6 de jun. de 2016

AGONY VOICES - THE SIN (Álbum)


2016
Independente
Nacional

Nota: 8,5/10,0

Texto: Marcos "Big Daddy" Garcia

Músicas:

01. Lady of Valley
02. The Sin
03. Forest of Tears
04. Mistake of Life
05. Tombstone of Agony
06. Burning in Darkness
07. Forest of Tears (original track)


Banda:

Jonathan - Vocais
Barasko - Guitarras
Jr. Clock - Baixo
Luís - Bateria


Contatos:



Resenha: Hoje em dia, quando se fala em Doom Death Metal, o estilo já foi tão erodido pela prevalência de tantas bandas que, até certo ponto, pensa-se que ou ele está morto ou datado. A genialidade de bandas como MY DYING BRIDE, PARADISE LOST e ANATHEMA em seus primeiros discos, quando realmente a essência do Doom Death Metal era forte, anda meio sumida. Ou as bandas ganham padrões estéticos mais rebuscados, ou em alguns casos, mais suaves.

Ainda bem que no Brasil, existem bandas que se recusam a abrir mão da parte mais azeda e bruta do gênero, e como faz bem aos ouvidos e ao espírito bandas como o AGONY VOICES, de Blumenau (PR). Sim, pois "The Sin", de 2011, é um disco perfeito para aqueles que gostam daquela sonoridade sombria e soturna.

Sinistro e azedo até os dentes, o trabalho do grupo não se abstém de certo approach mais técnico, e mesmo de algumas ótimas melodias. Mas é de uma brutalidade e crueza que chegam a surpreender, e mesmo alguns momentos não tão cadenciados são cheios de um toque fúnebre de primeira. Se você vai procurar em "The Sin" algo mais suave, desista. Aqui, a banda foca toda sua criatividade em algo denso, introspectivo e ferozmente apegado às raízes do Doom Death Metal, mas ao mesmo tempo, eles conseguem mostrar uma personalidade extremamente forte.

Agony Voices
Gravado no Avantgarde Studio, em Curitiba, a sonoridade de "The Sin" é abusivamente intensa e pesada, mantendo a característica mais pesada e agressiva do gênero bem evidente. Até mesmo os timbres escolhidos pela banda são nesse sentido. Mas ao mesmo tempo, a banda soube equacionar bem a questão da sujeira necessária com a limpeza obrigatória, já que entendemos cada instrumento e arranjo musical.

Já a arte e layout são de Rodrigo Bueno. E trabalhando com poucos tons de marrom, amarelo e cinza, criou algo opressivo, que já deixa bem evidente a proposta musical do grupo.

Com faixas mais longas, o AGONY VOICES mostra sua vocação musical. Mas mesmo com a duração média de sete minutos por canção (exceto "The Sin", com seus pouco mais de cinco minutos), a banda mostra a capacidade de mudar de ritmo, de criar arranjos e momentos diferentes. Óbvio que o grupo pode render mais, pois tem potencial para isso, mas mesmo assim, "The Sin" é um ótimo disco, verdade seja dita.

"Lady of Valley" - O disco começa arrastado, azedo e muito pesado, mas ganha um pouco mais de velocidade em certo ponto, e como é bom poder ouvir essa diversidade de ritmos, mostrando o quanto baixo e bateria são importante no trabalho do grupo (e ambos ainda possuem uns toques mais técnicos que encaixam como uma luva na canção.

"The Sin" - Como dito antes, os timbres instrumentais foram escolhidos sabiamente, e vemos nesta canção o quanto, graças ao peso ácido que se funde à algumas melodias bem sombrias. O andamento é de fácil assimilação, e o trabalho dos vocais está muito bom (como sabem usar variações de timbres, em uma diversidade de gutural bem incomum).

"Forest of Tears" - O baixo dá o ponto de partida nesse cortejo fúnebre soturno, recheado de riffs de guitarra fortes e empolgantes. Há momentos com um pouco mais de velocidade, mas a agressividade e força melodiosa continuam presentes.

"Mistake of Life" - Assim como em "The Sin", esta também mostra uma noção de peso introspectivo ótima, além de muitos arranjos de primeira. Mais uma vez, baixo e bateria se sobressaem bastante.

"Tombstone of Agony" - Talvez o momento mais soturno de todo o disco, com uma atmosfera musical opressiva criada por melodias fúnebres das guitarras, além de mais um trabalho muito bom dos vocais. Mas há momentos em que o lado mais Death Metal tradicional do grupo é evidenciado, mas sem destoar de todo o contexto musical do grupo.

"Burning in Darkness" - Aqui, vemos o grupo usando de arranjos que apresentam algo mais puxado para o Death Metal tradicional, aquele mesmo dos anos 90, mais agressivo e ríspido, mas óbvio que há momentos mais soturnos e outros muito empolgantes. Haja pescoço!

"Forest of Tears" - Esta mostra uma versão mais suja da canção acima, apenas com o adicional de pianos. A sonoridade fica mais suja, dando a impressão que temos ou uma "rough mix" da mesma ou a versão retirada de um Demo CD. Mas o bom ver o quanto o grupo manteve sua identidade musical em ambas.

No mais, o AGONY VOICES é uma banda de primeira linha, e como dito antes, tende a render bem mais. Mas "The Sin" mostra que o agora quinteto (mais um guitarrista entrou banda após o lançamento do CD) sabe lidar com sua música, e nos brinda com algo de primeira.

Uma excelente revelação, diga-se de passagem!

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