2016
Nacional
Nota: 10,0/10,0
Música:
1. Street Justice
2. Thru the Eyes
3. Mechanical Minds
4. Dark Days
5. Weapons of Intolerance
6. Dyed in Blood
7. Devil's Child
8. The Rotten Institution
9. Two-Faced Liar
10.
Corporation
Banda:
Cleber Orsioli - Vocais, guitarras
Francisco Stanich - Baixo, backing vocals
Elvis Santos - Bateria, backing vocals
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Contatos:
Em geral, o
segundo disco de uma banda representa sua afirmação. Sim, pois se o primeiro é
a apresentação, as pessoas querem ver se a banda não é apenas "fogo de
palha" de um disco só. Adicionem a isso a questão da banda ter em sua
formação músicos experientes, oriundos de bandas bem conhecidas no cenário.
Sentiram a
pressão que a banda deve suportar quando compõe e grava seu segundo disco?
Pois é, mas
tem gente que parece mesmo ser motivada pelas dificuldades, como o trio
paulista BLACKNING, que após a ótima
estréia em "Order of Chaos", de 2014, retorna espumando sua fúria
Thrasher com "AlieNation", seu novo trabalho, que acaba de sair do
forno.
O que temos
em "AlieNation"
é a continuação do estilo que a banda já mostrava em "Order of Chaos":
Thrash Metal agressivo e bem feito, com boas melodias, mudanças de ritmo de
alto nível, e mesmos toques mais extremos aqui e ali. A grande diferença do
anterior é que toda estrutura harmônica e melódica da banda está mais coesa,
mais sólida, e isso faz com que as canções do trio fluam de maneira mais espontânea.
Sim, o BLACKNING subiu mais um degrau em termos de qualidade.
A produção e
mixagem são de Fabiano Penna (guitarrista do REBAELLIUN), enquanto a masterização é de Neto Grous do estúdio Absolute Master. E o resultado é uma sonoridade seca,
agressiva e ríspida, próximo aos timbres que a banda reproduz ao vivo, e que
permite que o ouvinte perceba não só o trabalho instrumental da banda sem
dificuldades. Mas nem por isso ela deixa de ser pesada e de impacto.
Em termos de
arte, a apresentação de "AlieNation" é de
primeira. Um Digipack de três páginas permitiu que Marcus Zerma, da Black Blague Design, fizesse um trabalho
de primeira, que remete à arte de "Order of Chaos", mas dessa
vez, mais densa e com um significado bem claro: a manipulação.
Musicalmente,
o BLACKNING
amadureceu, pois o Thrash Metal da banda está bem mais coeso e mostrando uma
interessante influência de Crossover e mesmo HC em alguns pontos (como se pode
perceber nos riffs de "Street
Justice"), mas a banda está com arranjos musicais mais esmerados, e
tudo está com uma estética bem cuidada, sem que a banda perca sua agressividade
natural. E juntem a isso as participações especiais de Fabiano Penna nos backing
vocals (que ainda programou os samples do disco), além dos vocais adicionais de
André
Alves (guitarrista/vocalista do STATUES
ON FIRE) em "Corporation" e Lohy Silveira (baixista/vocalista do
REBAELLIUN) em "Devil's Child".
O resultado
disso é o que se vê nas 10 faixas de "AlieNation".
"Street Justice"
- o disco abre
com uma pancadaria rápida e veloz, forte e com boas mudanças de ritmo. O
impacto é bruto, e onde vemos um ótimo trabalho de Elvis na bateria,
especialmente nos bumbos e conduções.
"Thru the Eyes"
- Outra bicuda na
cara, rápida e instigante, com alguns riffs memoráveis e muita agressividade
nos vocais, mesmo sendo uma canção um pouco mais simples no tocante à técnica.
É incrível perceber como a banda sabe fazer músicas com mais simplicidade, mas
que nos seduzem nas primeiras audições.
"Mechanical Minds"
- Uma canção mais
cadenciada, azeda, e de muito peso. É justamente onde Francisco "Chicão"
mostra a força das quatro cordas da banda, e com Elvis, formam uma cozinha
rítmica de primeira. E que bela dinâmica de arranjos e ótimos backing vocals.
"Dark Days"- Outra com certa cadência, mas que
possui momentos mais rápidos. E justamente nas mudanças de ritmo, se percebe
como Cléber aparece bem com riffs de
primeira (e um solo inspirado), e Francisco tem seus momentos de
destaque. Uma das melhores do disco!
"Weapons of
Intolerance" - Uma
pegada também um pouco mais lenta nos andamentos no início, mas que logo ganha
mais velocidade e com boas variações rítmicas. E como os solos estão caprichados,
sem contar que as bases de guitarra estão fantásticas. Belo trabalho de Cleber mais uma vez, além de backing
vocals muito bem colocados.
"Dyed in Blood"
- Mais uma vez,
um início sombrio, onde o som um pouco mais distorcido do baixo dita as regras
e aparece muito bem, até que a velocidade aumenta, e o moshpit se torna
inevitável. Belas passagens de dois bumbos, backing vocals muito bons e os
vocais mostram seu valor.
"Devil's Child"
- A partir daqui,
temos uma quadra de músicas mais curtas (menos de três minutos de duração), e
essa é um Thrash ganchudo e furioso, cheio de energia, com um andamento mediano
que ganha velocidade em muitos momentos. E bateria exibe uma técnica de
primeira, em especial nos bumbos, além dos backing vocals estarem ótimos, além
da participação excelente dos vocais de Lohy.
"The Rotten
Institution" - A
aura mais voltada ao Crossover dá as caras, sem que a banda perca seu jeito
Thrasher. A velocidade se alia à técnica para criar uma canção de primeira,
recheada com um trabalho ótimo de baixo e bateria, mas com riffs insanos e certeiros.
Outra das mais ganchudas do CD.
"Two-Faced Liar"
- Outra explosão
de energia, com clara influência de HC e Crossover, apresentando ótimos vocais
e muita agressividade, mostrando que a bateria realmente está fantástica no
disco como um todo.
"Corporation" -
Rapaz, como a
banda capricha nos riffs! A porradaria come soltar, e mesmo sendo uma faixa com
técnica musica mais simples, mostra uma riqueza de arranjos interessantes, e a
participação de André nos vocais deu aquele toque a mais de agressividade.
Se ainda
sendo tão jovem, o BLACKNING é capaz de fazer um disco como
"AlieNation", o futuro reservado a eles deve ser brilhante!
Um dos
grandes discos de Thrash Metal do ano, sem sombra de dúvidas!
Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia