2016
Independente
Nacional
Nota: 8,5/10,0
Texto:
Marcos "Big Daddy" Garcia
Músicas:
01. Lady of
Valley
02. The Sin
03. Forest
of Tears
04. Mistake
of Life
05.
Tombstone of Agony
06. Burning
in Darkness
07. Forest
of Tears (original track)
Banda:
Jonathan - Vocais
Barasko - Guitarras
Jr. Clock - Baixo
Luís - Bateria
Contatos:
Resenha: Hoje em dia, quando se fala em Doom Death Metal, o
estilo já foi tão erodido pela prevalência de tantas bandas que, até certo
ponto, pensa-se que ou ele está morto ou datado. A genialidade de bandas como
MY DYING BRIDE, PARADISE LOST e ANATHEMA em seus primeiros discos, quando
realmente a essência do Doom Death Metal era forte, anda meio sumida. Ou as
bandas ganham padrões estéticos mais rebuscados, ou em alguns casos, mais
suaves.
Ainda bem que no Brasil, existem bandas que se recusam a
abrir mão da parte mais azeda e bruta do gênero, e como faz bem aos ouvidos e
ao espírito bandas como o AGONY VOICES, de Blumenau (PR). Sim, pois "The
Sin", de 2011, é um disco perfeito para aqueles que gostam daquela sonoridade
sombria e soturna.
Sinistro e azedo até os dentes, o trabalho do grupo não se
abstém de certo approach mais técnico, e mesmo de algumas ótimas melodias. Mas
é de uma brutalidade e crueza que chegam a surpreender, e mesmo alguns momentos
não tão cadenciados são cheios de um toque fúnebre de primeira. Se você vai
procurar em "The Sin" algo mais suave, desista. Aqui, a banda foca
toda sua criatividade em algo denso, introspectivo e ferozmente apegado às
raízes do Doom Death Metal, mas ao mesmo tempo, eles conseguem mostrar uma
personalidade extremamente forte.
Agony Voices |
Gravado no Avantgarde Studio, em Curitiba, a sonoridade de "The
Sin" é abusivamente intensa e pesada, mantendo a característica mais pesada
e agressiva do gênero bem evidente. Até mesmo os timbres escolhidos pela banda
são nesse sentido. Mas ao mesmo tempo, a banda soube equacionar bem a questão
da sujeira necessária com a limpeza obrigatória, já que entendemos cada
instrumento e arranjo musical.
Já a arte e layout são de Rodrigo Bueno. E trabalhando com
poucos tons de marrom, amarelo e cinza, criou algo opressivo, que já deixa bem
evidente a proposta musical do grupo.
Com faixas mais longas, o AGONY VOICES mostra sua vocação
musical. Mas mesmo com a duração média de sete minutos por canção (exceto
"The Sin", com seus pouco mais de cinco minutos), a banda mostra a
capacidade de mudar de ritmo, de criar arranjos e momentos diferentes. Óbvio
que o grupo pode render mais, pois tem potencial para isso, mas mesmo assim,
"The Sin" é um ótimo disco, verdade seja dita.
"Lady of Valley" - O disco começa arrastado, azedo
e muito pesado, mas ganha um pouco mais de velocidade em certo ponto, e como é
bom poder ouvir essa diversidade de ritmos, mostrando o quanto baixo e bateria
são importante no trabalho do grupo (e ambos ainda possuem uns toques mais
técnicos que encaixam como uma luva na canção.
"The Sin" - Como dito antes, os timbres instrumentais
foram escolhidos sabiamente, e vemos nesta canção o quanto, graças ao peso
ácido que se funde à algumas melodias bem sombrias. O andamento é de fácil
assimilação, e o trabalho dos vocais está muito bom (como sabem usar variações
de timbres, em uma diversidade de gutural bem incomum).
"Forest of Tears" - O baixo dá o ponto de partida
nesse cortejo fúnebre soturno, recheado de riffs de guitarra fortes e
empolgantes. Há momentos com um pouco mais de velocidade, mas a agressividade e
força melodiosa continuam presentes.
"Mistake of Life" - Assim como em "The
Sin", esta também mostra uma noção de peso introspectivo ótima, além de
muitos arranjos de primeira. Mais uma vez, baixo e bateria se sobressaem
bastante.
"Tombstone of Agony" - Talvez o momento mais soturno
de todo o disco, com uma atmosfera musical opressiva criada por melodias fúnebres
das guitarras, além de mais um trabalho muito bom dos vocais. Mas há momentos
em que o lado mais Death Metal tradicional do grupo é evidenciado, mas sem
destoar de todo o contexto musical do grupo.
"Burning in Darkness" - Aqui, vemos o grupo usando
de arranjos que apresentam algo mais puxado para o Death Metal tradicional,
aquele mesmo dos anos 90, mais agressivo e ríspido, mas óbvio que há momentos
mais soturnos e outros muito empolgantes. Haja pescoço!
"Forest of Tears" - Esta mostra uma versão mais
suja da canção acima, apenas com o adicional de pianos. A sonoridade fica mais
suja, dando a impressão que temos ou uma "rough mix" da mesma ou a
versão retirada de um Demo CD. Mas o bom ver o quanto o grupo manteve sua identidade
musical em ambas.
No mais, o AGONY VOICES é uma banda de primeira linha, e
como dito antes, tende a render bem mais. Mas "The Sin" mostra que o agora quinteto (mais um guitarrista entrou banda após o lançamento do CD) sabe lidar com sua música, e nos brinda com algo de primeira.
Uma excelente revelação, diga-se de passagem!