17 de set. de 2016

KING OF BONES - Don't Mess With The King (Álbum)



2016
Independente
Nacional

Nota: 10,0/10,0

Músicas:

1. Intro
2. No Way Out
3. Hold Me Closer
4. Wherever You Are
5. Walking on the Edge
6. Black Angel
7. Blinded By Faith
8. The World Goes Round
9. Goodbye Yesterday
10. Dry Your Eyes on Me
11. I Am
12. No More Lies
13. Point of No Return


Banda:


Júlio Federici - Vocal
Rene Matela - Guitarras
Rafael Vitor - Baixo
Renato Nassif - Bateria


Contatos:



Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


O famoso Hard Rock clássico, que pouco ou nada tem com o Glam Metal da Califórnia, é um estilo bem difícil de ser feito, verdade seja dita.

É que ele já foi tão tocado e experimentado nos anos 70 e 80 que exige bastante do músico em criar algo novo e diferente para si dentro do cenário. Mas há aqueles que são ousados, que arregaçam as mangas e encaram o desafio sem medo e com sangue nos olhos. E o quarteto paulista KING OF BONES é desses, uma vez que após a boa recepção de "We Are The Law", retornam com tudo com seu segundo álbum, chamado "Don't Mess With The King". Que é ótimo, por sinal.

A banda segue a mesma veia de antes: aquele Hard'n'Heavy pesado, que nos trás à mente nomes como BLUE MURDER, OZZY OSBOURNE, DIO e outras bandas da primeira metade dos anos 80. Mas é bom não irem pensando que eles fazem parte de algo Old School, pois o som do grupo soa moderno, cheio de vida e energia, com refrões excelentes e é mais grudento que chiclete quente no cabelo. E vai pegar todos que ouvirem o disco, com certeza!

A produção é do experiente Henrique Baboom, que faz trabalhos com artistas como PANZER. E obviamente a sonoridade da banda está mais seca e bem acabada, com cada instrumento em seu devido lugar e com o volume que merece. Mas mesmo limpo, a quantidade de peso e agressividade que a banda ganhou em relação a "We Are The Law" é sensível, sem contar que há um toque refinado muito bom, aquela elegância que a tudo permeia e é essencial.

Já a arte gráfica é um trabalho ótimo de Gustavo Sazes, que mais uma vez, fez algo surpreendente, retratando a corrupção em que nosso país está imerso. Reparem na testa de cada porco os detalhes escritos: "sua vida", "seu dinheiro", e para eles, não somos nada e pagamos a conta.

Surpreendentemente envolvente, "Don't Mess With The King" leva o KING OF BONES a um patamar diferenciado dentro do cenário brasileiro. É criativo, técnico na medida certa (reparem nos solos virtuosos), pesado e ardido, mas sempre melodioso. Os arranjos são certeiros, a dinâmica entre instrumentos e voz está de primeira, e o resultado final é maravilhoso, uma tentação para os ouvidos.

Embora o disco seja muito homogêneo dentro de suas 13 faixas, destacamos algumas:

"No Way Out" - É uma canção típica de abertura de disco. Instigante, recheada com belíssimos riffs e vocalizações ótimas (os timbres são excelentes), um refrão envolvente e certo swing que se agarra aos nossos ouvidos na primeira audição. E é incrível o trabalho dos vocais e das guitarras (timbres agressivos assim nesse estilo são bem difíceis de encontrar).

"Hold Me Closer" - Um autêntico arrasa-quarteirões bem grudento e pesado de doer. Mas a atmosfera musical é muito forte e extremamente sedutora, e é favorecida por mais um excelente refrão. E reparem como a cozinha rítmica da banda está ótima, assim como os riffs são maravilhosos.

"Wherever You Are" - E eles não cansam de nos surpreender positivamente. Mais uma vez, uma faixa que nos toma de assalto na primeira ouvida, graças à sua atmosfera um pouco mais amena e não tão dura como as anteriores. É onde se percebe que o quarteto é completamente descompromissado em termos estilísticos, mas sempre competente em suas composições, destacando-se uma vez mais o trabalho das guitarras.

"Walking on the Edge" - O andamento fica um pouco mais cadenciado, logo, o lado mais pesado da música do quarteto fica evidenciado. Mas isso não os impede de criar algo com muita classe e swing, algo sedutor e de bom gosto. E que vocais ótimos!

"Black Angel" - Ainda mais cadenciada e intimista, com momentos limpos contrastando com aqueles mais pesados e densos. E é fascinante a dinâmica que a banda sabe dar nas partes mais ganchudas, especialmente porque existem arranjos de teclados muito bons, uma participação especial de Fábio Ribeiro (REMOVE SILENCE, que já trabalhou com ANDRÉ MATOS, ANGRA, SHAMAN, A CHAVE DO SOL e outros).

"Blinded By Faith" - Uma faixa mais introspectiva, cheia de passagens densas e com aquele toque de melancolia já tão familiar aos fãs do gênero. É belíssima, uma jóia rara em termos musicais nos dias de hoje.

"Dry Your Eyes on Me" - Outra em que a modernidade e o clássico se encontram e se mesclam, criando algo diferente, com passagens pesadas onde o baixo impera, e outras mais pesadas. Ponto para o refrão de primeira e para esses arranjos providenciais de teclados.

"I Am" - Apesar de respeitar o estilão pesado do KING OF BONES, esta é uma canção um pouco mais acessível, cheia de ótimo trabalho de backing vocals, e um refrão grandioso que esbarra no Hard/AOR.

"Point of No Return" - Como esse andamento empolga, e nos trás à mente algo positivo em termos de energia e música. Mais uma vez, os arranjos de guitarra estão ótimos, e o vocal lança mão de uma diversidade de timbres ótima.

E embora não citada, o guitarrista André "Zaza" Hernandes faz uma participação especial em "The World Goes Round".

No mais, podemos garantir que se você gostou de "We Are The Law", vai amar ainda mais "Don't Mess With The King". 

Outro que vai entrar na lista dos melhores do ano.

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