2016
Independente
Nacional
Nota: 8,5/10,0
Músicas:
Parte I:
1. It Comes to Life
2. Bestowing Animation
3. Unexpected Dirge
Parte II:
4. Along The Way
5. Eve
6. Dead Womb
Parte III:
7. Deep Inside the Void
8. Cold Letters
9. Darkness & Distance
Banda:
Hugo Ali - Guitarras, vocais
César Schroeder - Guitarras
Denis Coelho - Baixo, vocais
Apache Moons - Bateria
|
Contatos:
Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia
O Brasil sempre revelou bandas ótimas.
Do velho ao novo, do melodioso ao brutal, do experimental ao ortodoxo, tudo se faz nessa Terra de Vera Cruz, mas que muitas vezes, o próprio headbanger brasileiro não consegue apreciar como deveria. Como disse sabiamente meu velho professor de Prática de Ensino, é muito difícil de quebrar concepções pré-estabelecidas.
Pobre banger que não sabe o que está perdendo...
E uma banda maravilhosa, com um som forte é o quarteto BROKEN & BURNT, do Espírito Santo, que chega mais uma vez, agora com "It Comes to Life", seu segundo disco, que é um passo adiante de "Let the Burning Being".
Desta vez, o grupo deu uma reinventada em seu próprio estilo, mas sem perder a essência do mesmo. Continua agressivo e abrasivo, azedo de doer os ouvidos mais incautos, aquela mistura de estilos que vão do Funeral Doom ao Groove Metal, e com alguns toques de bandas como ALICE IN CHAINS. E se preparem, pois o que os aguarda em "It Comes to Life" é música de primeiro nível.
Tendo as mãos de P. Lee Rockman e Igor Comério na produção, sendo que o último ainda fez a mixagem do CD, e a masterização de Ricardo Mendes, podemos dizer que o resultado final é muito bom: azedo, intenso e pesado, mas com qualidade e limpeza para que compreendamos o que a banda quer fazer de sua música. Os timbres estão bem escolhidos, e cada instrumento está em seu devido lugar.
A capa é de Gustavo Rodrigues, que mostra uma apresentação bem sinistra, onde se buscou uma aproximação subjetiva entre o conteúdo lírico e o aspecto musical do trabalho do BROKEN & BURNT. E ele acertou em cheio.
A música da banda é dinâmica, e bem arranjada, muitas vezes com toques experimentais (veja a instrumental "Eve", feita com efeitos sonoros e o baixo bem evidenciado, até que o restante dos instrumentos surja), e ainda possui a participação especial de Thaysa Bretz nos sintetizadores. E isso serve para dar corpo às letras do grupo, que foram inspiradas em "Frankenstein, ou o Moderno Prometeu", famoso livro da autora inglesa Mary Shelley.
O disco tem um nível de qualidade muito bem em termos de composição, mas as melhores são:
"It Comes to Life" - Arrastada e fúnebre, com um jeitão que mistura o peso cadenciado do BLACK SABBATH com alguns toques sutis do ALICE IN CHAINS. Os arranjos de guitarras são ótimos (os riffs são muito intensos), além de um trabalho ótimo dos vocais.
"Bestowing Animation" - Um pouco mais acelerada, esta é uma música cativante, com algumas mudanças de ritmo muito boas, com um trabalho muito bom de baixo e bateria.
"Unexpected Dirge" - Apesar de ser cadenciada, tem acentuada melodia sobre a camada de peso azedo que a banda impõe. Reparem bem como há momentos em que a guitarra nos embala perfeitamente, com esses riffs sinuosos em timbres bem brutos.
"Dead Womb" - Mais uma vez, a banda funde o peso soturno dos "founding fathers" de Birmingham com uma melodia mais moderna e introspectiva. Óbvio que a música nos ganha como um todo, onde cada um dos instrumentos está muito bem, mas os vocais estão ótimos, sabendo alternar os timbres agressivos conforme a música exige em suas passagens.
"Cold Letters" - A banda é ousada, pois esta é uma canção mais introspectiva, densa e muito soturna, graças aos arranjos um pouco mais limpos de guitarra. Mas não se iludam, pois não é uma baladinha Pop para chamar a atenção das pessoas, mas mostra a versatilidade da banda.
"Darkness & Distance" - Fechando o CD, temos uma canção bem forte, mais com belas melodias cheias de Groove e peso "sabbathiano". Mas mais uma vez, tenha cuidado, pois a banda sabe mudar os tempos conforme a música vai evoluindo, nos permitindo ver como é coesa e pesada a base rítmica do grupo.
No mais, "It Comes to Life" é um disco ótimo, fruto de muita luta. Logo, comprem logo suas cópias físicas do CD, e se preparem para verem os falantes derretendo em casa.