
"Belial Dominus Deorum" - A velocidade dá espaço a uma música com enfoque mais cadenciado e arrastado. E isso cria algo ainda mais opressivo que antes, denso e climático, com a banda exibindo alguns momentos perfeitos nas guitarras, mas não se pode deixar de citar o quanto os vocais estão bem encaixados nessa música, que fecha o CD.
"Amentia Ludibrium Tenebris" é um ótimo CD, sem sombra de dúvidas, e existe em duas versões: a jewelcase e a edição Digipack (que é linda) em número bem limitado.
Corram logo, antes que acabem, pois este disco merece!