2016
Nacional
Nota: 9,0/10,0
Músicas:
Disco 1:
1. Intro
2. Burn
3. Lady Luck
4. Getting Tighter
5. Love Child
6. Smoke on the Water/Georgia on My Mind
7. Lazy
8. Homeward Strut
Disco 2:
1. This Time Around
2. Owed to G
3. Guitar Solo Tommy Bolin
4. Stormbringer
5. Highway Star
Bônus (Live in Springfield 1976):
6. Smoke on the Water/Georgia on My Mind
7. Going Down
8. Highway Star
Banda:
David Coverdale - Vocais
Tommy Bolin - Guitarras
Glenn Hughes - Baixo, vocals adicionais
Jon Lord - Teclados
Ian Paice - Bateria
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Contatos:
Texto: Marcos "Big
Daddy" Garcia
O DEEP PURPLE é uma das bandas que menos
necessita de apresentações no mundo do Rock e do Metal. O nome da banda já está
consolidado como um dos pilares da criação do estilo, e sua importância não
pode ser medida em discos ou palavras. É algo quase que divino.
Mas o que
poucos das novas gerações saibam é o quão a trajetória da banda é marcada por brigas
homéricas, mudanças de formação e problemas infinitos, que só serão resolvidos
nos anos 90, com a entrada do guitarrista Steve Morse, que dará mais
tranqüilidade para o quinteto. Mas até ali, são históricos os pega-pra-capar
entre Ian Gillan e Ritchie Blackmore, ao mesmo tempo em
que o ego do guitarrista não admitia abrir mão de certas situações.
Nos anos 70,
mais especificamente, na época da Mark III, o guitarrista estava extremamente
descontente com o direcionamento que o DEEP
PURPLE estava tomando. Por conta das influências de Funk/Soul de David
Coverdale e Glenn Hughes, ele acaba saindo para se dedicar a sua carreira
no RAINBOW. Já o DEEP PURPLE não iria jogar a toalha tão
cedo, e trouxeram o guitarrista americano Tommy Bolin para cuidar das seis
cordas (que já havia tocado com feras como Billy Cobham, MAHAVISHNU ORCHESTRA, JAMES
GANG, entre outros). O resultado dessa fusão pode ser ouvido em "Come
Taste the Band", mas apesar disso, ouvir a banda ao vivo, para ver
como a MK IV, esta formação tão diferente das MK I e MK II, funcionaria. E
assim, "Live at Long Beach 1976", lançado no Brasil pela Shinigami
Records, responde claramente a esta dúvida.
O Purple
mostra-se vivo e revigorado, esbanjando influências mais voltadas ao Soul e ao
Blues, mas ainda assim, está bem mais virtuoso, tecnicamente falando. Óbvio que
a sonoridade da guitarra de Tommy é diferente da usada por Ritchie,
que perde em peso e agressividade, mas ganha em refinamento e elegância. Ao
mesmo tempo, as improvisações ao vivo estão aqui, e são uma característica
marcante do quinteto nessa época (dê uma ouvidinha em "Getting Tighter",
que de pouco mais de três minutos em sua versão de estúdio virou um gigante de
14 minutos, ou "Lazy", que chega a mais de 18 minutos!).
É óbvio
também que a banda está muito bem, já que o vício de Tommy em drogas pesadas
não estava afetando-o tanto assim, e ele mostra que foi uma boa escolha para
substituir Ritchie, que trouxe algo a mais para o Purple. David
Coverdale está muito bem com sua voz bluesy e sua comunicação com o
público, enquanto Glenn se mostra um baixista de primeira (e que voz
maravilhosa). Já os velhos Ian Paice e Jon Lord estão ainda melhores
em seus desempenhos do que já costumam ser. E isso torno o disco uma aquisição
obrigatória!
Em termos de
sonoridade, "Live at Long Beach Arena 1976" tem aquele feeling
orgânico e cru dos anos 70, algo óbvio para um disco ao vivo gravado na época.
Mas ao mesmo tempo, o trabalho de remasterização feito por Nick Watson merece
palmas, já que ele soube deixar tudo com uma sonoridade atualizada, mas sem
destruir o que foi feito na época.
Já o lado
artístico é todo feito em fotos da época, alguns cartazes e um longo (e
importante) depoimento de Geoff Barton (jornalista inglês que
fez parte do staff da revista Sounds e depois fundou a Kerrang!)
sobre aquela fase do Purple, mostrando que nem mesmo a banda estava feliz em
usar o nome DEEP PURPLE sem a figura
icônica de Ritchie.
Já
musicalmente, pouco é preciso falar do desempenho ao vivo da MK IV: como cada
formação do DEEP PURPLE, ela tem
suas diferenças e valores. O som mais bluesy agradou ao público, e basta ver
como eles mandam bem demais em canções como o hino "Burn" (que ficou
ótima, bem fiel à versão original no disco, mas mais comportada do que a ouvida
em "Made in Europe" e "Live in London". Glenn não grita tanto, mas em
compensação, improvisa bastante no baixo), a ótima "Getting Tighter"
(um show de improvisos em seus 14 minutos), a tradicional "Lazy" (que
chega a mais de 18 minutos!). Mas em hinos como "Smoke on the Water"
e "Highway
Star" é onde vemos o quando esta formação tinham potencial, devido
às influências diferentes de Glenn e
Tommy. E ainda temos "Georgia on My Mind", de Hoagy Carmichael (e eternizada por Ray Charles em uma bela versão), mostrando o quão o quinteto estava imerso no Blues/Soul na época.
No mais, "Live
at Long Beach Arena 1976" é um disco ao vivo à moda antiga, e por
isso, maravilhoso.