2016
Importado
Nota: 10,0/10,0
Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia
Músicas:
1. Clavicula Salomonis
2. Of the Defunct
3. A Precipice Towards Abyssal Caves (Inmost Chasm, I)
4. Il Velo Delle Ombre
5. A Passage Through Abysmal Caverns (Inmost Chasm,
II)
6. Sealed in Black Moon and Saturn
7. Congressus cum Dæmone
8. Inno Alla Stagione Dell'Inverno (Fearbringer cover)
Banda:
Animæ -
Vocais
Ashes -
Guitarras
Nothingness -
Guitarras
Antarktica -
Teclados
Specter -
Baixo
Valentz -
Bateria
Contatos:
Desde que o
Metal se consolidou como gênero musical, ainda nos anos 70, a necessidade de
ser criativo, de ser diferenciado, é a motivação maior de muitas bandas. E
mesmo nos dias atuais, quando se questiona tanto o pensamento, as bandas de
maior sucesso e impacto ainda são aquelas que buscam se diferenciar no meio do
dilúvio mediano que vemos/ouvimos todos os dias.
E no meio de
tanto marasmo, bandas como o sexteto italiano DARKEND fazem a
diferença. Que o diga seu novo disco, "The
Canticle of Shadows", uma mostra de como ser criativo e se sobressair.
A banda faz
algo que podemos descrever como Symphonic Black Metal. A diferença é que a
banda usa e abusa de elementos diferentes, como alguns traços mais brutais do
Death Metal, excelentes melodias soturnas, mais elementos de música clássica,
ótimas orquestrações, partes cantadas em latim e mesmo a presença de Canto
Gregoriano em muitos momentos (um elemento costumeiro de sua música). Além
disso, a música do grupo é muito bem trabalhada, cheia de mudanças de ritmo, e
mais elementos soturnos que surgem e criam aquela atmosfera musical densa e
fúnebre em muitos momentos.
É diferente,
novo e fresco, algo que foge do ponto comum!
DarkEnd |
Em termos de
produção sonora, "The Canticle of Shadows" tem um equilíbrio bem feito
entre a agressividade, impacto e peso necessários para a banda mostrar suas
músicas do jeito como eles devem soar. Mas ao mesmo tempo, o nível de clareza é
muito bom, sem que as músicas soem emboladas. E em termos gráficos, a arte é de
primeira, soturna e introspectiva.
É preciso
citar que o trabalho do sexteto não é tão simples de assimilar devido à
qualidade técnica, mas os arranjos nos cativam logo na primeira audição, devido
ao esmero com que foram criados. A diversidade é enorme, e se isso não fosse
suficiente, ainda temos a participação de quatro convidados nos vocais: Niklas Kvarforth do SHINING em "A Passage Through Abysmal
Caverns (Inmost Chasm, II)";
o famigerado Attila Csihar do MAYHEM da as caras em "Of the Defunct" e "Sealed in Black Moon and Saturn";
Labes C. Necrothytus do ABYSMAL GRIEF em "Il Velo Delle Ombre", e Sakis Tolis do ROTTING
CHRIST surge em "Congressus cum
Dæmone".
O disco como
um todo é excelente, algo maravilhoso para os ouvidos de um fã de Metal.
"Clavicula Salomonis" -
Uma canção violenta e rápida, repleta de elementos musicais diversificados,
como passagens com Canto Gregoriano e ótimas orquestrações, com destaque
absoluto para a bateria de Valentz
(justamente onde toque de Death Metal surgem devido às suas conduções
extremamente velozes, em especial nos bumbos).
"Of the Defunct" - Esta já é uma canção mais sombria e
azeda, cheia de mudanças de ritmo, mas onde o grande destaque é o contraste
entre as vozes de Attila and Animæ (ambos têm formas bem
particulares de cantar), e isso em meio a uma tempestade furiosa de riffs
insanos.
"A Precipice Towards Abyssal
Caves (Inmost Chasm, I)"
- A violência musical abre espaço
para um lado mais sinistro e introspectivo, com conduções em tempos não tão
velozes. E é aí que o trabalho do tecladista Antarktica se mostra perfeito (ele é um mestre em arranjos soturnos,
e inclusive com a emulação de saxofones em muitos momentos).
"Il Velo Delle Ombre" - O momento mais tétrico e soturno do
disco. Semelhante a um hino religioso profano, a voz rasgada de Animæ e o canto sinistro de Labes oprimem e seduzem o ouvinte, fora
o trabalho de primeira de Specter no
baixo. Ponto curioso: o insert de um discurso do personagem Salvatore, um frade
Dolciniano demente e corcunda, logo em sua primeira aparição. Penitentiate, e
curvem-se à um salmo de pura escuridão.
"A Passage Through Abysmal
Caverns (Inmost Chasm, II)"
- A alternância entre momentos mais
velozes e outros mais climáticos é de primeira, com arranjos e riffs de
primeira, com Ashes e Nothingness criando melodias envolventes, e sem falar mais uma vez como o contraste
entre a voz rasgada e agressiva de Animæ
com os vocais mais limps de Niklas é
algo de enorme qualidade.
"Sealed in Black Moon and Saturn" -
Aqui, as estruturas dos arranjos são um pouco mais simples, se focando apenas
nas variações rítmicas e peso dado pelas guitarras, fora o trabalho excelente
dos teclados. E mais uma vez, Attila
mostra o porquê de ser considerado um dos melhores vocalistas do gênero, embora
Animæ também seja um cantor
diferenciado, usando boa diversidade de timbres agressivos.
"Congressus cum Dæmone" -
Outra faixa soturna e densa, com os andamentos (na maior parte do tempo) mais
lentos, embora momentos mais velozes surjam vez por outra. Óbvio que baixo e
bateria estão perfeitos, sem contar que a participação de Sakis deu uma enriquecida nos vocais.
"Inno Alla Stagione Dell'Inverno"
- Uma versão para uma
música do grupo conterrâneo FEARBRINGER,
outro nome excelente da cena italiana. Óbvio que a canção ganhou uma versão
mais agressiva, mas sem tirar o toque Pagan original. E como esse contraste de
vocais limpos e agressivos é fascinante, bem como os trabalhos de guitarras,
baixo, bateria e teclados souberam se adequar para o formato mais simples do
original, mas se não destoa, adiciona alguns elementos novos.
O grupo está
em um nível tão alto, tão diferenciado da maioria, que podemos dizer que eles estão
escrevendo o novo testamento do Black Metal, e sem medo do que os mais
puritanos vão achar.
Um dos
melhores lançamentos de 2016, se não for o melhor!
Peccatimi meum coram me est semper!!!!!