27 de jun. de 2016

DEEP PURPLE - LIVE AT LONG BEACH ARENA 1976 (Duplo CD ao vivo)


2016
Nacional

Nota: 9,0/10,0


Músicas:

Disco 1:

1. Intro
2. Burn
3. Lady Luck
4. Getting Tighter
5. Love Child
6. Smoke on the Water/Georgia on My Mind
7. Lazy
8. Homeward Strut

Disco 2:

1. This Time Around
2. Owed to G
3. Guitar Solo Tommy Bolin
4. Stormbringer
5. Highway Star

Bônus (Live in Springfield 1976):

6. Smoke on the Water/Georgia on My Mind
7. Going Down
8. Highway Star


Banda:

David Coverdale - Vocais
Tommy Bolin - Guitarras
Glenn Hughes - Baixo, vocals adicionais
Jon Lord - Teclados
Ian Paice - Bateria


Contatos:



Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia


O DEEP PURPLE é uma das bandas que menos necessita de apresentações no mundo do Rock e do Metal. O nome da banda já está consolidado como um dos pilares da criação do estilo, e sua importância não pode ser medida em discos ou palavras. É algo quase que divino.

Mas o que poucos das novas gerações saibam é o quão a trajetória da banda é marcada por brigas homéricas, mudanças de formação e problemas infinitos, que só serão resolvidos nos anos 90, com a entrada do guitarrista Steve Morse, que dará mais tranqüilidade para o quinteto. Mas até ali, são históricos os pega-pra-capar entre Ian Gillan e Ritchie Blackmore, ao mesmo tempo em que o ego do guitarrista não admitia abrir mão de certas situações.

Nos anos 70, mais especificamente, na época da Mark III, o guitarrista estava extremamente descontente com o direcionamento que o DEEP PURPLE estava tomando. Por conta das influências de Funk/Soul de David Coverdale e Glenn Hughes, ele acaba saindo para se dedicar a sua carreira no RAINBOW. Já o DEEP PURPLE não iria jogar a toalha tão cedo, e trouxeram o guitarrista americano Tommy Bolin para cuidar das seis cordas (que já havia tocado com feras como Billy Cobham, MAHAVISHNU ORCHESTRA, JAMES GANG, entre outros). O resultado dessa fusão pode ser ouvido em "Come Taste the Band", mas apesar disso, ouvir a banda ao vivo, para ver como a MK IV, esta formação tão diferente das MK I e MK II, funcionaria. E assim, "Live at Long Beach 1976", lançado no Brasil pela Shinigami Records, responde claramente a esta dúvida.

O Purple mostra-se vivo e revigorado, esbanjando influências mais voltadas ao Soul e ao Blues, mas ainda assim, está bem mais virtuoso, tecnicamente falando. Óbvio que a sonoridade da guitarra de Tommy é diferente da usada por Ritchie, que perde em peso e agressividade, mas ganha em refinamento e elegância. Ao mesmo tempo, as improvisações ao vivo estão aqui, e são uma característica marcante do quinteto nessa época (dê uma ouvidinha em "Getting Tighter", que de pouco mais de três minutos em sua versão de estúdio virou um gigante de 14 minutos, ou "Lazy", que chega a mais de 18 minutos!).

É óbvio também que a banda está muito bem, já que o vício de Tommy em drogas pesadas não estava afetando-o tanto assim, e ele mostra que foi uma boa escolha para substituir Ritchie, que trouxe algo a mais para o Purple. David Coverdale está muito bem com sua voz bluesy e sua comunicação com o público, enquanto Glenn se mostra um baixista de primeira (e que voz maravilhosa). Já os velhos Ian Paice e Jon Lord estão ainda melhores em seus desempenhos do que já costumam ser. E isso torno o disco uma aquisição obrigatória!

Em termos de sonoridade, "Live at Long Beach Arena 1976" tem aquele feeling orgânico e cru dos anos 70, algo óbvio para um disco ao vivo gravado na época. Mas ao mesmo tempo, o trabalho de remasterização feito por Nick Watson merece palmas, já que ele soube deixar tudo com uma sonoridade atualizada, mas sem destruir o que foi feito na época.

Já o lado artístico é todo feito em fotos da época, alguns cartazes e um longo (e importante) depoimento de Geoff Barton (jornalista inglês que fez parte do staff da revista Sounds e depois fundou a Kerrang!) sobre aquela fase do Purple, mostrando que nem mesmo a banda estava feliz em usar o nome DEEP PURPLE sem a figura icônica de Ritchie.

Já musicalmente, pouco é preciso falar do desempenho ao vivo da MK IV: como cada formação do DEEP PURPLE, ela tem suas diferenças e valores. O som mais bluesy agradou ao público, e basta ver como eles mandam bem demais em canções como o hino "Burn" (que ficou ótima, bem fiel à versão original no disco, mas mais comportada do que a ouvida em "Made in Europe" e "Live in London". Glenn não grita tanto, mas em compensação, improvisa bastante no baixo), a ótima "Getting Tighter" (um show de improvisos em seus 14 minutos), a tradicional "Lazy" (que chega a mais de 18 minutos!). Mas em hinos como "Smoke on the Water" e "Highway Star" é onde vemos o quando esta formação tinham potencial, devido às influências diferentes de Glenn e Tommy. E ainda temos "Georgia on My Mind", de Hoagy Carmichael (e eternizada por Ray Charles em uma bela versão), mostrando o quão o quinteto estava imerso no Blues/Soul na época.

No mais, "Live at Long Beach Arena 1976" é um disco ao vivo à moda antiga, e por isso, maravilhoso. 
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