2016
Nacional
Nota: 8,5/10,0
Músicas:
1. Fetus Jejunii
2. Incomplete Evacuation
3. Hysterical Extraction of Facial Tissue
4. Intestinal Pestilence
5. Dissimultated Incubation and Maximum Infection
6. Phlatulent Manifestation of Alcaligenes Faecalis
7. Exposed Guts
8. Syndrome of Intensive Regurgitation
9. Attenuated Mutant Worms
10. Inquisitive Corporeal Recremation
11. Unfinished Radiation
12. Frenetic Fetishism for Human Pieces in
Decomposition
13. Human Limbs Mutilated
14. Circle Of Suffocation
15. Cannibal Zoophilism With Extreme Sexual Aberration
Bonus Tracks (Recorded At the "More Gore That Before Festival"):
16. Consummated Cancer
17. Ominous Lamentation
18. Fetus Jejunii
19. Hysterical Extraction of Facial Tissue
20. Inquisitive Corporeal Recremation
21. Cannibal Zoophilism With Extreme Sexual Aberration
22. Tips Trans Jugular Intra Hepatic Porta Tystematic
Schunts
23. Incomplete Evacuation
24. Intestinal Pestilence
25. Consummated Cancer
26. Human Limbs Mutilated
27. Cursed Bitch
28. Unfinished Radiation
29. Pyosisified (Rotten to the Gore)
30. Submerged in Diarrhea
31. From Deep Obscurity
32. Oral Sex With Decapited Female Head
Banda:
1995:
Robot - Baixo, vocais
Morto - Guitarras
Victor Rocco - Bateria
2016:
Robot - Baixo, vocais
Will "Sacer" Vieira - Guitarras
Márcio Cativeiro - Bateria
Contatos:
Ser pioneiro
não significa que as coisas são melhores ou mais simples. Longe disso: são
justamente aqueles que começam algo que mais se arrebentam com mil
dificuldades, e uma das piores é justamente não ser bem aceito por estar
expandindo fronteiras. Um grupo guerreiro, em geral, tem que se impor e mostrar
que não se render diante das dificuldades de seu tempo. E é assim, na marra, na
cara e na coragem, que grandes nomes que são vistos no cenário como influentes
se ergueram e chegaram lá. Alguns, diante de tanta dificuldade, cedem e param.
E é esse o
caso do GORE, de São Gonçalo (RJ),
um veterano com quase 30 anos de muita experiência e garra. E motivados pela
resposta em shows recentes, e com a parceria da Cold Arts Industry Records,
relançaram o clássico "Consumed by Slow Decay",
seu primeiro álbum. Mas esta versão tem algumas surpresas muito interessantes.
Antes de
tudo, o trio segue a mesma linha de bandas como o CARCASS (na época de seus dois primeiros discos), DISGORGE e outros: Goregrind sujo,
podre e sem limites em termos de tosqueira e agressividade. Mas verdade seja
dita: o que um fã pode esperar do gênero que não seja isso?
E, aliás, me
permitam dizer: é justamente dessa forma que se percebe o talento, a vontade e
pioneirismo da banda. Tudo bem que o disco originalmente é de 1996. E imaginem
o quanto o trio lutou no cenário até chegar a ele. Foram 10 anos de muito
sangue, suor e lágrimas com recursos bem mais limitados dos que existem hoje. E
isso no Brasil!
Gore |
Urros
guturais extremos e gritos estridentes, riffs de guitarra com uma distorção extrema,
com solos típicos do gênero, baixo e bateria soando pesados e bem entrosados, e
isso nos permite ver que a música do GORE
prima pela simplicidade, mas ao mesmo tempo, quem disse que para ser bom é
preciso ter complexidade técnica absurda? É brilhante como é!
O disco soa
bem aos ouvidos, já que o mesmo foi remasterizado em janeiro deste ano por Glésio
"Shitfun" Torres, e o áudio das faixas bônus teve toda edição
feita por Márcio Cativeiro (baterista atual) e Will "Sacer" Vieira
(guitarrista). Mesmo mantendo o charme tosco do original, soa bem aos ouvidos,
com maior definição sonora, mesmo nas faixas ao vivo (que não receberam nenhum
overdub ou regravação. É tudo artesanal, como foi captado no "More
Gore That Before Festival", em 07/11/2015).
Já a arte é
um atrativo à parte: ela foi toda refeita pela Cold Arts Industry, com direito
a depoimento de Robot (único membro que gravou o disco original que ainda permanece
na banda), várias fotos novas e da época, e tudo isso em papel couchet com
verniz, tudo muito caprichado.
Musicalmente,
pouco se precisa falar do GORE: é
sujo, podre, distorcido, mas feito com a sabedoria de quem conhece os caminhos
do Goregrind. É esporreira, porrada seca e direta na cara, sem dó dos mais
incautos. E isso com faixas curtas, diretas, sem firulas, onde os andamentos
mudam de forma insana. E por isso é tão bom.
"Fetus Jejunii", "Intestinal
Pestilence", "Dissimultated Incubation and Maximum
Infection", "Attenuated Mutant Worms",
e "Frenetic
Fetishism for Human Pieces in Decomposition" são testemunhos de uma
época bem intensa no underground carioca, todas elas com seu valor inerente. Mas evitem consultas às letras, pois
haja estômago para tanta podridão. Legistas vomitariam com facilidade!
Nas faixas ao
vivo, vemos a formação atual em ação.
É incrível
ver que a vontade, o tesão e força da música continuam ali, mesmo com a
formação sendo diferente. E tudo é feito sem overdubs, como dito acima,
deixando o trabalho mais espontâneo e solto, como visto em "Consummated Cancer"
e "Cannibal
Zoophilism With Extreme Sexual Aberration". E de quebra, temos "Ominous
Lamentation" do GENERAL
SURGERY, "Tips Trans Jugular Intra Hepatic Porta Tystematic Schunts"
do LYMPHATIC PHLEGM, e um dos hinos
da distorção abusiva e podreira absoluta, que é "Pyosisified (Rotten to the
Gore)", do CARCASS, e
cada uma delas em uma versão personalizada e muito criativa (coisa que o GORE cana de mostrar que sabe ser).
No mais,
parabéns à Cold Arts Industry pela aposta, e ao GORE por nos oferecer algo tão bom. E que venha logo o segundo
álbum!
Agora, com
licença, pois preciso ir pôr as tripas para fora de tanto vomitar!
Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia